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Entrevista

PCdoB cobra mais espaço no governo Rui Costa: 'Na crise nós somos partido de primeira' - 25/06/2018

Por Júlia Vigné / Ailma Teixeira

PCdoB cobra mais espaço no governo Rui Costa: 'Na crise nós somos partido de primeira' - 25/06/2018

Esquecidos no processo de escolha das posições titulares da chapa do governador Rui Costa (PT), o PCdoB não esconde a insatisfação com a condução do processo feita pelo gestor petista. O partido comunista, que pleiteava uma candidatura ao Senado na majoritária da situação, pode acabar com a suplência do segundo candidato ao posto, o presidente da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), Ângelo Coronel (PSD). Presidente do PCdoB no Estado, o deputado federal Davidson Magalhães ressalta que a sigla foi uma das primeiras a apoiar o projeto dessa gestão para cobrar mais espaço nos debates internos. “Nós temos interesse nesse processo e precisamos ser ouvidos da mesma forma que os outros partidos porque nós não podemos ser considerados apenas na crise, porque na crise nós somos partido de primeira, aí no momento de definição das questões, nós também precisamos ser um partido de primeira, de discussão, de estar ao lado nesse processo de decisão”, argumenta Magalhães. Em entrevista ao Bahia Notícias, ele conta que, ao avaliar o saldo já garantido por outras legendas da base aliada, eles perceberam que o apoio ao projeto eleitoral do PCdoB em 2018 “ainda é insuficiente”. Os planos da sigla incluem a eleição de quatro deputados estaduais e pelo menos três federais. Já no âmbito nacional, Magalhães destaca que o partido deve seguir em frente com a candidatura da deputada gaúcha Manuela d’Ávila à Presidência da República, mas admite a chance de um recuo em prol de uma união entre os postulantes do mesmo segmento. “A possibilidade de desistência só ocorreria num quadro de formação de uma unidade, se isso se desse num quadro de formação de uma chapa única ou de uma chapa mais ampla de centro-esquerda”, pondera o parlamentar, acrescentando a necessidade de uma chapa que permita a retomada do “governo central no Brasil”. Mas sabe que não vai ser fácil. Magalhães acredita aqui, sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa eleitoral e sem essa coligação entre as esquerdas, o segmento pode nem ser representado em um eventual segundo turno das eleições.

 

Jaques Wagner disse que havia uma preferência deles por ter alguém do PSB na suplência. Como é que vocês viram isso? Você se sentiu desprestigiado?

Não, o que conversaram conosco é que não era alguém do PSB, era Lídice. Então, essa é uma diferença importante, uma coisa para acomodação de uma chapa, para manutenção da unidade do grupo, coesão... A suplência poderia ser cedida para Lídice. Nesse sentido, nós entendemos que, para uma composição maior pela unidade do grupo, que é o que nós sempre batalhamos, isso se poderia entender. Agora por um outro nome dentro do PSB ou de qualquer outro partido, efetivamente não foi isso que foi conversado conosco.

 

Como é que vocês vão agir, caso isso aconteça?

Nós estamos aguardando a conversa com o governador. A nossa insatisfação é porque começa a surgir as informações e nós achamos que é uma forma incorreta de dialogar com as forças, que é através da imprensa. À imprensa, você dá informações depois de estar reunido, discutido. Por isso que nós não achamos conveniente e estávamos sentindo que tinha um clima todo nessa direção e que, efetivamente, o que estava sendo transpirado para a imprensa estava de fato acontecendo sem a nossa participação. Várias reuniões com outras forças políticas, não foi com uma, mas com diversas, e nós nos sentimos alijados desse processo, por isso que nós reagimos. O PCdoB foi a primeira força a apoiar Rui, mesmo antes do PT ter definido que o nome era ele, nós já tínhamos apoiado. Fizemos uma reunião, na casa do ex-presidente à época, o Daniel Almeida, quando ele estava com 5% das pesquisas, nós apoiamos ele. Então, eu acho que é um processo. À medida que você faz uma proposta a um aliado e essa proposta vai sendo alterada pelo contexto, você tem que ir conversando com o aliado e não, ao final da conversa, dar o resultado. Por isso, nós reagimos com isso aí. Todas as forças precisam ser respeitadas no processo, independente do seu tamanho, da sua força e, no caso do PCdoB, que tem uma força razoável na Bahia, é uma condição grande, então precisava ser levado em consideração nesse contexto.

 

Wagner disse pra gente também que foi uma surpresa a indignação do partido, justamente com essa ausência lá no forró de Rui Costa. Como é que vocês entendem essa avaliação do ex-governador? Vocês estão realmente indignados com essa questão?

Nós nos sentimos alijados do processo de conversa porque nós tivemos algumas conversas com Wagner, duas conversas com Rui, isso tem mais ou menos um mês e esperamos os desdobramentos. Tem força que está acompanhando esses desdobramentos no dia a dia e nós não estamos sendo consultados pra isso. O PCdoB não pode ser encarado como um partido só confidente na crise porque em todas as crises que passaram, tanto no governo federal, o PCdoB foi um partido de frente. Isso aconteceu, inclusive, com a própria Dilma, que nós fomos consultados na crise para fazer o diagnóstico, mas levar em consideração nossas opiniões não foi feito nesse período. Quando estava na crise, aí nós fomos um partido confidente. Então, nós temos que ser confidentes e de confiança na crise e também nos momentos positivos de avanço e na construção da solução. Por isso é que a gente se sentiu efetivamente afastado.

 

Corre nos bastidores que o partido não quer a suplência de Angelo Coronel. Quais os motivos?

Não é que o partido não queira a suplência de Angelo Coronel, nem temos nenhuma resistência a Coronel nem ao PSD, tanto é que nós apoiamos Coronel para a presidência da Assembleia Legislativa. Não é esse o problema, o problema é um problema de método, de forma, de como se reúne com os partidos, como se discute, como se pactua politicamente as coisas. A nossa irritação foi exatamente nesse sentido, de estar sendo visto por imprensa relacionando nomes do partido em tal ou qual suplência. Não foi esse o contexto, o nível do debate que nós fizemos com o governo, especialmente porque o governador é o condutor do processo. Nós entendemos que ele é o condutor do processo, mas entendemos que nós fazemos parte disso, nós temos interesse nesse processo e precisamos ser ouvidos da mesma forma que os outros partidos porque nós não podemos ser considerados apenas na crise, porque na crise nós somos partido de primeira, aí no momento de definição das questões, nós também precisamos ser um partido de primeira, de discussão, de estar ao lado nesse processo de decisão. Nos incomodou bastante isso e aí terminou indo aquele negócio porque estava criando um clima de ‘não, está confraternizando, está tudo bem’, mas não está. Então, até pra evitar constrangimento, eu quero dizer que eu gosto muito de forró. Eu vou para um dos melhores forrós da Bahia, que é o de Ibicuí. Todo ano eu estou lá, então gosto de forró. Foi pra não criar constrangimento porque ia estar ali vários partidos já sabendo o que estava acontecendo e a gente meio que fora dos acontecimentos, num estágio extremamente avançado. E está aí vendo a crise que está bastante estabelecida e ainda assim as coisas não estão resolvidas.

 

O PCdoB foi um dos partidos que pediu pra Rui adiar o anúncio da chapa?

Eu encontrei pessoalmente com o governador em Itabuna e eu falei: ‘governador, está se falando que vai ter anúncio da chapa, não foi conversado conosco. Nós temos uma conversa lá atrás sobre um determinado cenário e precisamos ser ouvidos’. Se isso foi levado em consideração, e eu acho que foi, pode ter sido levado em consideração, mas era porque precisava ouvir a nossa opinião. Nós entendemos que a correlação de forças é um dos instrumentos mais importantes dos elementos indicadores para composição da chapa e essa força que une aqui na Bahia PDT, PP, PSD, PT, PSB, PCdoB, PR, Avante e Podemos... Todos esses partidos estão juntos. Nós sempre buscamos essa questão de unidade, agora o que tem que ser levado em consideração, levando em consideração sua correlação de força, a sua participação na construção do projeto, como foi a participação dos partidos nesta construção de projeto, eu acho que tudo isso são elementos importantes para ser levados em consideração.

 

E tem alguma possibilidade do partido sair da base se vocês não conseguirem essa suplência?

Não porque nós estamos num projeto. O projeto que o partido ajudou a construir desde a primeira eleição de Wagner quando ninguém acreditava, desde a eleição de Rui quando também... Aliás, me lembro que a primeira grande atividade que foi realizada por Ru, já como pré-candidato, foi no sul da Bahia. E foram duas candidaturas de deputado que sustentaram bastante esse evento lá e uma foi nossa, então acho que isso tem que ser levado em consideração. Nós não somos um partido de boquinha nem de bocão, nós somos um partido de projeto, nós estamos num projeto da Bahia que está dando certo e tem grande aceitação pela população. Nós apostamos nos dois mandatos de Wagner, nesse mandato de Rui, esse é um projeto exitoso. Nós fazemos parte desse projeto, esse projeto não pertence a uma pessoa nem a um partido, pertence a um conjunto de partidos, um conjunto de pessoas que emprestaram talentos individuais, força política para ajudar na construção das alternativas.

 

Se Lídice for candidata ao Senado, o PCdoB toparia conversar pra ter a suplência dela?

Sempre nos recusamos a entrar nessa polêmica ‘Lídice e Coronel’ porque o PCdoB tem candidato pra Senado. Nós temos, inclusive, Alice [Portugal], que situou bem nas pesquisas, foi candidata a prefeita de Salvador, deputada federal, deputada estadual, uma grande liderança. Então, acho que nesse espaço, está na hora da vez do PCdoB. Nós nunca entramos nessa polêmica porque nós temos nossos próprios pleitos dentro dessa polêmica aí, entendeu? Não temos veto a ninguém, mas disputamos o nosso espaço.

 

Mas o que vocês querem agora é a suplência de Wagner?

Nós estamos na disputa ainda porque o governador não anunciou nada, o único que tem vaga garantida é ele, Leão e Wagner. Então, nós estamos aguardando sermos comunicados oficialmente, nos recusamos a opinar sobre hipóteses. Tem assim: ‘e se for isso? Não sei’. Tem que aguardar o condutor do processo, que é o governador, pra que a gente decida alguma coisa em relação a isso. Agora, nós não acompanharemos nenhum tipo de atitude fora dessa composição. Nós estamos dentro desse projeto e achamos que esse projeto é tão forte que o concorrente principal resolveu não concorrer. Então, não seremos nós que iremos enfraquecer esse projeto.

 

Agora, nacionalmente, o senhor acredita que a candidatura de Manuela d'Ávila é mais para marcar uma posição ideológica do PCdoB?

A candidatura de Manuela d’Ávila cumpre um objetivo porque nós estamos ainda, digamos assim, fragmentados. A esquerda está fragmentada, ainda a nível nacional. Nós não temos uma candidatura que possa, como no passado foi a candidatura de Lula, que conseguisse unificar todas as forças de esquerda. O Lula hoje, nossa liderança política principal da oposição, está encarcerado. Na nossa opinião, faz parte da segunda etapa do golpe impedir que ele saísse candidato. À medida que isso aconteceu, nós vimos que o cenário político no Brasil é um cenário político que está marcado por uma série de problemas. Primeiro, há um desmonte do Estado Nacional, da base produtiva do Estado Nacional, um desmonte das políticas sociais. O que está agora no Congresso Nacional, inclusive essa semana, relativo ao pré-sal, é um prejuízo enorme para o desenvolvimento nacional. Querem entregar parcela significativa dessa riqueza para as multinacionais, então nós estamos diante desse quadro, nós estamos num regime de certa exceção no Brasil, onde só recentemente o Supremo Tribunal começou a tomar posições "garantivistas" porque até condução coercitiva era tratada como uma prática corriqueira para pessoas fazerem depoimentos, pessoas que não eram nem julgadas, mas já era condenada pública e politicamente pela forma como eram conduzidas a fazer seus depoimentos, sendo retiradas de casa pela Polícia Federal. Esse quadro político é muito delicado. Diante dessa dificuldade, nós não concordamos com a tática de fortalecimento, nós achamos que nós precisamos ganhar a eleição e não marcar posição. Nossa posição do PCdoB não é marcar posição nessa eleição, mas acho que tem mais possibilidade de ganhar eleição e, assim, começar a reverter esse golpe que foi dado. Agora, se cada partido começar a pensar no seu interesse, isso não vai se dar. Então, nós lançamos Manuela para levar à frente a nossa mensagem em relação ao projeto de reconstrução nacional, o projeto de desenvolvimento nacional e, segundo, a busca da unidade política para termos um diálogo em relação à busca da unidade política. Isso nós vamos construir. Nós estamos ainda tentando, mesmo dentro dessa fragmentação, buscar a articulação mínima de um campo mínimo para passar para o segundo turno. Mas não basta passar pra o segundo turno. Eu me lembro, tinha umas eleições aí que você já sabia que o cara passava pra o segundo turno, mas sabia que o cara não ganhava, não tinha como ampliar eleitoralmente para ganhar no segundo turno. Então, esse tipo de raciocínio não é o raciocínio correto, principalmente diante da gravidade que o país está vivendo. Nós respeitamos a tática de cada um dos partidos, mas nós não estamos nessa tática. Nós queremos buscar uma unidade política para nós ganharmos as eleições e a candidatura de Manuela é um importante instrumento para cumprir esse objetivo. Por exemplo, ela teve a visita aqui recente. Nós levamos ela em Itabuna, fizemos um encontro regional com mais de mil pessoas, fizemos um encontro em Conquista, levamos ela no centro, na Ford, em Camaçari, levamos em Juazeiro, que foi um evento enorme no domingo, trouxemos ela aqui em Salvador. Então, foi uma caravana que foi feita pra Manuela e demonstrou esse potencial que tem a candidatura. Segunda-feira eu estou acompanhando ela no [programa] Roda Viva, em São Paulo, eu acho que a candidatura dela cumpre esse papel porque se nós não a tivéssemos agora, nós não estaríamos sentados na mesa para as outras coisas políticas, discutindo quais são as opiniões do PCdoB e ajudando nesse processo de construção até quebrar certas arestas que existem entre algumas forças de esquerda pra tentar viabilizar uma chapa que consiga ampliar politicamente porque só esquerda não ganha eleição no Brasil. Nós temos que ter uma chapa que reflita uma frente mais ampla politicamente pra gente retomar o governo central do Brasil.

 

O senhor confirma a possibilidade dela desistir da eleição para a Presidência da República em prol de uma candidatura de centro-esquerda?

A possibilidade de desistência só ocorreria num quadro de formação de uma unidade, se isso se desse num quadro de formação de uma chapa única ou de uma chapa mais ampla de centro-esquerda. Caso não ocorra, nós vamos com a candidatura dela até o final porque aí foi uma impossibilidade de firmar um compromisso maior, então aí a gente está vendo que é necessário mesmo a gente fazer um apelo no primeiro turno, levar até a população brasileira nossa posição e no segundo turno tentar isso, mas nós lutamos pra que isso ocorra no primeiro turno. Pode, com a dispersão das forças de esquerda no primeiro turno, não termos nenhum representante no segundo turno.

 

Na sua avaliação, a decisão do PT em insistir na candidatura de Lula prejudica os partidos de esquerda nesse momento?

Não, eu acho que existe uma tática do PT, que eu respeito, compreendo a lógica da tática do PT. A prisão de Lula é um absurdo. Aliás, eu estive lá presente no dia em que Lula foi preso, em São Bernardo. É um absurdo completo, mas é o seguinte: nesse momento, a melhor forma de libertar Lula, de dar a liberdade de Lula é a gente ganhar as eleições para restabelecer o clima democrático no Brasil. Não sei se um candidato do PT, com o quadro de acirramento, de dificuldades que nós vivemos, será suficiente. Pode até ser para passar para o segundo turno, mas, na minha compreensão, poderá ter dificuldade de ganhar a eleição e nós precisamos ganhar a eleição no Brasil. O PT é muito importante porque sem esse legado de Lula não se ganha eleição no Brasil. Agora, quem vai estar personalizando esse legado se Lula não puder ser candidato, se Lula puder ser candidato é uma outra história, mas se Lula não puder ser candidato, nós precisamos fazer com que alguém que personifique esse legado possa ampliar politicamente para nós derrotarmos essas forças conservadoras e reacionários no Brasil. Minha compreensão pessoal e a do partido é que dificilmente uma candidatura do PT nesse quadro que nós temos conseguiria ultrapassar o suficiente para ganhar a eleição. Lula é outra coisa. Sem Lula, eu acho difícil e pode passar para o segundo turno, mas sem um candidato bom para ser derrotado no segundo turno porque aí nós temos o Brasil extremamente dividido. Nós precisamos criar um clima no Brasil, inclusive, porque nós estamos vivendo uma crise econômica, que está transbordando com uma crise social. Você tá vendo aí, o índice de ocupação dos presídios do Brasil está de 175%. O Brasil saiu da quarta maior população carcerária pra terceira maior. Mapa da Violência. Nós estamos numa guerra civil não declarada. Então, é um quadro de crise social, um quadro de crise econômica e um quadro de crise institucional, onde as instituições têm fraca representatividade dentro da sociedade, fraco reconhecimento pela sociedade, um Judiciário politizado e não deveria ser isso. Então, nós estamos com um enfraquecimento. Um Executivo cercado, a beira de ir para prisão. Um Legislativo enfraquecido, sem capacidade de jogar o seu papel e um Judiciário que açambarca poderes dos outros dois, mas de uma maneira politizada, excedendo seu papel constitucional. Então, nós precisamos estancar essa crise institucional e retomar o caminho no Brasil e isso pode não ocorrer nessa eleição, se nós não conseguirmos uma candidatura que amplie politicamente, que dê essa certa sinalização na sociedade brasileira.

 

O senhor aposta em algum dos nomes que já estão postos aí pra fazer isso?

É possível ser construído. Nós temos o Lula, que se puder ser candidato, pode ser isso pela força política dele. A própria Manuela se tiver esse apoio, o Ciro. São três nomes que eu vejo assim com mais possibilidade de jogar esse papel porque os outros são a candidatura do mesmo, desse projeto que está aí. A Marina é uma candidatura talvez com uma maquiagem diferente, mas o fundo dela, os grandes mentores dela hoje são o Itaú, são pessoas ultraliberais e os outros todos representam esse campo. E o Bolsonaro é a exacerbação disso, é o fascismo travestido de democrata.

 

Você falou de Ciro. Como é que o partido de vocês viu o flerte dele com partidos de centro-direita?

Assim, o PP, por exemplo, faz parte da nossa base aqui, fez parte da base de Lula. Talvez conseguir atrair alguns partidos de centro não seja uma situação ruim. O Democratas eu já tenho dúvida porque o Democratas foi o que deu o golpe, foi uma das cabeças do golpe, dessa política conservadora que está aí. Agora o relator do Democratas, que é o [deputado José Carlos] Aleluia, está querendo entregar o pré-sal. Então, são pessoas comprometidas com outro tipo de Brasil, que não é o Brasil que nós lutamos. Acho que isso aí é mais complicado, mas tentar atrair partidos de centro, desde que o projeto seja conduzido com um objetivo nacional de desenvolvimento, eu não vejo dificuldade.

 

Com quais partidos o PCdoB tem mantido conversas nacionalmente?

Olha, o PCdoB teve uma conversa com o PDT. Conversamos com o PSOL, conversamos com o PSB, conversamos com o PT, temos conversado com o PP. Estamos conversando nesse campo e as informações mais recentes que eu tenho é que começamos com esse leque de partidos mais progressistas.

 

O PSB fez uma plenária pra definir o caminho. Vocês vão seguir o mesmo estilo, fazendo uma plenária internamente no partido?

Nós temos uma comissão política, que é responsável por fazer a avaliação do quadro político, já vem fazendo isso. Nós estamos só aguardando essa conversa com o governador pra fazer uma com a comissão politica pra tomarmos nossa decisão, esse é o nosso foco.

 

 

O senhor disse que chegou a conversar com Rui em Itabuna, que o senhor foi procurar por ele. Por que o senhor acredita que Rui não conversa com o PCdoB?

Não sei. Eu acho que talvez tivesse mais amadurecendo as propostas para conversar conosco. O problema é que, como essas propostas estavam se apresentando muito consolidadas, aí nós achamos que passou um pouco do limite da conversa e da consulta. Por isso que a gente fez essa solicitação de nos ouvir, conversar, levar em consideração porque não é só um anúncio. Entendemos que ele que deve ser o condutor do processo, que tem legitimidade e força política pra isso, mas que tem os objetivos de cada um dos partidos e vários partidos foram beneficiados nesse processo. O PSD mesmo não tinha deputado estadual, passou a ter três deputados estaduais, formou até bancada na Assembleia, que não tinha elegido, com apoio do governo do Estado, ganhou mandato na Assembleia Legislativa com apoio do governador. O PR, o PP, todos esses partidos, em certa medida, foram discutindo. Então, nós sentimos que nós precisamos fazer parte do projeto e ajudar o nosso projeto eleitoral. Nós achamos que o apoio ao nosso projeto eleitoral de 2018 ainda é insuficiente, levando em consideração o que está acontecendo com as outras forças. Aí sim, nós ficamos muito preocupados com isso. Às vezes, pelo tamanho dos problemas que o governador tem na cabeça, pela agenda, pela correria, às vezes não consegue dimensionar isso, mas quem está sentindo está dimensionando. Por isso, nós falamos porque talvez ele não tivesse a dimensão de como isso está afetando o nosso projeto eleitoral em 2018.

 

Qual a expectativa de vocês, em números, pra eleição de parlamentares?

Acho que a gente elege quatro deputados estaduais e três deputados federais. Dos quatro que a gente está lançando, acho que a gente pode eleger os quatro, mas a meta nossa é, no mínimo, três.

 

Inclusive você?

Inclusive eu.