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Ataques a Lázaro mostram desconforto de governistas com desempenho de cantor

Por Fernando Duarte

Ataques a Lázaro mostram desconforto de governistas com desempenho de cantor
Foto: Max Haack / Ag. Haack / Bahia Notícias

Antes mesmo de ser confirmado como candidato ao Senado pelo PSC, o deputado federal Irmão Lázaro era alvo de críticas de potenciais adversários. Em um primeiro momento, o cantor quase foi retirado da chapa majoritária pelo fogo amigo de Jutahy Magalhães Jr. (PSDB), que tentava minar a candidatura competitiva de Lázaro. Nos últimos dias, no entanto, os ataques passaram a ter origem na chapa governista de Rui Costa (PT), sinalizando que há certo incômodo com o desempenho do social-cristão nas sondagens internas.

 

Lázaro se apresenta como novo. Não é novidade que ele incorpore o discurso de outsider mesmo tendo sido eleito deputado federal em 2014 e ocupado a Secretaria de Relações Institucionais da prefeitura de Salvador. A votação dele, todavia, é uma incógnita difícil de mensurar. Além de concentrar as atenções do público evangélico – cujo potencial eleitoral pode ser calculado com as sucessivas eleições de pastores e de nomes ligados ao segmento -, Lázaro ainda tem um público cativo da versão “estrela da música gospel”. Qualquer predição sobre o teto de crescimento dele é um exercício de futurologia que dificilmente um analista arriscaria cravar.

 

A candidatura do deputado-cantor é ligeiramente mais modesta que a dos demais adversários na propaganda eleitoral. Ao invés de aproveitar o apoio de Zé Ronaldo (DEM), por exemplo, Lázaro acabou obrigado a utilizar uma infraestrutura separada, o que deixa a sensação de independência. Parte disso é resultado da tensão entre o PSC e os demais integrantes da chapa, iniciada pela indicação de Lázaro e que culminou com a formação de uma chapinha nas eleições proporcionais.

 

Ainda que simule essa independência, Lázaro não representa nada novo. Tal qual os adversários com maior repercussão eleitoral, como Jutahy Jr., Jaques Wagner (PT) e Angelo Coronel (PSD). É um pouco de mais do mesmo, travestido por um invólucro que o maquia como diferente. Mas, até o momento, conseguiu se descolar da imagem de político tradicional e incorporou temas que agradam um eleitorado fiel, como a discussão sobre aborto ou legalização da maconha, por exemplo. Algo bem próximo ao discurso conservador que se prolifera fortemente nas eleições brasileiras de 2018.

 

Em conversas reservadas, líderes partidários do lado do governo e da oposição apontaram que, nos últimos dias, a tendência observada em sondagens era que Lázaro seria o candidato com maior potencial de queda de intenções de voto. Os recentes ataques desferidos pela campanha de Wagner e Coronel mostram que não parece ser bem assim. Existe um alerta claro de que ele é um adversário a ser batido e, para não parecer desleal em excesso, usam o próprio mandato na Câmara dos Deputados para tentar desconstruí-lo.

 

A tarefa não é simples. Faltam cerca de três semanas para as eleições e o número de eleitores indecisos começa a ficar mais escasso. O investimento busca então caçar votos daqueles que flertam com a candidatura do social-cristão, distribuídos entre evangélicos, fãs do cantor e pessoas que dizem ser contra o sistema político. Lázaro conversa bem com esses grupos e não apresenta sinais de esmaecimento.

 

Se na disputa majoritária para o governo do estado muitos já dão como favas contadas o resultado das urnas, o mesmo não dá para falar sobre a campanha para o Senado. Irmão Lázaro é um nome forte. E os adversários não esqueceram disso.

 

Este texto integra o comentário desta terça-feira (18) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para as rádios Excelsior, Irecê Líder FM, Clube FM e RB FM.