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Marca Bahia Notícias

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Maturidade de Doria e Lula e a necessidade de falar a verdade

Por Fernando Duarte

Maturidade de Doria e Lula e a necessidade de falar a verdade
Foto: Divulgação

A quinta-feira foi marcada pelo afago do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ao compartilhar um tweet do petista, em que Lula citava o tucano para “reconhecer quem tá fazendo o trabalho mais sério nessa crise [do coronavírus]”, Doria agradeceu: “Temos diferença. Mas agora não é hora de expor discordâncias. O vírus não escolhe ideologia nem partido”. No entanto, isso gerou mais críticas do que o reconhecimento de que havia maturidade nessa troca de mensagens.

 

Doria se construiu politicamente como anti-PT. Reconhecido pelo lobby nos meios empresariais, o tucano emergiu em 2014, quando Aécio Neves ainda era uma figura importante na cena nacional. Dois anos depois, o empresário foi eleito prefeito de São Paulo, contra o candidato à reeleição, Fernando Haddad, e com o discurso que tratava petistas como “bandidos”. Em 2018, deixou a prefeitura para tentar o governo paulista com o duo Bolsodoria e amplificou essa retórica anti-esquerda. Aí reside o nascimento dos ataques sofridos por Doria depois dessa tabelinha.

 

Já Lula, mesmo que jamais volte a figurar nas urnas, é um nome relevante para disputas eleitorais. Por isso precisa manter visibilidade, mesmo que a crise da Covid-19 sufoque boa parte das tradicionais manchetes produzidas em suas entrevistas.

 

Tanto quanto Doria, o petista tende a ser peça importante em 2022, quando as eleições gerais voltam a acontecer. Então, qualquer flerte improvável entre ambos rende tanta polêmica. Mesmo que seja impossível uma aproximação, sobrou quem viu chifre em cabeça de cavalo – desde os radicais até experimentados analistas políticos.

 

Por mais elucubrações e teorias de conspiração que possam surgir, as publicações de Doria e Lula foram, simplesmente, posts em redes sociais. Enxergar muito além disso é flertar com a falta de lógica do bolsonarismo de enfrentar moinhos de vento e inimigos invisíveis.

 

E, mesmo que não tenha sido intencional, o tucano e o petista conseguiram um efeito colateral dessa civilidade momentânea. A união inviável de Doria e Lula ecoou no submundo da extrema direita brasileira e o presidente Jair Bolsonaro mordeu a isca. Também nas redes sociais, o presidente sugeriu que “superar a divergência não é abandonar a própria honra nem a verdade”. Para quem vive a compartilhar fake news, tal qual essa suposta relação entre adversários como Lula e Doria, talvez o que falte seja exatamente falar a verdade.

 

Este texto integra o comentário desta sexta-feira (3) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para as rádios Irecê Líder FM, Clube FM, RB FM, Valença FM e Alternativa FM Nazaré.

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