Procuradores acusam Vale e BHP de conluio para reduzir indenização às vítimas de Mariana
por Folhapress

O MPF (Ministério Público Federal) acusou as mineradoras BHP e Vale de conluio com um advogado para reduzir a indenização de vítimas do rompimento de uma barragem de rejeitos em Mariana (MG) e de interferir em um processo judicial histórico que tramita no Reino Unido contra a primeira empresa.
O desastre ambiental é considerado o maior da história brasileira, por ter contaminado o rio Doce por centenas de quilômetros, do interior de Minas Gerais ao litoral do Espírito Santo.
Em um documento de 91 páginas anexado aos autos do processo nesta quinta-feira (22), procuradores de Minas criticaram um juiz que aceitou impor limites de compensação a nove requerentes e, depois, estendeu os limites para todas as vítimas de Baixo Guandu (ES), afetadas pelo rio de lama.
As reivindicações de danos morais foram limitadas a R$ 10 mil. Os procuradores afirmam que o juiz decidiu o caso sob sigilo, sem a devida participação do MPF, apesar dos pedidos para acesso.
"Há notícias de que os advogados e advogadas das comissões vêm distorcendo as razões da pretensão recursal com propagação de informações falsas e mal intencionadas e que só aumentam o sofrimento das vítimas", escreveram os procuradores em nota conjunta com a Defensoria Pública da União, o Ministério Público de Minas Gerais e a Defensoria Pública de Minas Gerais.
Eles pedem que o Tribunal respeite as indenizações arbitradas como parâmetros mínimos e que a Fundação Renova, criada para tocar o programa de reparação, continue com os pagamentos.
A decisão colocaria fim às responsabilidades da BHP, Vale e Samarco pelas vítimas que aceitarem a indenização, segundo os procuradores. Quem receber pagamentos com base na decisão não teria a oportunidade de pedir uma indenização adicional fora do país ou uma complementação futura, por exemplo.
"O processo de reparação está em curso. Portanto, exigir quitação geral ou o fim do cadastramento é considerado atitude ilegal e lesiva aos interesses das comunidades atingidas, na medida em que as consequências do desastre persistem na vida de milhares de pessoas, logo, pode ser necessária complementação de valores já pagos", afirmaram os procuradores.
Eles também criticaram as mineradoras por pressionar os moradores. "O tempo não pode ser utilizado como elemento de pressão para a almejada reparação. Sabemos do sofrimento e da aflição com a demora, acarretada exclusivamente pela postura das empresas Samarco, Vale, BHP e Fundação Renova, que não possuem compromisso com a celeridade do processo."
No início de outubro, o MPF já havia pedido o retorno de uma Ação Civil Pública que pode condenar as mineradoras ao pagamento de R$ 155 bilhões.
A anglo-australiana BHP também é objeto de uma ação judicial de 6,3 bilhões de dólares no Reino Unido, movida por 200 mil pessoas e grupos do Brasil.
Procuradas pela reportagem, a Vale e a BHP não responderam até esta publicação.
Notícias relacionadas
Notícias Mais Lidas da Semana
Podcasts

'Terceiro Turno': Vacinação começa (e a crise por mais vacinas também)
O Brasil presenciou nesta semana o início do fim da pandemia da Covid-19, que já causou 212 mil mortes no país. A vacina contra a infecção causada pelo novo coronavírus foi aprovada e distribuída aos estados e municípios. A tão esperada vacinação começou, causou momentos de muita emoção e alimentou a esperança da população brasileira, que até então só assistia outros países iniciarem a imunização. Mas o número de doses ainda é muito pequeno e está longe do necessário, até mesmo para a imunização do primeiro grupo prioritário. Até o momento não há qualquer definição sobre datas para que uma nova remessa de doses cheguem por aqui. No Terceiro Turno #61 os jornalistas Ailmas Teixeira, Bruno Luiz e Jade Coelho discutem a falta de definição para chegada de novas doses das vacinas, a burocracia da Anvisa e a aposta da Bahia no imunizante russo Sputinik V.
DESENVOLVIMENTO SALVANDO VIDAS
Ver maisFernando Duarte

Presidência da UPB deve movimentar negociações políticas
Outra disputa que deve movimentar o mundo político da Bahia nas próximas semanas é a eleição para a presidência da UPB, entidade que reúne os prefeitos dos 417 municípios. Após dois períodos sob a tutela de Eures Ribeiro (PSD), parece haver uma sinalização de que o comando do “sindicato” não deve continuar com os socialdemocratas. Porém não há uma clareza muito grande sobre quem estaria como favorito nesse embate.
Buscar
Enquete
Artigos
Queremos respeito à democracia e à diversidade religiosa
No nosso 21 de janeiro, Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, destacamos a importância do nobre debate que esta data provoca, as amplas reflexões e mobilizações por todo o Brasil. Em tempos propagação do ódio, desrespeito à Constituição Federal e violência contra a democracia, preferimos seguir dialogando, valorizando a vida, sua beleza e diversidade, a força e a fé da nossa gente. É dia de evocar o respeito à liberdade de crença ou, até mesmo, ao direito de não professar nenhuma fé.