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Brasil distópico: A defesa de um falso Messias contra a ameaça comunista

Por Fernando Duarte

Brasil distópico: A defesa de um falso Messias contra a ameaça comunista
Foto: Reprodução/ Twitter @cezarleiteofc

Enquanto a crise sanitária se agrava em todo país, há quem julgue importante defender o Brasil da "ameaça comunista". Se alguém me contasse essa distopia a que chamamos de nação, eu custaria acreditar. Porém fico cada vez mais incrédulo da capacidade das pessoas em encontrar fantasma onde não existe, enxergar pelo em ovo, mas não conseguir distinguir o paraíso idílico em que eles acham que vivem e a realidade.

 

Sim, para quem ainda não entendeu, estou me referindo aos atos realizados neste domingo (14) em diversas partes do Brasil em apoio ao presidente Jair Bolsonaro e contra as medidas restritivas estabelecidas por governadores e prefeitos. Em Salvador, por exemplo, foi possível observar essas mobilizações contra a "ditadura" imposta pelo governador Rui Costa e pelo prefeito Bruno Reis, numa clara incapacidade de entendimento sobre o conceito do que é ser ditador. É tão contraditório que sequer percebem que a liberdade de protestar é um exemplo tácito que não estamos em um regime ditatorial.

 

Essa dicotomia escrota planejada e apresentada por uma direita irresponsável serve para separar o joio do trigo em nossa sociedade. Não dá pra falarmos em salvar a economia ou salvar vidas, mas ainda há a insistência nessa conjunção alternativa - talvez seja mais do que cognitivo o problema, mas de alfabetização mesmo, já que um "e" seria muito mais saudável para a sociedade. Foi nesse tom que os manifestantes bradavam contra Rui e Bruno, como se tudo não passasse de um plano nefasto para "destruir" o Messias de prenome Jair.

 

Não que eu não entenda a revolta de empresários que tiveram as vidas financeiras atingidas pela pandemia. Não apenas entendo, como tento promover debates sobre o momento e a forma com que a retomada vai acontecer. Só que eu fico mais preocupado com as dezenas de baianos que têm perdido mais do que a renda com a crise sanitária. Afinal, na minha humilde concepção, eu preferia tê-los vivos, produzindo, formando um mercado consumidor ativo e capazes de superar as adversidades impostas por esse delicado momento. Porém muitos possivelmente não tiveram a opção de "ficar em casa" ou "viver a vida normalmente". Morreram antes disso.

 

O teatro de absurdos é tão grande que, ao invés de cobrarmos vacina, a única saída possível para a pandemia, temos brasileiros preocupados em salvar a pele de um presidente que sequer presta condolências aos enlutados e luta com unhas e dentes para defender os interesses da própria família. Enquanto nos digladiamos por um bando de representantes espúrios da nossa sociedade, eles riem da nossa cara, quando deveriam estar chorando conosco. Palmas para os responsáveis. Esse filme já passou em 2020 e o final esteve bem longe de ser feliz.

 

Este texto integra o comentário desta segunda-feira (15) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para a rádio A Tarde FM. O comentário pode ser acompanhado também nas principais plataformas de streaming: Spotify, Deezer, Apple Podcasts, Google Podcasts e TuneIn.

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