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Decotelli: O que a Abin não encontra, a internet descobre

Por Fernando Duarte

Decotelli: O que a Abin não encontra, a internet descobre
Foto: Marcello Casal Jr./ Agência Brasil

Carlos Alberto Decotelli lembra um pouco a Viúva Porcina: foi ministro sem nunca ter sido. Ficou menos tempo no cargo do que nomes com participações relâmpagos no governo Bolsonaro, a exemplo da mãe da personagem de Dias Gomes, a ex-secretária de Cultura Regina Duarte, e do ex-ministro da Saúde Nelson Teich. E o desgaste de Decotelli entre a nomeação e a queda mostra uma coisa simples: é difícil esconder mentiras, por mais bem contadas que elas possam parecer.

 

Decotelli mentiu sobre o doutorado. Mentiu sobre o pós-doutorado. O professor teria plagiado trechos da dissertação do mestrado. E também mentiu sobre ser professor da FGV. É improvável que essa rede de mentiras sobrevivesse durante muito tempo em meio à abundância de informações na internet. O quase ministro fez uma aposta alta e acabou perdendo feio. O currículo mentiroso também não trará o cargo na Esplanada.

 

É o risco da superexposição. Enquanto presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), Decotelli passou despercebido, mesmo tendo o mesmo currículo com “inconsistências”, para usar o eufemismo dos aliados do presidente. Ficou incólume e chegou ao ministério com a aura de técnico e respeitável professor (lembremos que Abraham Weintraub o antecedeu e qualquer um seria melhor do que o desprezível ministro). Durou menos do que uma semana.

 

É claro que precisamos observar que o peso da mentira de Decotelli foi maior do que de outros ministros. Damares Alves mentiu sobre ter mestrado, depois alegou que foi em educação pela Bíblia. Ricardo Salles mentiu sobre ter feito mestrado na Universidade de Yale, mas foi “perdoado” após acusar que sua assessoria foi responsável pela barbeiragem. Todos esses erros passaram despercebidos pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Era algo que não interessava ao presidente. Pena!

 

Agora há um alerta a ser feito. A entrega da carta de demissão de Decotelli não deixa de trazer impregnado um quê de racismo estrutural, ainda que muitos tentem negar isso. Afinal, em um país racista como o nosso, esse fator nunca poderá ser ignorado. Porém, admitamos, era contraditório demais um falso doutor comandar o órgão que reconhece titulações no Brasil. Infelizmente, o quase ministro escreveu uma página constrangedora para o governo. E para o país. O que nos resta é esperar que o próximo não seja ainda pior.

 

Este texto integra o comentário desta quarta-feira (1º) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para as rádios A Tarde FM, Irecê Líder FM, Clube FM, RB FM, Alternativa FM Nazaré e Candeias FM. O comentário pode ser acompanhado também nas principais plataformas de streaming: Spotify, Deezer, Apple Podcasts, Google Podcasts e TuneIn.

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