Conselheiro do TCE indica 'fortíssimos indícios de crime' na compra dos ferries; Seinfra nega
Por Fernando Duarte
Pedro Lino disse que documentos sugerem 'indícios de crime' | Foto: Re
A licitação para adquirir os dois novos ferries tem “fortíssimos indícios de crime”, segundo o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Pedro Lino. A Secretaria Estadual de Infraestrutura (Seinfra), responsável pela licitação, negou qualquer irregularidade. Relator da denúncia formalizada em novembro por Marcos Espinheira, representante das empresas gregas que desistiram de participar do processo licitatório, Lino afirmou ter identificado, mediante documentos apresentados, “fortes indícios de crime, de fraude à licitação”. “Encaminhei uma correspondência para os dois Ministérios Públicos (Federal e Estadual) dizendo que via na documentação juntada fortes indícios de crime, de fraude à licitação, sugerindo que agilizassem para tentar barrar o pagamento restante”, indicou o conselheiro do TCE. Segundo ele, o Ministério Público Federal (MPF) e o Ministério Público Estadual (MPE) receberam as correspondências na quinta (25) e sexta-feira (26). “Acho que a fraude envolve comércio internacional, então eu não sei qual dos dois ministérios públicos devem apreciar”, ponderou Lino.
Ferries chegaram à Bahia no final de agosto e devem entrar em operação neste domingo (28)
Foto: Carla Ornelas/GOVBA
Marcos Espinheira denunciou suposto esquema de fraude em novembro ao BN e reuniu documentos para anexar ao processo
Foto: Joaquim Castro/ Bahia Notícias
“A preocupação hoje é não deixar que pague os 35% que faltam. Doa a quem doer. Eles compraram de € 11 milhões por € 18 milhões. A Polícia Federal deve ser envolvida, pois nesse processo envolvendo uma terceira nação, a empresa portuguesa, que tem um patrimônio líquido que apresentou de apenas € 25 mil, multiplicado por três, dá R$ 75 mil para um negócio de R$ 54 milhões, não dá respaldo”, detalhou Espinheira. Segundo ele, além do governo da Bahia, o Banco do Brasil também deveria ser acionado. “O Banco do Brasil deveria ter analisado também através de uma due diligence [espécie de auditoria que subsidia um processo de compra e venda], que é um procedimento internacional”, sugere. Espinheira ressaltou ainda que, diferente da exigência do edital da licitação, a Happy Frontier não era proprietária dos navios – os documentos da Capitania Central do Porto de Pireu atestam que os barcos foram transferidos para a empresa portuguesa apenas em 22 de maio de 2014, mais de seis meses após a realização da licitação. “Ele fez um café com leite. Ele vendeu um preço fechado, € 18 milhões pelas duas”, questionou. “Eu não digo que alguém se apropriou desse recursos. € 6,5 milhões é o diferencial entre o preço, que seria suficiente para comprar três. Eu sei que o português embolsou. Mas eu não sou menino, há 65 anos, não posso ser ingênuo o suficiente que vai somente para o português”, acrescentou Espinheira.
Marcos Cavalcanti garante que o processo foi feito com "transparência e lisura"
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