Usamos cookies para personalizar e melhorar sua experiência em nosso site e aprimorar a oferta de anúncios para você. Visite nossa Política de Cookies para saber mais. Ao clicar em "aceitar" você concorda com o uso que fazemos dos cookies

Marca Bahia Notícias
Você está em:
/
Notícia
/
Política

Notícia

Inexperiente, Alberto Pimentel erra ao adotar 'bolsonarismo' na relação com vereadores

Por Fernando Duarte

Inexperiente, Alberto Pimentel erra ao adotar 'bolsonarismo' na relação com vereadores
Foto: Max Haack / Secom-PMS

O secretário Alberto Pimentel chegou na prefeitura de Salvador beneficiado com a onda bolsonarista das eleições de 2018. Marido da “deputada de Bolsonaro”, Dayane Pimentel, o titular da Secretaria de Trabalho, Esporte e Lazer achou que poderia seguir no ritmo de embate de Jair Bolsonaro com a chamada “velha política”, mesmo não tendo o traquejo e o respaldo necessários para ocupar uma função iminentemente política. O resultado foi a série de tensões entre Pimentel e os vereadores da capital baiana. Agora, “bombeiros” devem atuar para tentar evitar que uma crise de verdade se instale no Palácio Thomé de Souza.

 

As motivações públicas para a troca de farpas foram a nomeação extraoficial de um policial militar acusado de agressão à ex-namorada, as indicações de pseudo-revolucionários juvenis anticomunistas e a falta de trato nas atividades cotidianas da secretaria. No entanto, a crise passa também pela indelicadeza com que Pimentel fez a transição dentro da pasta, demitindo afilhados do ex-titular e agora presidente da Câmara, Geraldo Jr., e a maneira truculenta com que administrou os primeiros sinais de rusgas.

 

A parte que veio à tona é facilmente contornável. A indicação do PM pode ser revertida com um possível impedimento de cessão por parte do governo da Bahia – a resistência em ceder policiais para atividades administrativas não é nova. Os jovens defensores de Pinochet podem ser realocados em outros espaços de poder e passariam despercebidos. E o relacionamento da secretaria com os vereadores pode melhorar com Pimentel aceitando o fato de que política se constrói com diálogo e não com o modelo “cavalo do cão” adotado por Bolsonaro.

 

O desafio dos “bombeiros” é amolecer o coração de Geraldo Jr. O presidente do Legislativo deixou claro que Pimentel declarou guerra aos vereadores ao atacar a Câmara e o discurso corporativista tomou conta companheiros de Casa. Tanto que, mesmo entre os fiéis governistas, o secretário passou a ser alvo de pesadas críticas. Geraldinho apelou ao discurso de que é necessário “blindar” a Câmara diante dessa onda que tenta defenestrar a “velha política” e recebeu o apoio dos pares, ainda que as motivações envolvam a demissão de um aliado dele, responsável pela Central de Licenciamento de Eventos.

 

Caso o secretário tivesse baixado o tom quando os primeiros sinais de crise vieram a público, boa parte do que veio a seguir não teria acontecido. O problema é que Pimentel engrossou o pescoço antes de ter efetivamente esse direito. Chegou chutando a porta, acreditando que os votos de Bolsonaro e de Dayane seriam suficientes para dar respaldo político a ele. Nunca foi e nunca será dessa forma. Com tantos problemas no cenário nacional, uma secretaria em Salvador seria o menor dos problemas para o presidente da República. No máximo, se a saída dele se tornasse inevitável, haveria barulho nas redes sociais, capitaneado pela horda de seguidores de Dayane. E então o secretário voltaria a ser apenas o primeiro-marido do PSL na Bahia. Título este que, com certeza, estará em alta pelos próximos quatro anos ao menos.

 

Este texto integra o comentário desta sexta-feira (22) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para as rádios Excelsior, Irecê Líder FM, Clube FM e RB FM.