Tão tão distante da imunidade de rebanho, mas pelo menos informados
por Fernando Duarte

Talvez um dos levantamentos mais precisos do andamento da curva de disseminação do novo coronavírus na Bahia teve seus resultados preliminares divulgados nesta segunda-feira (25) pela prefeitura de Salvador. Trata-se do inquérito epidemiológico que identificou que cerca de 20% dos soteropolitanos já foram expostos à Covid-19 e apresentam algum tipo de resposta imunológica ao vírus. Para 10 meses de pandemia, é um número baixo para considerar como imunidade de rebanho, ainda que existam referências a sugerir isso. Como disse o prefeito Bruno Reis, estamos distantes do fim da circulação do vírus na capital.
Quando o inquérito epidemiológico foi lançado, ainda na gestão de ACM Neto, era possível identificar uma aposta em dados científicos para a adoção de medidas contra o coronavírus em Salvador. Dentro de um universo com tantas autoridades públicas se esforçando para negar a gravidade da doença, esse estudo iria permitir traçar estratégias mais claras para enfrentar a pandemia. Agora, com as informações disponíveis, é possível que a prefeitura adote posições mais duras ou mais brandas, a depender da exposição da população à doença.
A primeira sinalização, ainda que tangencial, foi a possibilidade do retorno das aulas no começo de março. O prefeito tinha sugerido a hipótese na última semana e a reafirmou nesta segunda. Os dados disponibilizados pela pesquisa dão maior segurança à capital baiana para decidir sobre o tema, algo que até então vinha sendo feito “no escuro”, sem o embasamento ideal para optar por expor ou não a população. Esse é apenas um dos exemplos possíveis diante do compêndio tabulado por técnicos da prefeitura e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Apesar de ser um bom norte, o levantamento preliminar divulgado não consegue prever totalmente a evolução de eventuais reinfecções ou o avanço de uma mutação, como a já observada em Manaus (AM), cidade até aqui mais atingida pela segunda onda do coronavírus. Porém é preciso admitir que, entre não ter dados e dispor de informações estruturantes sobre a disseminação do vírus na primeira onda, a segunda opção é muito mais adequada para enfrentar um adversário invisível.
Lembrando que essa análise não indica que as decisões tomadas anteriormente para conter o avanço da pandemia estejam equivocadas. Dentro do universo de dados conhecidos da doença, era o possível a se fazer com tantas lacunas de informações a serem preenchidas. Agora é torcer para que esses parâmetros identificados sejam efetivamente um padrão, permitindo que Salvador retome a uma aparente normalidade com base na ciência.
Este texto integra o comentário desta terça-feira (26) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para a rádio A Tarde FM. O comentário pode ser acompanhado também nas principais plataformas de streaming: Spotify, Deezer, Apple Podcasts, Google Podcasts e TuneIn.
Notícias relacionadas
Notícias Mais Lidas da Semana
Podcasts

'Terceiro Turno': Um ano de Covid-19 na Bahia - Descontrole e lockdown à brasileira
A Bahia completa, neste sábado (6), um ano da descoberta do primeiro caso de coronavírus no estado e a situação é de total descontrole: aumento de novos casos, recordes de mortes por dia e risco de colapso no sistema de saúde. Com isso, os gestores decretaram toque de recolher, nova suspensão de atividades não essenciais no que chamam de "lockdown parcial" e buscam viabilizar mais leitos para pacientes com Covid-19. Mas como chegamos até aqui? Ou como saímos desse cenário? São questões abordadas no episódio 67 do podcast Terceiro Turno. Apresentado pelos jornalistas Jade Coelho, Bruno Luiz e Ailma Teixeira, o programa destaca os números da pandemia e conta com a participação de profissionais de saúde, que dão uma panorama sobre a situação enfrentada nos hospitais.
DESENVOLVIMENTO SALVANDO VIDAS
Ver maisBuscar
Enquete
Artigos
Carreiras UniFTC: Desafios e oportunidades para mulheres na área da T.I.
Falar sobre a mulher na área da computação é um desafio. A área é vista como promissora, a revista o Globo, em 2019, anunciou que este “setor de tecnologia é um dos que mais cresce no Brasil”. Porém, a realidade ainda não é assim tão favorável para todos os gêneros – de acordo com o IBGE, apenas 20% dos profissionais da área de Tecnologia da Informação (TI) são mulheres.