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Entrevista

Ângelo Veiga sinaliza que empresas com planejamento estavam mais preparadas para enfrentar o cenário econômico - 20/04/2015

Por Luiz Fernando Teixeira / Fernando Duarte

Ângelo Veiga sinaliza que empresas com planejamento estavam mais preparadas para enfrentar o cenário econômico - 20/04/2015
Fotos: Cláudia Cardozo/ Bahia Notícias

Administrador pela Universidade Federal da Bahia (Ufba) e sócio-fundador do Instituto Planos, empresa especializada em consultoria empresarial e desenvolvimento de Salvador, Ângelo Veiga tem também experiência em cargos de diretoria e gerência em empresas privadas e organizações do terceiro setor. Em entrevista ao Bahia Notícias, o consultor sinaliza que as empresas que traçaram um planejamento adequado estavam mais preparadas para enfrentar o cenário econômico atual, porém o desconhecimento tem sido uma das dificuldades enfrentadas pelo Instituto Planos. “Muitas empresas cresceram muito na década passada, tiveram um crescimento vertiginoso e não se estruturaram e não se organizaram para isso”, avaliou Veiga. Para rebater momentos delicados, o consultor mostra a receita: “nós acreditamos que as pessoas são o princípio, o meio e o fim de qualquer negócio”. Leia mais na entrevista da semana do Bahia Notícias.
 
Gostaria que o senhor, rapidamente, começasse explicando quais são as atividades que o Instituto faz e que tipo de cliente vocês têm aqui na Bahia.
O Instituto Planos completa este ano, agora em junho, 10 anos. Apesar de nós já termos 15 anos na área de consultoria empresarial, mas a marca Instituto Planos completa 10 anos agora. Nós trabalhamos na área de planejamento, tanto estratégico quanto executivo, e mais do que o planejamento, a gente trabalha também com o acompanhamento, mas, fundamentalmente, voltado para o desenvolvimento de pessoas. E nós acreditamos que as pessoas são o princípio, o meio e o fim de qualquer negócio. Você pode falar em processo, pode falar em equipamentos ultramodernos, mas sempre vai ter uma pessoa por trás, operando um equipamento, ou implantando e modernizando um processo, um procedimento. Então, a pessoa é o princípio, o meio e o fim de tudo. Dito isto, nós trabalhamos muito no desenvolvimento das pessoas porque pessoas felizes são mais produtivas e para que pessoas felizes possam estar num contexto onde o planejamento seja feito com eficácia e eficiência, para depois você ter o acompanhamento disso. Essa é uma das áreas do instituto, que é a consultoria empresarial e o desenvolvimento humano. E nós também temos um software especializado na área de acompanhamento e planejamento, que dá suporte a todo este trabalho.
 
Nessa questão do desenvolvimento humano, vocês incentivam atividades em grupo de funcionários? O que exatamente vocês pensam? Palestras? O que vocês desenvolvem?
Em termos de desenvolvimento humano, a gente tem vários seminários, assim como palestras. Agora os treinamentos são voltados para diversas áreas das empresas. Por exemplo, nós trabalhamos a liderança empresarial humanista, voltada para as pessoas, não só a liderança, mas a liderança humanista. Trabalhamos com a formação de times, trabalhamos com cultura empresarial, trabalhamos com atendimento ao público, chamado “Encantado por você”, e alguns outros seminários e programas continuados para sempre ter profissionais cada vez mais motivados, cada vez mais felizes dentro do que eles fazem nas empresas.


 

O Brasil enfrenta uma crise econômica, não só o Brasil, mas uma crise que afetou o mundo, basicamente. O que pode ser feito, dentro deste planejamento empresarial, para que as companhias sobrevivam, de certa forma, a essa crise? Ou então que elas sejam afetadas de uma maneira mínima, se é que isso possível?
Planejamento deriva de uma palavra em latim chamada planus, que significa sem dificuldade. Então quando você planeja, você está tirando as dificuldades do seu caminho. Então, um momento de crise, como o que nós estamos vivendo realmente, é fundamental você exercitar esse planejamento. Você ter uma visão de futuro, a partir do cenário atual, e você definir que estratégias você vai ter para superar essas dificuldades que vão ter. A análise do cenário é extremamente importante, seja ele local, falando aqui, de Salvador, Bahia, seja nacional, seja até mundial. Aconteceu uma coisa interessante com as empresas de mineração de Serra Azul, Minas Gerais. Por eles não fazerem uma análise do cenário mundial, eles não perceberam que a China estava diminuindo a velocidade que eles compravam commodities, e empresas que valiam bilhões alguns anos atrás, hoje não valem absolutamente nada. Estão trabalhando para pagar suas dívidas. Então, o planejamento no momento como esse, é fundamental. E quanto mais você envolve as pessoas da empresa, principalmente as pessoas que estão no âmbito estratégico, para participar do planejamento, você vai conseguir pessoas comprometidas, você vai ter pessoas realmente dedicadas para superar esse momento difícil.
 
Essa crise atual era prevista? Vocês já trabalhavam com as empresas pensando nela? Ou foi uma coisa que chegou a surpreender?
Essa crise, para mim, é tragédia anunciada. O que nós vamos na área econômica e o que nós vemos na área política, também influenciando nisso, é resultado de uma política equivocada de governo, que nós já percebíamos que isso ia acontecer mais cedo ou mais tarde. Quando você tem contas públicas, onde você tem um descompasso entre receita e despesa, o resultado é esse que nós estamos vendo aí. A maioria dos nossos clientes já trabalhava com esse cenário e se preparava para isso. O cenário era muito fácil de ter sido visualizado no passado essa crise econômica que se apresenta hoje.


 

Como é que está o cenário atual aqui na Bahia? Existe uma boa perspectiva? Ou a crise ainda vai permanecer por um tempo maior?
Tanto aqui na Bahia, quanto no Brasil, eu não vejo perspectivas de melhoras a curto prazo. Então, nós vamos viver um momento necessário de ajuste. O atual ministro da Fazenda, Joaquim Levy, empresta uma credibilidade forte nesse ponto. Nós conseguimos não ser rebaixados na classificação de risco das agências especializadas, o que seria uma tragédia para o Brasil, e nós ainda vamos viver um ano ou mais de dificuldades econômicas. Mas, se continuarmos com este direcionamento atual da política econômica, a tendência será melhorar a médio prazo.

Como é que empresariado local está avaliando as mudanças econômicas, tanto do ministro da Fazenda, que está no início do governo, quanto até do governador Rui Costa aqui na Bahia, que elevou algumas taxas, a exemplo do ICMS?
Posso falar sobre os nossos clientes. Eles estão vendo com aspecto positivo, independente de posição partidária, estão vendo o governador com uma disposição de tomar medidas duras e acertadas para reconduzir o estado para um bom desempenho econômico e para um bom desempenho também no todo. Os nossos clientes estão vendo a atuação inicial, de pouco mais de quatro meses, mas estamos vendo de uma forma positiva a atuação dele.
 
Você disse que está nesse mercado há 15 anos, com o Instituto Planos há 10 anos. Ainda encontra algum tipo de resistência dos empresários para ter esse planejamento? Ou essa questão de ter essa consultoria empresarial já está enraizada em Salvador?
Não diria resistência, mas eu diria desconhecimento. Muitas empresas, muitos empresários – melhor dizendo -, não tem a consciência de que muitas empresas precisam de uma assessoria especializada em determinados pontos, seja financeiro, seja de planejamento, seja tributário, para realmente desenvolver os seus negócios. O que nós vimos é que muitas empresas cresceram muito na década passada, dos anos 2000 (até 2010), e tiveram um crescimento vertiginoso e não se estruturaram e não se organizaram para isso. Muitas vezes, eles são pegos de surpresa quando existe uma reversão da situação econômica como a que estamos vivendo agora. E, pela falta de análise e de acompanhamento de indicadores, sejam eles operacionais ou financeiros, eles desconhecem o que está acontecendo na empresa. É muito comum você ver empresários que não sabem se sua empresa dá lucro ou se dá prejuízo. Ou se às vezes ela dá lucro e não gera o caixa necessário para fazer jus a sua operação. Então, mais do que resistência, eu diria que é desconhecimento do empresariado sobre o tipo de apoio que ele pode ter de uma consultoria especializada.


 

É muito complicado conseguir convencer essas pessoas de que é realmente necessário ter esse tipo de consultoria? Ou eles só aceitam esse tipo de consultoria depois que eles veem que é um momento de crise e não tinham uma consultoria especializada?
Existem empresários que têm uma visão estratégica positiva e eu diria que todos os nossos clientes nos contrataram antes de começar a passar por dificuldades, sejam financeiras, sejam operacionais. Então, são empresários que visualizaram a necessidade de se profissionalizar, de motivar as suas equipes, de tornar as suas equipes cada vez mais profissionais para obter os resultados esperados. Quando a gente fala de resultados, é preciso deixar claro que a gente não está falando só de resultado financeiro, a gente está falando de resultado de produtividade, de resultado de imagem, de formação de pessoas, além dos resultados financeiros, que óbvio, se não der, a empresa fecha as portas. Mas existem muitos empresários que sim, eles nos contrataram antes de perceber ou de sentir os efeitos de qualquer crise, tendo a necessidade de se estruturar, de se profissionalizar.