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Robert Scheidt treina para Olimpíada e é inspiração para garotada do Campeonato Brasileiro de Optmist

Por Iga Bastianelli

Robert Scheidt treina para Olimpíada e é inspiração para garotada do Campeonato Brasileiro de Optmist
Foto: Daniel Nunez

Um dos atletas que mais acumula vitórias no esporte brasileiro, Robert Scheidt já ganhou cinco medalhas olímpicas, sendo duas de ouro. Atualmente ele é inspiração para os cerca de 140 velejadores com idades entre 9 e 14 anos que andam pelo Clube Veleiros do Sul e participam do 48º Campeonato Brasileiro da Classe Optimist. O evento que começou em 04 de janeiro e vai até o dia 14, acontece nas raias do Rio Guaíba, em Porto Alegre.  O “Mito”, como é carinhosamente chamado pela garotada, circula entre eles e segue dando exemplo de persistência e dedicação durante os treinos. Para quem não sabe Robert Scheidt começou no tênis e depois passou para a Vela. “A prática do tênis foi muito importante para mim porque tem um aspecto mental muito forte, muita força mental. Este aspecto da competição e treinamento diário me ajudaram muito quando eu mudei para vela”, disse ele. 

 

Confira os títulos de Scheidt:
5 medalhas olímpicas:
Ouro : Atlanta/96 e Atenas/2004 (ambas na Classe Laser)
Prata : Sidney/2000 (Laser) e Pequim/2008 (Star)
Bronze : Londres/2012 (Star) 

181 títulos - 89 internacionais e 92 nacionais.

 

“A raia aqui em Porto Alegre, nesta época do ano, tem bons ventos e o tempo quente. Vai ser muito bom para acostumar a velejar no calor, pois é o que devo encontrar na Austrália, em fevereiro, durante o Campeonato Mundial de Laser e nas Olimpíada no Japão, em julho”, disse ele.

 

Além de treinar para a sétima olimpíada dele que acontece em Tóquio, Scheidt acompanha o filho Erick que é um dos  veteranos da competição na classe Optmist. Ano passado, em Ilhabela, o garoto conquistou o título nacional entre os estreantes.

 

A Bahia, representada pelos atletas do Yacht Clube, levou para Porto Alegre com o apoio da CBC Vela 29 velejadores, quase todos decidiram pelo apoio, e mais 2 técnicos de vela Kim Vidal e Ícaro Felipe e o fisioterapeuta Vinícius Lago. Na categoria estreante que aconteceu de quatro a seis de janeiro o vice campeão foi o baiano João Roberto de Souza. O pequeno João surpreendeu pelo pouco tempo de vela e conquistou a todos da Flotilha Ogum Marinho do Yacht Clube. Participaram como estreantes: Bernardo Pauletti, Caio Britto, Carlos Henrique Krempser, Daniel Lopes, Daniel Solis Jacobina, Guilherme Costa Amaral, Henrique Campos, Jacques Prestes, João Roberto de Souza, Juliano Solis, Lavínia de Oliveira, Magno Macário, Maria Julia Chaves, Maria Luiza Scardino, Samuel Orrico e Sophia Borges.

 

Agora é a vez dos veteranos que já estão correndo as regatas e tentam garantir mais vagas no pódio até 14 de janeiro. Representando a Bahia estão entre os atletas veteranos de todo o Brasil: Catarina Robatto, João Britto, João Pedro de Carvalho, Juliana Borba Bastianelli, Maria Luiza Santos, Maria Martins Pontes, Pedro Araújo, Rafael Gordilho, Rafael Vial, Valentina Cunha, Victor Fontaine, Vitor Bahia, Vitor Fiuza.

 

De acordo com o diretor de vela do Yacht Clube da Bahia, Mauricio Cunha, este é um momento muito importante, “Se não me falha a memória foi a primeira vez que conseguimos levar tantos atletas para disputar um Campeonato Brasileiro de Optmist. Isto se deve a postura da nova diretoria do clube da qual faço parte em pensar em conjunto. Como velejador acredito que nosso nível técnico evolui quando estamos inseridos em grande flotilhas. Temos hoje uma das maiores flotilhas do Brasil e a Ogum Marinho está num novo momento de crescimento, amadurecimento e trará mais vitórias para a Bahia ” disse Maurício Cunha, diretor de Vela do Yacht Clube.

 

A editora do Bahia Noticias Mulher, Iga Bastianelli, que acompanha a competição conseguiu entrevistar Robert Scheidt nos intervalos dos treinos. Confira:
 


Eventos como este são importantes pois fortalecem a vela, certo? E para quem não conhece ainda muito sobre este esporte poderíamos comparar o Campeonato Brasileiro de Optmist com as divisões de base do futebol, aqui está o futuro da vela?

 

Sem dúvida a classe Optmist é a classe formadora, a classe mais numerosa do Brasil nos campeonatos regionais, estaduais e brasileiro, temos cerca de 170 jovens velejadores aqui de diversos estados. É a geração que vai estar disputando os jogos olímpicos e diversas competições importantes mundiais daqui a 6 e 10 anos. Então incentivar esta modalidade, esta classe é essencial para atrair cada vez mais gente. Estimular o esporte não só para competição e sim contribuir com a formação do caráter desta juventude, é um esporte extremamente educador pois interagimos o tempo todo com a natureza, é um esporte onde usamos a força do vento e a natureza.

 

 

O que precisa ser feito para incentivar mais ainda a Vela no país?

Eu acho que uma das coisas importantes a se falar não é só do esporte olímpico, mas a vela como meio de inserção social. Dar a chance da criança praticar uma atividade física é fortalecer o esporte na escola, acho que a é na escola onde pode ser plantada a semente ... não são todas as crianças que tem a chance de frequentar os clubes, que hoje em dia são os maiores formadores do esporte nacional, o esporte na escola tem que ter mais estrutura, mais profissionais, é preciso incentivar a pratica esportiva nas escolas.

 

Como tornar o esporte Vela mais acessível? É um esporte caro?

Acho que é caro em termos de competição, quando a criança começa a participar de campeonatos fora do Brasil ... mas para aprender não é tão caro ... existem escolas de vela no Brasil inteiro. Eu falo de São Paulo, por que sou de São Paulo, a gente tem na represa Guarapiranga diversas escolas de vela, onde você pode, sem ser sócio fazer um curso e aprender a velejar com 12 horas de treinamento. A partir deste momento você já pode comprar um barco usado e praticar este esporte, caro é o alto nível técnico, a formação de base não.

 

Como avalia o esporte Vela hoje no Brasil?

A Vela hoje depende muito do esforço que tem sido feito nos clubes e da CB Velas, e o apoio do Comitê Olímpico Brasileiro. Eu mesmo tenho muita gratidão de empresas que apostaram em mim, me deram a chance de ter o esporte da Vela como atividade fim na minha vida. No meu caso hoje tenho o apoio do Banco do Brasil e da Rolex.

Acho que para a Vela como um todo, atitudes como a entrada da CBC é muito saudável e ajuda na compra de equipamentos, contratação de profissionais, investe no nível técnico, é um fortalecimento para os clubes e para as escolas de Vela. Importante cada vez mais as crianças terem a chance de velejar. É o que acontece muito em Ilhabela.  Hoje em dia a gente tem a Escola de Vela de Ilhabela, numa escola municipal, que deu a chance para crianças do ensino público ... temos aqui nesta competição 10 crianças da EVI – Escol ade Vela de Ilhabela, com total apoio do município participando deste campeonato Brasileiro.

 

Em campeonatos como este podemos ver a participação ativa dos pais ... como atleta, que conselhos você poderia dar aos pais?

Até uma certa idade a presença dos pais faz a criança se sentir segura, ela está num local diferente, temperatura diferente, ajudar ela a se sentir segura e tranquila. Ponto muito importante. Meu filho Érick está competindo e no meu caso eu procuro não interferir na parte técnica ... é difícil, pois existe um envolvimento emocional forte, mas deixo na mão do técnico e confio nele, acho que no final o atleta aprende muito é através dos seus próprios erros.

 

Como de fato os pais podem contribuir? 

Dedicação, disciplina, acima de tudo gostar, ter prazer ... me deixa feliz ver meu filho ir para água com um sorriso no rosto, não é uma atividade pesada para ele, tendo esta visão, a criança vai evoluir e naturalmente os resultados vão aparecer.

Acho que o excesso de informação vindo dos pais atrapalha. A criança tem capacidade de acompanhar alguns pontos, não consegue assimilar muita informação. Com meu filho  tento não encher ele de informações, porque na verdade mais atrapalha do que ajuda, estou tranquilo que ele está em ótimas mãos. O técnico dele aqui é o Alexandre Paradeda, um companheiro meu da época que velejei de Optimist, ele é qualificado e sei que está em ótimas mãos.

 

O que diferencia um campeão olímpico? Como se tornar um campeão olímpico?

O ponto inicial é a criança ter este sonho, eu despertei este sonho dentro de mim quando comecei a velejar melhor com 13 ou 14 anos, quando comecei a assistir aos jogos olímpicos pela televisão daí eu vi o Joaquim Cruz, o Torben Grael ganhar uma medalha olímpica! O sonho não era do meu pai, da minha mãe, nem do meu irmão, era meu o sonho ...um desejo forte dentro de mim e comecei a persegui-lo, ter um propósito, disciplina dedicação ... sem um objetivo claro fica difícil alcançar, uma pitadinha de sorte também é muito importante para alavancar resultados. Ter prazer e a vontade de ser melhor a cada dia ... não se contentar, sempre buscar evoluir ... ser humilde não se achar melhor, mas ao mesmo tempo não se achar pior, acreditar, ter auto confiança, um aspecto muito importante para um atleta. Ele precisa saber que é capaz de superar qualquer barreira ... é um processo longo e árduo, mas se não fosse tão longo e árduo não seria tão gratificante!

 

Fale um pouco sobre a equipe brasileira de Vela que irá para olimpíadas este ano:

Acho que é uma equipe forte, as preferidas são Martina e Kaiena como grande favoritas. A Fernanda Oliveira e a Ana no 470 também. O Samuel e Gabriela aqui no Nakra, Jorginho, Patrícia e eu no Laser, uma equipe forte, uma mistura de gerações com jovens que estão participando da segunda olimpíada. Mas nas olimpíadas nunca temos certeza de coisa nenhuma, é a execução daquela semana que vai valer !

 

As meninas vem supreendendo? As vagas para meninas ainda são poucas comparadas com as dos meninos?

De uns anos para cá, cerca de 10 a 15 anos atrás, era 70 % das vagas para os homens e 30 % para as mulheres. Hoje em dia o Comitê Olímpico Internacional está buscando a paridade de 50%. E vamos ter esta paridade de novo nos jogos de Tóquio.

Existe muito mais possibilidade hoje das meninas participarem e fazerem parte da equipe olímpica. A gente tem classes mistas, como é o caso do Nakra o 470 que vai virar misto em 2024.

Então se eu fosse um dirigente esportivo apostaria muito nas meninas, nicho importante para conseguir formar uma geração de medalhistas no futuro!