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Nelson Leal e a sobrevida para oposição na Assembleia Legislativa da Bahia

Por Fernando Duarte

Nelson Leal e a sobrevida para oposição na Assembleia Legislativa da Bahia
Foto: Lucas Arraz / Bahia Notícias

A oposição usou o instinto de sobrevivência de médio e longo prazo para escolher um lado na eleição para a presidência da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA). Informações obtidas pelo repórter Lucas Arraz confirmam a tese de que a minoria fez a opção por Nelson Leal (PP) antes mesmo do progressista receber a benção do governador Rui Costa (PT) para ser candidato único da base governista. Ao que parece, os oposicionistas miraram o alvo de maneira correta e garantiram o mínimo de espaço em um cenário de terra arrasada.

 

A não manifestação pública de apoio a Leal foi um sinal de que a oposição reconhece o caráter de “trator” com que Rui deve se relacionar com o parlamento a partir do próximo ano. O governador ameaçou retirar o aval para qualquer integrante da base que anunciasse o apoio da oposição antes de haver um acordo dentro do próprio grupo. Quando se calou, a minoria admitiu que preferia não entrar numa briga que não era dela e cujas consequências poderiam incluir uma redução ainda maior do poder que esse grupo terá na legislatura a se iniciar.

 

Mesmo sabendo que um racha na base do governo poderia beneficiar os oposicionistas, os deputados optaram por evitar criar uma tensão desnecessária e garantir um mínimo de interlocução na Assembleia. O atual presidente Angelo Coronel (PSD) chegou ao posto depois que a minoria tomou partido. Ao migrar para o agora senador, os parlamentares da minoria mudaram o equilíbrio de forças que, à época, tendia a manter o status quo de Marcelo Nilo (PSB), candidato à reeleição para o sexto mandato consecutivo. Passados dois anos, o fluxo de poder acabou alterado por um outro fator: o crescimento do PSD.

 

O partido controlado pelo senador Otto Alencar saiu dos pleitos de 2016 e 2018 com uma musculatura política robusta o suficiente para ameaçar a dicotomia entre PT e DEM na Bahia. A terceira força está rascunhada ao longo dos dois últimos pleitos e deve desaguar nas disputas vindouras como a maior força partidária do estado. Ao participar da “luta” para evitar a permanência do PSD no comando do Legislativo estadual, a oposição incorpora o espírito de partidos da própria base de Rui que tentam mitigar a expectativa de ampliação dos espaços sob o domínio dos social-democratas.

 

Como a oposição saiu do pleito de outubro menor do que chegou, era necessário administrar a eleição da Assembleia de maneira equilibrada para que o grupo conseguisse manter a proporcionalidade na Mesa Diretora e nas comissões. Como não se manifestou oficialmente a favor de nenhum dos candidatos, qualquer um que vencesse a disputa interna na base poderia negociar espaços para que o grupo não fosse completamente sufocado. Agora, depois que o acordo foi selado em torno de Nelson Leal, é mais confortável sentar para conversas mais objetivas sobre postos que os oposicionistas têm interesse em manter.

 

Enquanto o PP do futuro presidente do Legislativo baiano não for considerado um perigo iminente para a oposição, o melhor é tê-lo como amigo. Se bem que, como diria um velho ditado, manter os inimigos mais perto ainda é uma vantagem ainda maior...

 

Este texto integra o comentário desta sexta-feira (7) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para as rádios Excelsior, Irecê Líder FM, Clube FM e RB FM.