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Governo estuda 'dança das cadeiras' para indicação de novos diretores do BC

Por Thiago Resende, Nathalia Garcia, Alexa Salomão e Catia Seabra | Folhapress

Governo estuda 'dança das cadeiras' para indicação de novos diretores do BC

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estuda uma movimentação na diretoria do Banco Central para acomodar os novos nomes que serão indicados pelo Planalto para ocupar as duas cadeiras que ficarão vagas na virada do ano.
 

A redistribuição de cargos passou a ser discutida em meio às avaliações do governo para os nomes que vão substituir Fernanda Guardado (Assuntos Internacionais e Gestão de Riscos Corporativos) e Mauricio Moura (Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta), cujos mandatos terminam no dia 31 de dezembro.
 

Segundo fontes do governo ouvidas pela Folha de S.Paulo, está sendo analisada a realocação de Ailton Aquino -que hoje chefia a área de Fiscalização por indicação de Lula- para a diretoria responsável pelo relacionamento institucional do BC. Tradicionalmente, o setor é comandado por um funcionário de carreira da autoridade monetária (caso de Aquino).
 

No cargo que ficaria vago com a troca, uma possibilidade é a indicação de Rodrigo Monteiro -servidor do BC que chegou a ter o nome dado como certo em março para assumir a diretoria de Fiscalização, o que acabou não se concretizando.
 

Para a chefia da área de Assuntos Internacionais, voltou a ser cotado Luiz Awazu Pereira da Silva, ex-diretor do BC na gestão Dilma Rousseff (PT). No fim de agosto, ele encerrou sua passagem como vice-gerente geral do BIS (Banco de Compensações Internacionais) -o "banco central dos bancos centrais".
 

Alguns nomes ligados ao governo são especulados pelo mercado financeiro.
 

São tidas como opções Raquel Nadal Cesar Gonçalves, subsecretária de Política Macroeconômica, e Débora Freire Cardoso, subsecretária de Política Fiscal. Ambas atuam na SPE (Secretaria de Política Econômica) do Ministério da Fazenda.
 

Os nomes delas ganham força na medida em que se entende que é a vez de uma mulher ser indicada para uma vaga na cúpula do BC -o que estaria em sintonia com a promessa do governo de assegurar mais diversidade na alta administração.
 

Com a saída de Guardado, se outra mulher não for nomeada, restaria apenas Carolina de Assis (Administração) no colegiado da autoridade monetária a partir de 2024.
 

Outra possibilidade é Gustavo Guimarães, secretário-executivo do Ministério do Planejamento e Orçamento.
 

Ele é servidor de carreira do BC e já trabalhou com alguns ex-diretores da instituição, como Tony Volpon, que chefiava a área internacional. Por seu histórico ligado à instituição, o número 2 da ministra Simone Tebet (Planejamento) tem participado mais ativamente da discussão sobre a mudança no modelo de metas de inflação estabelecida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional).
 

A diretoria de Assuntos Internacionais terá uma função estratégica no próximo ano, com o Brasil na Presidência do G20. A área também é responsável pelas discussões relacionadas à agenda verde -tema tratado como prioridade pelo Executivo.
 

De acordo com uma pessoa a par das discussões, Guardado chegou a pedir para ser reconduzida ao cargo, mas suas chances são remotas. Ela é considerada uma das integrantes mais conservadoras do colegiado do BC.
 

Na reunião que inaugurou o ciclo de cortes de juros, em agosto, Guardado votou por uma redução de 0,25 ponto percentual na taxa básica (Selic). No entanto, prevaleceu a decisão da maioria (5 a 4 no placar final) por um movimento mais intenso, de 0,5 ponto. Moura também esteve no grupo mais "hawkish" (duro) nessa ocasião.
 

Apesar da possibilidade de recondução, a tendência é que o presidente Lula indique nomes mais alinhados ao seu governo em uma tentativa de flexibilizar mais a política de juros. Hoje, a Selic está fixada em 12,75% ao ano.
 

O "bolão de apostas" ficou ainda mais movimentado depois que o ministro Fernando Haddad (Fazenda) afirmou nesta sexta-feira (20) que tem conversado com o presidente Lula sobre o assunto e que uma decisão deve ser tomada nos próximos dias.
 

Segundo a lei da autonomia da autoridade monetária, aprovada em 2021, cabe ao presidente da República a indicação dos nomes para a cúpula do BC. Posteriormente, os indicados passam por sabatina na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado Federal. Os escolhidos são, então, levados ao plenário para aprovação.
 

Embora os mandatos dos dois diretores só terminem no fim deste ano, o governo quer dar celeridade às indicações para que os escolhidos passem pela sabatina ainda em 2023, antes do recesso do Congresso Nacional.
 

A ideia é assegurar que os novos integrantes participem do primeiro encontro do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC em 2024, agendado para os dias 30 e 31 de janeiro.
 

Com a futura nomeação, a autoridade monetária passará a contar com quatro diretores indicados por Lula entre os nove componentes do colegiado do BC.
 

Os novatos chegarão à autarquia com a missão de colaborar para a redução dos juros, como pleiteada pelo governo petista, em meio a um ambiente de deterioração do cenário externo que tem levado os economistas a discutirem a possibilidade de frear o relaxamento da política monetária.