Tempo obriga Rui a arregaçar as mangas para tentar acordo entre aliados em Salvador
Por Fernando Duarte
Duas ou três candidaturas da base do governo estadual em Salvador? As informações são conflitantes, porém os diversos personagens envolvidos no processo garantem que é esse o esforço do governador Rui Costa. No entanto, o petista ainda não teria combinado com os aliados essa proposta. Esse seria o grande gargalo para que houvesse um entendimento na capital baiana. Seriam necessárias desistências entre Lídice da Mata (PSB), Olívia Santana (PCdoB), Bacelar (Podemos) e Eleusa Coronel (PSD) para que o plano se concretizasse. Algum deles toparia facilmente abandonar a disputa?
Dificilmente seria tão fácil fechar a conta. São diversas variantes que impedem um entendimento agora, às vésperas do início do prazo das convenções partidárias. Se não tivesse acontecido o adiamento das eleições, esse prazo, inclusive, já teria expirado. Há uma unanimidade nas consultas feitas nos bastidores: Rui perdeu o timming para pedir a saída de qualquer um dos candidatos do páreo. Ao colocar a política em segundo plano, o governador acabou emparedando os aliados que avançaram nas conversas e nas construções das candidaturas.
A própria escolha de Major Denice (PT) como o nome do governador a constar nas urnas acabou por afastar os partidos que compõem a base do petista. Sem qualquer consulta prévia ou sondagem - o que também não aconteceu dentro do PT -, os companheiros de jornada acreditam que Rui deixou claro que não abriria mão da cabeça de chapa. É o questionamento bem clássico de que, para obter apoio, é preciso estar disposto a apoiar. Não foi assim que o nome de Denice foi alçado à condição de candidata e gerou insatisfações variadas entre os aliados de dentro e fora do PT. No rol petista, a situação já teria sido contornada. O mesmo não aconteceu em outras legendas, que possuem nomes com tradição e envergadura política.
Após muitos meses cozinhando em banho-maria os aliados, Rui foi chamado pelo próprio tempo a tentar conduzir de maneira menos traumática o processo eleitoral. Sob o risco de esfacelar a própria base, iniciou uma série de conversas, mostrando cenários possíveis e tentando pregar o “peso” do principal adversário, o vice-prefeito Bruno Reis (DEM). Os acenos podem não ter sido completamente tardios para forçar um segundo turno na capital baiana. O que não quer dizer que aconteceu a tempo de evitar rachaduras nas relações políticas no próprio quintal.