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Bahia destaca 15 pesquisadores no ranking global dos cientistas mais influentes do mundo; veja os nomes

Por Ronne Oliveira

Imagem da sede de cada uma das universidades que apareceram no ranking
Foto: Montagem / Bahia Notícias

A Bahia teve pesquisadores incluídos na mais recente atualização da lista global dos cientistas mais influentes do mundo. O ranking é coordenado pela Universidade Stanford e contempla cem mil cientistas, avaliando o impacto das citações e o desempenho de carreira, organizado pela Editora Elsevier. Quinze nomes das universidades baianas apareceram em posições de destaque.

 

Os cientistas representam quatro das principais instituições de ensino e pesquisa do estado: a Universidade Federal da Bahia (Ufba), a Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), a Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) e a Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB).

 

Confira quantidade por estado: 

 

 

O Bahia Notícias (BN) teve acesso aos dados por completo. Tanto entre as 195 instituições brasileiras quanto entre as nordestinas, a maioria é formada por universidades públicas. Na Bahia, todas as instituições são dessa categoria, mas para alguns desses pesquisadores é preciso ser cético quanto a esses resultados.

 

“Não é suficiente. Há uma desistência em fazer pesquisa. Infelizmente, vivemos em um mundo que precisa de melhorias na sua vida. As pessoas brincam comigo: ‘Você é um bobo, rapaz, perdendo tempo com isso, vá ganhar dinheiro’. Preciso ter um consultório para viver. Ganho como professor, nada como pesquisador”, conta o baiano Matheus Pithon, listado no ranking.

 

O especialista na área de Odontologia, na Universidade do Sudoeste baiano, ressalta ainda que, dentro da realidade das estaduais, o apoio para pesquisa é ínfimo. “Nós temos muitos talentos aqui também. Falta incentivo tanto do governo federal quanto estadual”, avisa Pithon.

 

Em entrevista ao BN, a professora e química Luiza Mercante com seis anos atuando na Ufba na área de química industrial complementa sobre os mesmos desafios do setor federal: não há apoio ou financiamento adequado no país para auxiliar o setor científico sério.

 

“Na Bahia, temos grupos muito qualificados e produtivos, mas ainda precisamos de mais apoio institucional e de políticas públicas que valorizem e fortaleçam as [pesquisas realizadas no] estado”, alerta a professora Mercante.

 

Em âmbito nacional a Universidade de São Paulo (USP) e Unicamp tiveram melhores números com 286 e 107 pesquisadores respectivamente. No Nordeste, nenhuma instituição configurou entre as brasileiras com mais cientistas. 

 

“Nós temos grandes valores e talentos, diferenciando o estado de São Paulo da Bahia é incentivo, justamente para patrocinar pesquisas cientificas. Em São Paulo. 9,56% do ICMS [Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços] vai para a universidades paulistas, esse estado sai na frente justamente por isso”, explica Pithon.

 

Ainda falta apoio e valorização em fazer ciência no Brasil, como salienta o especialista em etnobiologia pela Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs). Isso quer dizer mais oportunidades e vagas para atuar no campo, como conta o doutor Eraldo Costa.

 

“Ainda é um desafio, o incentivo de concursos no setor. O ideal é uma revitalização do corpo docente. Sem professor produtivo, não vamos a canto nenhum. Falo isso como alguém que vive isso na pele. É preciso ter concurso, senão o curso fecha”, diz Eraldo Costa.

 

Vale observar que o ranking avalia o impacto das citações com dados atualizados até o final de agosto de 2025 e o desempenho de carreira. Após isso, é publicado no renomado repositório da Editora Elsevier. Ou seja, esse número muda constantemente e as posições não serão as mesmas ao fim do ano, embora seja um forte indicativo do grau de pesquisa e projetos atuantes na Bahia.

 

O chamado "c-score" é um indicador que mede o impacto real da produção científica. Ele considera a posição do autor nos artigos (como primeiro ou último autor), o número de citações recebidas e reduz o peso das autocitações. Ao invés de focar só na quantidade de publicações, o c-score destaca a relevância e o alcance da pesquisa no cenário global.

 

A lista reconhece os pesquisadores com alto c-score, um indicador que mede o impacto das publicações, dando peso maior à posição de autoria e menos ao simples número de artigos publicados. Diferente de métricas tradicionais que priorizam a quantidade de artigos (produtividade), o c-score avalia o impacto real da produção científica. Confira os nomes mais influentes por cada instituição baiana:

  • Universidade Federal da Bahia (UFBA)
    • Sérgio Luís Costa Ferreira (Química)

    • M. Dos S. Pereira (Saúde Pública e Serviços de Saúde)

    • Luiza A. Mercante (Química)

    • Federico Costa (Clínico da Saúde)

    • A. R. Duraes (Clínico da Saúde)

    • Mansueto G. Oliveira Gomes Neto (Clínico da Saúde)

    • Bruno Fonseca-Santos (Clínico da Saúde)

    • Daniel Véras Ribeiro (Tecnologias Habilitadoras e Estratégicas)

    • Antônio Alberto Da Silva Lopes (Clínico da Saúde)

    • Michael Holz (Ciências da Terra e Meio Ambiente)

    • Franklin Riet-Correa (Agricultura, Pesca e Silvicultura)

  • Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB)
    • Matheus Melo Pithon (Clínico da Saúde)

    • Marcos Almeida Bezerra (Química)

  • Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB)
    • Daniel Piotto (Biologia)

  • Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs)
    • Eraldo Medeiros Costa-Neto (Biologia)

 

O ranking seleciona os melhores cientistas globalmente ou aqueles classificados entre o top em seus respectivos campos de estudo, evidenciando a qualidade da pesquisa produzida na Bahia.

 

TALENTOS NA BAHIA
Para o futuro, ainda é preciso superar alguns desafios no setor do fazer ciência. Entre eles, alguns pensamentos que segregam futuros cientistas. No caso, para a professora Mercante, uma das duas mulheres na lista, há desafios para as próximas gerações de pesquisadoras. 


“Infelizmente, ainda existem desafios para as mulheres na ciência. Embora sejamos a maioria nas universidades, isso não se reflete nas posições de liderança dentro da carreira científica. Às jovens cientistas, eu diria: é importante sermos realistas e reconhecer que as dificuldades sempre existirão. Apesar dos obstáculos, precisamos seguir firmes em nossos objetivos e buscar apoio para superar essas barreiras”, incentiva a química.

 

Para professores como o biólogo Eraldo Costa, que trabalha com registro de plantas e insetos em diferentes comunidades, ainda é preciso que a universidade retorne seus trabalhos para o corpo social, por meio de melhorias de espaços públicos, como uma "via de mão dupla entre a universidade e a sociedade".

 

“Eu vejo ainda muito preconceito contra o Nordeste, contra as universidades públicas que aqui estão. Aqui nós fazemos pesquisa de ponta, ainda mais em extensão. Atuei em diferentes comunidades em municípios baianos: Paulo Afonso, Juazeiro, Anguera, entre tantos… Demanda da nossa parte [universidade] em fazer essa ponte, por exemplo, abrir e melhorar os museus, como o do Museu de Zoologia aqui em Feira de Santana e trazer um público externo para a universidade”, explica Eraldo Costa.

 

Disso, nenhum dos pesquisadores discorda. Ainda em entrevistas, todos os professores ouvidos pelo BN se dizem gratificados pela classificação e alertam que falta de incentivo é buraco claro que atrapalha o promissor fazer cientifico, seja em qualquer área.

 

“Acima de tudo, esse reconhecimento deixa uma mensagem para os alunos e jovens pesquisadores: precisamos ser resilientes. Trilhar uma carreira científica exige perseverança, mas cada conquista mostra que o esforço vale a pena”, finaliza a professora Mercante.

 

Ainda é necessário atrair novos nomes para o futuro. “Precisamos atrair novos talentos, com a consolidação de novas universidades como a nossa do sul da Bahia. Iniciativas como essas [ entrevista ao BN] são fundamentais, pois é preciso destacar que a interiorização das universidades é recente”, complementa o engenheiro Daniel Piotto da UFSB.

 

COMO É FEITO?
O ranking é coordenado por pesquisadores da Universidade de Stanford, liderados pelo Professor John P. A. Ioannidis, e usa como base o banco de dados Scopus. O que o torna único é o foco em um indicador composto, o c-score (composite score).

 

A inclusão nesta lista significa que os pesquisadores estão classificados entre o Top 100.000 cientistas globalmente ou entre o Top 2% de seus respectivos subcampos de estudo.

 

A excelência da pesquisa baiana abrange um amplo espectro de grandes áreas do conhecimento, demonstrando a multidisciplinaridade das instituições locais. A área de Clínica da Saúde lidera a representação do estado na lista. Veja a distribuição das Áreas de Especialidade:

  • Clínico da Saúde (5 pesquisadores)

  • Química (3 pesquisadores)

  • Biologia (2 pesquisadores)

  • Saúde Pública e Serviços de Saúde (1 pesquisador)

  • Tecnologias Habilitadoras e Estratégicas (1 pesquisador)

  • Ciências da Terra e Meio Ambiente (1 pesquisador)

  • Agricultura, Pesca e Silvicultura (1 pesquisador)

 

Mesmo em áreas não citadas, o fazer ciência ainda é importante para todo o país, como explica o professor baiano de Vitória da Conquista: "A ciência é como um grande muro, cada pesquisador vai lá e coloca um bloquinho, às vezes um coloca o bloco final e faz uma descoberta. Todo pesquisador faz um trabalho necessário, não estudamos sem motivo", ressalta Matheus Pithon.