Para CUT, governo federal quer privatizar Previdência
por Marcelo Rehder | Estadão Conteúdo

A reforma da Previdência proposta pelo governo Temer tem como objetivo oculto desmontar e privatizar o setor, afirmam sindicalistas. As exigências de idade mínima de 65 anos e a necessidade de contribuir durante 49 anos para garantir o benefício integral incentivam a procura do trabalhador por fundos de previdência privada complementar. Entre os mais jovens, está se disseminando a ideia de começar a poupar por conta própria, deixando de contribuir para o sistema público. "O governo não pretende reformar a Previdência, mas sim acabar com a aposentadoria pública e entregar como ativo financeiro para os bancos privados", diz Vagner Freitas, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT). "Não é novidade, já aconteceu em países como Chile e México, mas não deu certo e eles tiveram de voltar atrás", comparou. O problema, segundo o sindicalista, é que apenas 20% da população brasileira teria condição de comprar um plano de previdência privada. Os outros 80% ficam fora. "O que o governo não fez e precisa fazer é um amplo debate para saber se a sociedade brasileira concorda ou não com a ideia de não ter Previdência como política pública", afirma o presidente da CUT. Coincidência ou não, o secretário de Previdência, Marcelo Caetano, antes de fechar e apresentar a proposta de reforma do governo reuniu-se diversas vezes com empresários, banqueiros e fundos de previdência privada. Só quando tudo estava pronto, teve um encontro com as centrais sindicais. O desmonte começou com a extinção do Ministério da Previdência Social, logo no primeiro mês do governo Temer. A nova estrutura administrativa da Previdência brasileira, que perdeu o nome Social, foi incorporada ao Ministério da Fazenda (a parte de arrecadação e despesas) e ao Ministério do Desenvolvimento Agrário e Desenvolvimento Social (a parte de benefícios). As centrais sindicais entendem que, nas mãos da Fazenda, a Previdência deixou de ser uma política de direito social e passou a ser pensada a partir de uma visão financista, partindo apenas do ponto de vista do que se arrecada e do que se gasta, e não de investimento e proteção social. Há concordância no movimento sindical sobre a necessidade de uma reforma, mas é o único ponto em que há convergência com o governo, frisa Clemente Ganz Lucio, diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). "Nós defendemos uma reforma que inclua, enquanto o governo está fazendo uma reforma que exclui da Previdência, exclui na assistência e arrocha o valor dos benefícios." O presidente da CUT acredita que a luta contra a reforma conseguirá unificar o movimento sindical. Até porque "nunca uma proposta foi tão mobilizadora contra o governo Temer". "Queremos derrotar essa proposta na Câmara e que o governo venha negociar a reforma num fórum com as centrais sindicais", diz Freitas. "Só fazer emendas ao projeto não adianta, é entrar no jogo do governo, que quer conseguir a chancela das centrais."
Notícias relacionadas
Notícias Mais Lidas da Semana
BN na Tela

Confira os destaques desta terça-feira (23)
Lula disse, em carta ao PT, que quer a sua liberdade. O ex-presidente comentou ainda sobre o resultado das últimas pesquisas eleitorais, que o mostram na frente mesmo após prisão. Porém, outra notícia não o deixou nada feliz. A juíza Carolina Moura Lebbos negou o pedido de diversos políticos para visitá-lo. Outro destaque é o ato organizado em Candeias, após a morte do artista plástico Arnaldo Filho, que foi baleado dentro de casa, na noite de sábado (21), por policiais militares. Três PMs já foram afastados. Também nesta segunda, levantamento mostra que dos 415 citados na delação da Odebrecht, apenas um foi condenado até o momento.
Buscar
Enquete
Artigos
Mulher e cultura: produzindo novos lugares
É no campo da cultura, da construção dos símbolos e representações que se dão os principais embates sobre construção e desconstrução de imagens, lugares e privilégios na sociedade. O simbólico é a fronteira entre a manutenção ou a transformação das realidades. No caso do lugar da mulher na sociedade, em particular, este campo mostra aspectos interessantes. A mulher é maioria na população brasileira. Maioria que se mantém nas universidades, nas audiências dos meios de difusão de conteúdo e, é possível dizer, que também no consumo dos chamados bens culturais (espetáculos teatrais, de dança e de música, exposições, mostras etc.).