Se Bolsonaro estivesse livre, sarava na hora, diz Valdemar sobre saúde de ex-presidente
Por Bruno Ribeiro / Juliana Arreguy | Folhapress
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, voltou a dizer que a saúde de Jair Bolsonaro (PL) preocupa, mas afirmou que o ex-presidente sararia imediatamente caso não estivesse em prisão domiciliar.
"[Ele está] muito abatido", disse. "Mas, se estivesse livre, ele sarava na hora. O estado moral dele é por causa disso", afirmou. "Ele não merece estar onde está. Como você se sentiria no lugar dele? [Isto] acaba com a pessoa. E ver o prestígio que ele tem? 'E eu não vou poder ser candidato?' [Alguém] que transfere quase 40% dos votos [para alguém apoiado por ele]."
Valdemar participou de um seminário do grupo Esfera Brasil, que reuniu presidentes de partidos de centro-direita, governadores e empresários em um hotel de luxo próximo ao parque Burle Marx, na zona sul de São Paulo.
No painel em que participou, ao lado de Gilberto Kassab (PSD), Antônio Rueda (União Brasil), Renata Abreu (Podemos) e Baleia Rossi (MDB), Valdemar havia defendido o papel que Bolsonaro tem de transferir votos para um eventual adversário de Lula (PT).
"O Bolsonaro tem grande chance de ser candidato. Por quê? Porque tem. Eu não vejo, não tem como condená-lo. Eles vão ter que discutir o golpe, que eles chamam de golpe. Que eram 20 pés de chinelo quebrando as coisas", disse Valdemar, em referência aos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023.
Os partidos de centro-direita tentam articular uma candidatura única para as próximas eleições, e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), aliado de Bolsonaro, é cotado como principal nome do grupo.
"O Bolsonaro, se não puder ser candidato, vai escolher um candidato a presidente, a vice. Nós vamos ter pelo PL", disse Valdemar, enquanto o posto de vice também é disputado por partidos como PP e União Brasil.
Valdemar voltou a dizer que Tarcísio irá para o PL caso eventualmente concorra à Presidência, informação que o governador não confirma, e afirmou que o governador tratou do assunto na semana passada, em Brasília, em um jantar que reuniu o grupo na casa do presidente do União Brasil.
"Tarcísio já declarou, tive um jantar com ele há um ano e meio atrás. Ele falou: 'se eu for candidato, vou para o PL'. No jantar com os governadores, falou na frente de cinco governadores: 'sou candidato a governador, mas, se eu for candidato a presidente, eu vou para o PL'", disse Valdemar.
Na entrevista, o presidente do PL disse também não haver crimes na trama golpista denunciada pela PGR (Procuradoria-Geral da República) ao STF (Supremo Tribunal Federal).
"Você, no Brasil, pode tramar um golpe, um assassinato, desde que você não faça nada, não é crime. Por exemplo: queriam matar o Alexandre, mas não fizeram nada, não é crime."
Valdemar disse ainda que tentará reverter a inelegibilidade de Bolsonaro no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) no ano que vem e citou que o presidente da corte em 2026 será o ministro Kassio Nunes Marques, indicado por Bolsonaro.
"O presidente, no ano que vem, vai ser o Kassio Nunes [Marques]. Nós vamos entrar com requerimento para que seja revista essa decisão", disse.
O TSE declarou Bolsonaro inelegível em dois processos, sob acusação de abuso de poderes político e econômico. Uma das ações foi decorrente da reunião que Bolsonaro convocou com representantes diplomáticos estrangeiros para descredibilizar as urnas eletrônicas, em 2022, e outra foi pelo uso eleitoral do desfile do 7 de Setembro daquele ano, custeado com recursos públicos.
Na entrevista, Valdemar ainda defendeu o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, que está nos Estados Unidos, apoia o tarifaço contra o Brasil e tem feito articulações com o governo Donald Trump.
"Tenho certeza que ele [Eduardo] não é autor do tarifaço. Isso é do Trump. Tenho certeza que ele não se envolveu num assunto desses. Nem passou pela cabeça dele", disse.
Ele afirmou também que Trump adotou as retaliações contra o Brasil porque não quer, nas palavras de Valdemar, "que faça a injustiça que estão fazendo com o Bolsonaro".