Vereadores de Itapetinga pedem CPI para investigar ofício do prefeito solicitando intervenção do estado
Por Ronne Oliveira
A Câmara de Vereadores de Itapetinga, no médio sudoeste baiano, conseguiu apoio para a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) a fim de investigar um documento assinado pelo prefeito Eduardo Hagge (MDB) que pede intervenção do governador Jerônimo Rodrigues (PT). Em sessão realizada na manhã desta quarta-feira (06), o vereador Sidinei Mendes (PSD) solicitou o apoio da Casa Legislativa para instaurar uma CPI que investigue suposta ‘falsidade ideológica’.
“A CPI será fundamental para esclarecer a situação que está sendo investigada. Somos uma cidade que é para ser notícia como cidade polo, com obras do governo do estado, e não podemos ficar à margem do cenário baiano. Não sou defensor do prefeito, [tampouco] advogado dele — sou oposição. Respeito sua posição, mas só acreditarei quando ele se manifestar oficialmente com uma nota pública de defesa”, discursa o vereador.
A mobilização no Legislativo ocorre pouco tempo após a divulgação de um ofício que para parte dos vereadores seria “supostamente assinado pelo prefeito”, solicitando intervenção estadual no município. O pedido estaria relacionado ao acompanhamento de um processo eleitoral que trata da cassação do diploma de um vereador condenado à prisão por cuspir em um servidor público.
A situação causou polêmica no Legislativo. Parte dos vereadores acredita que o documento não foi assinado pelo prefeito e levantam a possibilidade de falsificação. Com isso, decidiram pela abertura da CPI para investigar se houve crime de falsidade ideológica, informações obtidas pelo Bahia Notícias entre os 15 vereadores, dez já demonstram apoio a CPI.
"Acredito que quem fez isso deve estar com os neurônios à flor da pele. Nós vamos saber quem é essa pessoa que pode fazer isso com qualquer um de nós que estamos aqui", comenta a vereadora Solange Santos (Solidariedade).
No ofício, atribuído ao gestor da cidade, há a defesa da "importância desse tema para a lisura e a estabilidade democrática" de Itapetinga e solicitou que fossem adotadas "medidas cabíveis, no âmbito das competências [do Governador], para que se mantenha a decisão já proferida pelo TRE-BA".
Vale lembrar que Sidinei Mendes, que propôs a CPI, é aliado do ex-vereador Diego Queiroz Rodrigues, conhecido como Diga Diga — justamente o político envolvido no processo de cassação. Ele teve a prisão decretada pela Vara Especializada de Itapetinga, que revogou uma pena anterior e determinou o cumprimento da sentença em regime fechado.
Durante a sessão, diversos vereadores usaram a tribuna para defender a abertura da CPI e negar qualquer envolvimento do prefeito na suposta solicitação de intervenção. O vereador, que é alvo do processo eleitoral, também já foi citado na Operação Overclean e chegou a ser investigado pela Polícia Federal.
"Eduardo [Prefeito] é um cara íntegro. Ele vem fazendo com sua equipe é para avançar Itapetinga. Mas depara com pessoas que envergonham a política. Respeita o nome do prefeito quem está fazendo de má-fé. Não querem destruir só o vereador, querem destruir a gestão Eduardo Hagge. Não podemos aceitar que malandros vão falsificar o nome do prefeito. Ele é íntegro", defende o vereador Anderson Cruz (União).
Em resposta à matéria publicada pelo Bahia Notícias, que repercutiu o conteúdo do ofício atribuído ao prefeito, os parlamentares reforçaram haver suspeita de falsificação e negaram que o gestor municipal tenha feito qualquer pedido formal de intervenção.
“As pessoas estão falsificando documentos em nome do prefeito para tentar tirar o mandato do vereador. Se algum suplente quiser a vaga, que lute nas urnas nas eleições de 2028. Deixem o vereador trabalhar”, finaliza o vereador Sidinei Mendes em defesa de seu colega de Câmara.
O Bahia Notícias procurou tanto o vereador Sidinei Mendes quanto o prefeito Eduardo Hagge para se manifestar sobre o caso. Até a publicação desta matéria, nenhum dos dois quis se pronunciar sobre o assunto, o espaço segue aberto.