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Lembrança do Dois de Julho: Com tiranos não combinam brasileiros corações

Por Fernando Duarte

Lembrança do Dois de Julho: Com tiranos não combinam brasileiros corações
Foto: Júnior Improta/ Ag. Haack/ Bahia Notícias

Pela primeira vez em quase 200 anos, não haverá um desfile da Independência da Bahia. É bem simbólico e triste que essa ausência do desfile aconteça justamente em um momento em que amarras colonialistas sigam tão fortes. Não que em julho de 1823 tenhamos migrado para uma democracia, como anos antes aconteceu nos Estados Unidos. É que essa data foi o marco da última etapa para o primeiro passo que transformaria o Brasil em uma nação.

 

Foi na Bahia, quase um ano depois do grito do Ipiranga, que o Brasil se tornou independente de Portugal. Foram batalhas reais, com heróis de verdade, que colocaram um fim no domínio português em terras brasileiras. Ainda assim, a data é celebrada apenas pelos baianos, como se o restante do país optasse por fingir que a história se resume aos acontecidos no Rio de Janeiro, ainda capital federal, e no interior de São Paulo, que malmente engatinhava para se tornar o coração dos negócios no Brasil. Por isso o Dois de Julho é tão importante.

 

Porém a pandemia do novo coronavírus não vai permitir que a Cabocla, símbolo dessa independência, faça seu cortejo entre a Lapinha e o Campo Grande. Apenas um ato simples, com hasteamento da bandeira e o depósito de flores no monumento ao General Labatut, será feito pelo governador Rui Costa e pelo prefeito de Salvador, ACM Neto. Tudo para não deixar a data passar completamente em branco. E o sentimento de 1823 deve ser mais do que nunca evocado.

 

Desde a redemocratização, nunca houve uma ameaça autocrática tão palpável como a vista ao longo dos últimos meses no Brasil. A nossa jovem democracia vive sob constante tensão, principalmente pela forma irresponsável como agem atores políticos que dizem atuar em defesa, olha só, da própria democracia. As citações ao AI-5, as referências à ditadura militar ou até mesmo os sucessivos episódios de limites ultrapassados nas relações entre os Poderes são exemplos de como vivemos momentos tortuosos no país. Razão forte o suficiente para celebrarmos a Independência da Bahia.

 

Um trecho do Hino ao Dois de Julho é talvez o mais forte para ser rememorado agora: “Nunca mais o despotismo/ Regerá nossas ações/ Com tiranos não combinam/ Brasileiros corações”. Que a data magna do Brasil sirva de exemplo para que jamais esqueçamos que a independência pode demorar, mas jamais deve deixar de ser comemorada.

 

Este texto integra o comentário desta quinta-feira (2) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para as rádios A Tarde FM, Irecê Líder FM, Clube FM, RB FM, Alternativa FM Nazaré e Candeias FM. O comentário pode ser acompanhado também nas principais plataformas de streaming: Spotify, Deezer, Apple Podcasts, Google Podcasts e TuneIn.