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Marca Bahia Notícias

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Opinião: Um Galinha no meio de raposas: como a Assembleia vai responder por um deputado preso?

Por Fernando Duarte

Opinião: Um Galinha no meio de raposas: como a Assembleia vai responder por um deputado preso?
Foto: Ascom/ AL-BA

A prisão do deputado estadual Binho Galinha (PRD), após dois dias foragido, deixou a Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) em uma situação, no mínimo, constrangedora. Desde a deflagração da primeira fase da Operação El Patrón, era esperado que os parlamentares iniciassem a avaliação da possível quebra de decoro do deputado de Feira de Santana. As acusações eram graves e, de tão graves, tornaram o Legislativo baiano "refém" de um integrante da própria Assembleia - as aspas na palavra são uma referência a expressão utilizada pelo então presidente da AL-BA, Adolfo Menezes (PSD), ao tratar do tema.

 

Agora, com o encarceramento de Binho Galinha, os deputados tendem a evitar que o caso respingue na classe política. Afinal, em tese, ter como colega o suposto chefe de uma milícia seria razão suficiente para dar andamento à virtual cassação do parlamentar.

 

Todavia, é possível que haja apenas a suspensão temporária do mandato. E o motivo é falado nos cantos, nos corredores, mas sem rostos ou declarações públicas. Todos têm medo de quem pode vir a ser Binho Galinha.

 

Em 2022, ao emergir das urnas, o novo deputado era um ilustre desconhecido da maioria da população baiana. Com votação predominante na região de Feira de Santana, houve uma busca por entender quem era Binho Galinha. Ali, antes mesmo da posse, alguns parlamentares comentavam, em off, que a fama do novo deputado não seria das melhores. Ainda assim, preferiam dar o benefício da dúvida, para saber se os rumores que circundavam o novo colega eram verdade.

 

E foi assim até dezembro de 2023, quando o Ministério Público da Bahia (MP-BA) fez a primeira incursão contra Binho Galinha, com a El Patrón. O que era tratado como rumor ganhou contornos de uma realidade dura e que colocava a AL-BA contra a parede em um nível sem precedentes na história recente.

 

Entre idas e vindas, um Conselho de Ética foi instalado, como uma espécie de resposta à pressão social que se formava. Contudo, o colegiado permaneceu inoperante, ainda que a denúncia tivesse sido aceita e Binho Galinha tenha se tornado réu pelos diversos crimes listados pelo MP-BA. Era como se a sombra do parlamentar inspirasse receio de que qualquer posicionamento em desfavor dele sempre estivesse presente.

 

Tudo o que se falava sobre o tema era cercado de cautela, para evitar contrariar os interesses de um deputado sempre presente e cuja naturalidade espantava, ainda que contra ele fossem imputados crimes graves.

 

Presente na sessão do último dia 30, Binho Galinha parecia bem confortável na casa do povo. Já não era mais o patinho feio que chegara como desconhecido e inspirava medo. Distribuía simpatia e, sim, continuava a inspirar medo. Tanto que, com mandado de prisão em aberto, fugiu para não ser preso no dia seguinte a uma última ida no plenário. Ficou dois dias foragido antes de se entregar a Polícia Federal com apoio de uma defesa milionária que assegura que ele é mais uma vítima do que um criminoso.

 

Atrás das grades, Binho Galinha deve ser julgado politicamente pelos pares. Por um constrangimento que os deputados postergaram o máximo possível.

 

A Assembleia, sempre formada por raposas políticas das mais diversas estirpes, se vê numa situação bem atípica. Lá, é um Galinha que amedronta as raposas. E haja razões para temer. O caso Binho Galinha deve ser um marco das relações políticas entre um Estado paralelo e o Estado real. De qual lado estaremos no futuro?