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Entrevista

Barral anuncia concurso para professor em 2019: 'Vamos convocar o que precisa' - 22/10/2018

Por Bruno Luiz

Barral anuncia concurso para professor em 2019: 'Vamos convocar o que precisa' - 22/10/2018
Fotos: Paulo Victor Nadal/ Bahia Notícias

Atual secretário de Educação de Salvador, Bruno Barral afirma não ter pretensões, pelo menos neste momento, para a prefeitura de Lauro de Freitas. Aventado como possível candidato ao comando da cidade em 2020, Barral não descarta diretamente a possibilidade, apesar de dizer que sua prioridade é continuar trabalhando na gestão da educação municipal. 

“Não tenho, nesse momento, nenhum interesse político para a cidade”, assegurou Barral em entrevista ao Bahia Notícias. O secretário ainda classificou como “fatídico” o episódio de confronto entre professores e a Guarda Municipal de Salvador durante a greve da categoria este ano e fez uma espécie de mea culpa sobre o assunto, que deixou uma imagem negativa para a prefeitura. “Não há justificativa para aquele fato. Jamais se reprime ideias com violência”, lamentou.

Ainda segundo ele, haverá concurso para professores em 2019. “Os detalhes devem ser anunciados no início de 2019, para a gente poder chamar e convocar o que a gente precisa”, disse. Confira a entrevista completa abaixo:

Na semana passada, houve o lançamento do programa Pé na Escola, que se tornou um carro-chefe da Smed. No entanto, ele parece ser algo a curto prazo, uma maneira mais rápida de resolver o problema da falta de vagas para pré-escola na rede municipal. Quais serão as ações que serão trabalhadas concomitantemente ao programa, para acabar com esse déficit?

O Pé na Escola tem o objetivo de contemplar a universalização da pré-escola de forma célere, sem a necessidade de aguardar o tempo de procurar um terreno, investir em infraestrutura, reformar as escolas ou ampliar. Não que isso vá deixar de existir, mas é trabalhar em duas frentes para atacar esse problema. Em 2013, era muito pior, só tínhamos 17 mil vagas de educação infantil. Agora, em 2018, nós temos quase 45 mil vagas. A gente mostra a passos largos essa inclusão. Nesse momento inicial, é fundamental para a criança o fazer pedagógico, o desenvolvimento cognitivo.

Voltando à pergunta, junto com o Pé na Escola, quais as outras ações que vocês pretendem continuar implementando para que, enquanto o programa é executado, a prefeitura resolva essa questão com aplicação de políticas permanentes?
A gente tem, em paralelo, a reconstrução de 16 unidades, em final de licitação neste ano. Devemos licitar mais três reconstruções. Quando a gente vem com essas reconstruções, claramente a gente amplia a oferta naquela região. Além da infraestrutura nova, que não deve em nada a escolas particulares de Salvador, seguimos em paralelo com plano de adequação e formação de turmas na matrícula desse ano. A eficiência do ano letivo, tanto na sua programação de professores como na forma de contemplar os alunos de cada bairro, vem muito da matrícula. Ela tem que ser feita de forma eficiente, contemplando o máximo da sua estrutura física. Você não pode ter salas de 4, 5 alunos com um professor. Quando você tem turmas com pouca densidade, o custo sobe. Então, temos as reformas e as reconstruções, temos o Pé na Escola priorizando as crianças do Primeiro Passo, universalizando a pré-escola. Ainda continuamos com o Primeiro Passo naqueles casos que ainda não conseguimos contemplar. 

Nós ouvimos alguns relatos de déficit de professores na rede municipal em Salvador. Com esse valor inicial que será aplicado no Pé na Escola, de R$ 30 milhões, não seria melhor investir na contratação de professores e na qualificação de professores?
Não há déficit em larga escala na rede municipal. Temos muitos professores que entram em licença, problema com atestado médico, então há essas substituições que geram ruído na rede. A sensibilidade do prefeito é total com a necessidade de ampliação do nosso quadro de professores. O plano de carreira dos professores estava parado há 20 anos e era uma vontade clara da categoria, que foi atendida em 2015. Faremos concurso para professores em 2019 também. 

Já há previsão de quando vai ser lançado o edital, quantas vagas serão, mais detalhes sobre o assunto?
Está tudo muito bem amarrado com a Secretaria de Gestão. Os detalhes devem ser anunciados no início de 2019, para a gente poder chamar e convocar o que a gente precisa. Além da formação de turmas, vamos fazer também eleição para diretores das escolas, provavelmente entre março e abril. É um processo democrático de construção da gestão escolar. Sobre o concurso, eu estou fechando a formação das turmas para a gente adequar à necessidade do concurso. Não tem sentido nenhum a gente fazer algo para não chamar ou fazer de forma ineficiente, chamando mais do que o necessário. Temos alguns contratos via Reda que devem estar acabando, e a tendência é substituir esses contratos por concurso.


Salvador teve uma melhora no Ideb divulgado neste ano. Nos anos iniciais do Ensino Fundamental, a cidade passou índice de 4,7 em 2015 para 5,3 pontos em 2017, superando a meta estipulada pelo MEC de 4,5 pontos. Nos anos finais do Ensino Fundamental, o município também superou sua nota. Em 2015, o Ideb era de 3,4 pontos, passando para 3,9 pontos em 2017. O resultado, no entanto, é 0,1 abaixo da meta projetada pelo MEC. Nos anos finais, que são o Calcanhar de Aquiles da educação municipal, quais ações estão sendo tomadas para melhorar o desempenho da cidade?
No Fundamental I, você trabalha com alfabetização na idade certa, com ingresso cada vez mais, fazer pedagógico multidisciplinar. Quando você vai para o Fundamental II, você tem que trabalhar um conceito de compatibilização de salas de aula com interesses semelhantes. Você não pode ter um adolescente de 17 anos estudando com um adolescente de 12. Você tem interesses distintos naquele momento. O que você tem que fazer é unir crianças ou jovens com idades próximas dentro de salas próximas. Já fizemos isso com esse ano, com sucesso silencioso, ao integrar adolescentes acima dos 15 anos, dentro de um contexto para que você consiga acelerar esses jovens, e eles consigam terminar o Ensino Médio na idade certa, com qualidade. Esse é um primeiro trabalho, unir os interesses para evitar a evasão, a desistência e a distorção. O segundo trabalho é trabalhar o interesse do aluno em um momento no qual a informação é muito rápida, em dois sentidos. Aí é a formação do professor, para que ele se comporte como um mediador de interesses dentro da sala de aula, em que os jovens chegam fervilhando. Imagine uma aula de vegetação, de clima, onde o menino entrou no Google e já viu como é o cerrado, por exemplo. A gente tem defendido no Ensino Fundamental II que se acabe com esse sistema enfileirado de crianças, onde você tem um aluno olhando para a nuca do outro, para que se trabalhe os círculos de discussão sobre temas. Estimular também a cultura do aprender fazendo, para que eles aprendam com os próprios erros. 

Nós tivemos uma greve recente dos professores em Salvador, que durou mais de 30 dias, e contou com um episódio marcante: a agressão da Guarda Municipal a professores da rede municipal. Essa é a forma de diálogo que a prefeitura tem com a categoria?
Esqueça. Claro que não. Aquilo foi fatídico. Não há justificativa para aquele fato. Jamais se reprime ideias com violência. Aconteceu aquele momento, em que todos os nervos estavam inflamados. Também não acho que trancando todas as portas de um prédio público seja a melhor forma de se dialogar. Foi vendido que não houve diálogo com a categoria por um grupo dissidente, radical da APLB. Naquele momento muito inflamado, puxaram um guarda - o guarda com uma atitude que está sendo apurada pela prefeitura. Ninguém coaduna com esse tipo de postura. Claro que a foto fica marcada, mas, se você for pegar todo o filme, vai ver que tudo foi feito com muito diálogo. Não existe política de repressão. Foi a defesa de um monumento e aquilo gerou uma foto que não fica bem.

 

O senhor chegou a dizer, em uma entrevista, que é natural que, em um contexto como aquele, no qual manifestantes fecharam a entrada da Secretaria de Educação, a Guarda fosse acionada para intervir. Então o senhor acredita que é natural o uso de spray de pimenta e gás lacrimogêneo em uma ação contra professores?
Não, jamais. Legitimar ação de agressão não existe por nenhum ente da prefeitura de Salvador. Ninguém vai para qualquer tipo de situação para agredir. E não houve nenhum tipo de agressão, o que houve foram medidas de dispersão. Se você me perguntar se foi dada alguma ordem para tal atitude, eu te respondo que jamais. Foi um pedido de suporte para nossos colaboradores que queriam entrar no prédio. Acho que deveriam também olhar pelo lado do bom senso: “Vamos lá, vamos deixar um contingente mínimo”. É assim que é o regime de greve. 

Depois da greve, como está a relação com o sindicato? Como as reivindicações da categoria estão sendo atendidas?
Já estamos com os avanços de níveis sendo publicados, como foi acordado. Tenho tido reuniões frequentes com a APLB para discutir o processo de eleição dos diretores. Publicamos a comissão eleitoral já no dia 15. Eu queria fazer a eleição agora em dezembro, mas eles têm o conceito, que eu acho válido, de que, em dezembro, as pessoas que compõem a comunidade escolar estão viajando. Repusemos os pontos das pessoas, eles estão também repondo as aulas, reorganizando o calendário. Eu considero a relação com o sindicato muito positiva. Acho que saímos mais próximos depois disso.

Tem se discutido bastante uma proposta de educação à distância para o ensino fundamental. Como você avalia a efetividade de uma proposta como essa? A experiência dentro de uma sala de aula, num espaço físico da sala de aula, não é também saudável para o processo educacional dos alunos?
Eu vou ser bastante taxativo. Criança e jovem têm que lidar com criança e jovem, precisam socializar. É a fase da vida que a gente tem para socializar. É a fase da construção de amizades, de gente que você vai lembrar porque foi seu parceiro, passou por situações com você. Ensino à distância tem seu lugar hoje em uma conjuntura de Brasil, mas acho que em uma faixa de maturidade em que o ser humano já tenha passado por uma vivência social escolar. Escola não é apenas espaço de conteúdo. É lugar de convívio, harmonia, de respeitar limites, de se disciplinar. A escola não dá pra ser à distância. Tem que ter o estímulo do mediador, do professor como um todo. Essa é minha visão. Não defenderia o ensino fundamental à distância. 


Gualberto foi o seu padrinho na prefeitura de Salvador. Agora com ele fora da política, desistiu de tentar a reeleição, o senhor se sente órfão na política por causa disso?
O partido não é só composto por João, temos também aí o Adolfo Viana, um cara com quem tenho uma conexão muito boa. Tem o Tiago Correia, um cara bacana. Acho que o PSDB na Bahia está muito bem representado por João. Nós temos uma conexão bacana. Ele é um político sério. Ele saiu da política hoje, mas quem sabe volta depois em um cargo Executivo.

Falando em Executivo, se Gualberto disputasse a prefeitura de Salvador em 2020 contra Bruno Reis, quem o senhor apoiaria?
Eu não tenho voto para apoiar ninguém, na verdade. João Gualberto tem uma ótima relação com Neto. Neto é uma grande liderança, um político de futuro, é um cara que, com certeza, tem uma pujança a longo prazo. Mas eu acho que Bruno hoje é o nome do prefeito, isso ficou claro. E eu vejo João Gualberto muito alinhado a ACM Neto. É cedo para tratar sobre qualquer tipo de assunto. Mas Bruno Reis, pelo que se desenha, é o candidato de ACM Neto. É muito cedo para conversas sobre qualquer tipo de conjuntura em qualquer município, já me antecipando a qualquer conversa…

Em Lauro de Freitas é cedo também?
Muito cedo. Estou aqui para cumprir meu trabalho na prefeitura. Não sou candidato em Lauro de Freitas.

Mas quais são suas pretensões em relação a 2020 para a cidade?
Não tenho, nesse momento, nenhum interesse político para a cidade. Vejo que a gestão em Lauro de Freitas é totalmente destoante de Salvador. Você passa uma linha, um marco entre as cidades e vê isso.

Você deu uma declaração uma vez dizendo que a gestão em Lauro é “muito ruim”. Uma declaração com um caráter oposicionista, de tom político, de indicação de algo para 2020.
Não, isso está descartado. Isso não é nem bom neste momento. Temos que pensar em uma Câmara de Vereadores mais forte em Lauro. Acho que as oposições devem se unir para formar um nome forte. Estou disposto a colaborar, mas, de forma nenhuma, interesse ser prefeito nesse momento. Tenho interesse finalizar a gestão na Educação.

Você não tem interesse nesse momento…
Ninguém é prefeito sozinho. Até 2020, tanta água vai passar por debaixo desse rio.

Mas as candidaturas não necessariamente começam a ser trabalhadas em cima do pleito. Bruno Reis, por exemplo, dá sinais de que já trabalha a candidatura dele desde agora, fim de 2018.
Bruno Reis é vice-prefeito da cidade e Neto não vai para a reeleição. É uma outra conjuntura. E o cara é um gestor competente. Se engana quem pensa que Bruno é apenas um político. É um cara extremamente qualificado. Um gestor de uma aglomeração absurda.

Pelo visto, você já tem quem apoia entre Bruno e Gualberto em 2020…
Bruno tem minha admiração e Gualberto também. Os dois, como gestores, são excelentes. Mas eu participei de projetos com Bruno na prefeitura e sei que o cara tem punch para liderar e para gerir. Acho que essa comparação entre os dois não cabe. 

O PSDB não saiu em uma conjuntura favorável ao partido. Alckmin teve um desempenho que surpreendeu negativamente, teve redução de bancada no Congresso, figuras como Aécio Neves com situação delicada em relação à opinião pública. O que o partido vai precisa fazer agora?
Vou fazer uma análise olhando para dentro do PSDB, ao contrário do militante do PT, que faz análise dos erros do partido apontado para o PSDB. O partido passa por um momento de reflexão interna. Essas eleições nos deram oportunidade para a gente refletir sobre nossas atitudes. Temos gente nova entrando no partido, assumindo cargos importantes, como o próprio Adolfo Viana. A liderança de João é fantástica. Você tem uma figura histórica como Jutahy, que continuará dando sua contribuição. Mas precisamos definir como queremos encarar os próximos pleitos, tanto nos municípios, no estado e em relação ao governo federal. Ainda estou em uma linha muito baixa do PSDB, mas tenho minhas opiniões e acho que a gente precisa refletir como vamos conduzir o partido. O que convido hoje é que a sociedade se faça essa pergunta: quem você votou na última eleição? Não vamos discutir política só em ano de eleição. A sociedade precisa acompanhar o cara em quem votou. Tem que acabar com essa política do me ajude. O voto é uma procuração que você dá para o cara fazer por você. Como você dá uma procuração e depois esquece? Tem que ser o voto do acompanhamento e da cobrança.