Modo debug ativado. Para desativar, remova o parâmetro nvgoDebug da URL.

Usamos cookies para personalizar e melhorar sua experiência em nosso site e aprimorar a oferta de anúncios para você. Visite nossa Política de Cookies para saber mais. Ao clicar em "aceitar" você concorda com o uso que fazemos dos cookies

Marca Bahia Notícias

Notícia

Manobras retóricas são recicladas para justificar intervenções ilegais na América Latina, diz Lula

Por Ana Estela de Sousa Pinto | Folhapress

Manobras retóricas são recicladas para justificar intervenções ilegais na América Latina, diz Lula
Foto: Ricardo Stuckert/ PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que "velhas manobras retóricas" estão sendo usadas para justificar intervenções ilegais na América Latina, sem citar os Estados Unidos. A declaração foi dada neste domingo (9), na Colômbia, em discurso para uma plateia esvaziada de líderes na 4ª cúpula UE-Celac (União Europeia e da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos).
 

"A ameaça de uso da força militar voltou a fazer parte do cotidiano da América Latina e do Caribe. Velhas manobras retóricas são recicladas para justiçar intervenções ilegais. Somos uma região de paz e queremos permanecer em paz", afirmou Lula.
 

O brasileiro foi um dos poucos nomes de peso a participar do encontro, prejudicada pelo temor de diversos países de entrarem na mira do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump —que lançou ação militar no Caribe e impôs sanções contra o presidente colombiano, Gustavo Petro, cujo visto foi cancelado após participar de protesto pró-Palestina em Nova York.
 

A viagem de Lula, anunciada de última hora, teve como objetivo marcar posição sobre a mobilização militar americana contra a Venezuela. Depois de passar menos de quatro horas em solo colombiano, o presidente embarca de volta ao Brasil às 15h (horário de Brasília), antes do final da cúpula —antecipado da segunda (10) para este domingo às 19h30.
 

Os EUA vêm bombardeando embarcações nas águas da América do Sul nos últimos meses, sob a acusação de que atuam para grupos narcotraficantes da região (sem que existam provas disso).
 

Já foram mortas ao menos 66 pessoas nestes ataques, que aconteceram no Caribe e no oceano Pacífico. A ação militar, que envolve o envio de navios para o Caribe e caças para Porto Rico, é vista como forma de pressionar ditador Nicolás Maduro a deixar o poder. Trump afirma que o venezuelano lidera uma rede de tráfico de drogas chamada Cartel de los Soles, cuja existência é contestada por especialistas.
 

Apesar do discurso de Lula, a fragmentação política da Celac (que reúne os 33 países latino-americanos e caribenhos) torna extremamente improvável que o grupo costure uma posição de consenso contra a campanha de pressão militar americana contra Maduro.
 

A Celac já enfrentou recentemente dificuldades para debater a concentração de forças militares dos Estados Unidos na região. No início de setembro, durante uma reunião virtual, os países da organização tentaram negociar um comunicado conjunto que expressava "profunda preocupação com o recente destacamento militar extrarregional" na América Latina e no Caribe.
 

O texto também afirmava que a América Latina é uma zona de paz, regida por princípios como a solução pacífica de controvérsias e a proibição de ameaças de uso da força. Não havia na redação debatida qualquer referência direta a Trump ou aos EUA, mas mesmo assim países como Argentina, Paraguai, El Salvador e Peru, entre outros, optaram por não assiná-la.