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Ator de 'Sweet Tooth' diz que criança híbrida é símbolo de esperança

Por Vitor Moreno | FoplhaPress

Ator de 'Sweet Tooth' diz que criança híbrida é símbolo de esperança
Foto: Reprodução / Netflix

Um vírus desconhecido dizima boa parte da população. Quem fica, tem que viver isolado em pequenos grupos. Não fossem os seres híbridos que passam a habitar o planeta, a trama de "Sweet Tooth", série que estreou no começo do mês na Netflix, poderia retratar a nossa realidade atual.

A produção, porém, encanta mesmo é com as crianças, metade humanas e metade diversos animais. O protagonista é Gus, interpretado por Christian Convery, 11, que tem chifres e orelhinhas de cervo.

Na trama, as crianças híbridas são caçadas porque, como surgiram na mesma época em que o vírus, as pessoas acreditam que elas sejam culpadas pelo aparecimento e pela disseminação dele. Gus vive isolado com o pai na floresta, até que este morre e ele precisa se virar sozinho.

Ao descobrir que a mãe, que ele acreditava estar morta (pode estar viva), ele parte em uma jornada para encontrá-la, se deparando com perigos, mas também agregando aliados. "Gus é uma pessoa cheia de esperança", comenta o intérprete em bate-papo com a imprensa internacional, do qual o F5 participou.

"Ele confia em todo mundo que conhece, a personalidade dele é assim", diz. "A curiosidade e o otimismo dele são sempre maiores que tudo e ele está sempre confiando que poderá fazer um novo amigo."

Adaptada de uma história em quadrinhos homônima, lançada pelo canadense Jeff Lemire em 2009, a trama ganhou ares mais fofos e menos violentos na transposição para as telas. Isso agradou ao jovem ator, que pôde ler algumas passagens com a mãe.

"A HQ é bem obscura e eu gostei bastante que os roteiristas fizeram a série ser mais palatável para toda a família", avalia. "Assim a família toda pode assistir e receber essa mensagem de esperança", diz o ator.

Convery conta que a caracterização era demorada, mas que com o tempo eles foram ganhando agilidade para transformá-lo no menino-cervo. "A primeira vez que fizemos demorou uma hora e meia, foi muito demorado", diz. "Depois fomos conseguindo baixar para 50 minutos, 40 minutos, até que no final já fazíamos em 20 minutos."

Ele explica que as orelhas do personagem —um dos destaques da série, pois elas se mexem com muita naturalidade enquanto ele fala— foram fruto de um trabalho coletivo. "Na verdade, elas são controladas por um titereiro [artista que trabalha com marionetes], que ficava perto da câmera observando os meus movimentos", revela. "Ele ia mexendo conforme as minhas emoções e o que eu estava ouvindo ou vendo."

Segundo os produtores Jim Mickle e Beth Schwartz, Convery foi um achado dos diretores de elenco da série. "Nós vimos muitos garotos, mas ele foi um dos primeiros e nos encantou logo de cara, ficamos apaixonados", confessa Mickle.

Jim Mickle conta que a ideia inicial era convidar o primo de Christian, Christopher, que havia participado da série "Stranger Things" (ele interpretou Billy quando criança). "Ele já estava um pouco velho para o papel, mas foi quando o Christian apareceu", lembra.

Durante sua jornada, Gus se aproxima de Jepperd (ou Grandão, como ele prefere chamar). Trata-se de um homem com um passado trágico e que preferia estar sozinho, mas o espevitado híbrido não deixa que isso ocorra. Apesar da resistência inicial, os dois se tornam grandes amigos.

O ator mirim conta que teve pouco tempo para conhecer o parceiro de cena, Nonso Anozie, antes de começar a filmar. "Foram menos de 15 minutos", lembra. "Eu o conheci quase na hora de filmar."

Anozie diz que a intimidade que eles mostram na tela foi fruto da vontade de fazer um bom trabalho juntos. "A gente não se conhecia nem virtualmente, não fizemos leituras nem testes de câmera. A nossa conexão, porém, foi imediata. No momento em que o vi, senti como se fosse meu irmão caçula. Ambos estávamos abertos para a ideia de passar por essa jornada juntos."

O ator fala sobre a relutância de Jepperd em aceitar Gus na vida dele. "Ele está a salvo e fica irritado de ficar ligado a alguém que vai tornar tudo mais difícil", diz. "Mas quando a história vai se desenvolvendo, você vê como o otimismo, a curiosidade e a esperança desse garoto é algo que Jepperd não vê havia anos, porque todos estão afetados pelo que ocorreu no mundo. Então, ele começa a lembrar do homem que um dia já foi."

Sobre as diferenças entre a versão nas telas e nos quadrinhos, o ator diz acreditar que, mesmo numa versão mais light, a essência de Jepperd foi mantida. "Tem momentos em que você vê que ele não é tão doce quanto a cara dele sugere", avalia. "Acredito que é quando a produção mais se aproxima da HQ."

Feliz com a adaptação, o autor Jeff Lemire conta que, apesar de parecer que sabe prever o futuro, ele apenas tentou criar uma história original. "Naquela época, era impensável tudo o que está acontecendo", afirma. "Eu amo ficção científica e tramas sobre mundos pós-apocalípticos, então quis fazer minha versão de uma dessas histórias."

"O fato de a série estar estreando neste momento é bizarro", admite. "Para mim, é ainda mais esquisito, porque eu dei o nome de Gus ao personagem por causa do meu filho, que era bebê, e agora está com a mesma idade dele e vivendo também uma pandemia. São paralelos muito estranhos, que ficavam me assombrando, mas não sou vidente, são só coincidências estranhas."