Usamos cookies para personalizar e melhorar sua experiência em nosso site e aprimorar a oferta de anúncios para você. Visite nossa Política de Cookies para saber mais. Ao clicar em "aceitar" você concorda com o uso que fazemos dos cookies

Marca Bahia Notícias
Você está em:
/
Entrevistas

Entrevista

Diogo Medrado diz que Copa ajudou São João com presença de turistas estrangeiros - 23/06/2014

Por Evilásio Júnior / Carol Prado

Diogo Medrado diz que Copa ajudou São João com presença de turistas estrangeiros - 23/06/2014
Fotos: Rebeca Menezes / Bahia Notícias
Indicado ao cargo pelo Solidariedade no fervor das articulações eleitorais, o recém-empossado presidente da Bahiatursa, Diogo Medrado (SDD), chegou em abril à empresa mista já com uma difícil missão: administrar, simultaneamente, as demandas turísticas da Copa do Mundo e do São João. Para ele, apesar de o protagonismo ser do futebol este mês, os festejos juninos têm tirado vantagem da invasão de estrangeiros em Salvador. “A gente, até agora, tem conseguido agregar muitos turistas à festa”, disse, em entrevista ao Bahia Notícias. Embora sua nomeação não tenha sido suficiente para selar o apoio da sigla ao pré-candidato petista ao Executivo do Estado, Rui Costa – o partido anunciou que seguirá ao lado de Paulo Souto (DEM) rumo às eleições de outubro deste ano –, Medrado garante que permanece como auxiliar do governador Jaques Wagner (PT) pelo menos até dezembro. Até porque, seus principais planos de gestão, atualmente, são para o período pós-Mundial, quando – ele reconhece – a demanda de turistas deve cair muito por conta da baixa estação. “Acho que a demanda terá deficiência, previsivelmente. Por isso, queremos fortalecer o Centro de Convenções. Dessa forma, mesmo nos períodos mais fracos em termos de turismo tradicional, podemos conseguir atrair um público corporativo, de negócios”, explicou. Correligionário do deputado federal baiano Luiz Argôlo (SDD), alvo de processo do Conselho de Ética da Câmara por suspeita de envolvimento no esquema de lavagem de dinheiro chefiado pelo doleiro preso pela Polícia Federal Alberto Youssef, o chefe da Bahiatursa e secretário-geral da legenda aposta na inocência do colega e assegura que o partido não quer a renúncia, tampouco a expulsão do parlamentar. “Soube que foi arquivado o processo dele no conselho de ética do partido. Eu acredito também que isso deve acontecer na Câmara dos Deputados. O Solidariedade tem dado apoio no que ele precisa”, afirmou.  
 

Fotos: Rebeca Menezes / Bahia Notícias
 
Bahia Notícias – Este ano, em comparação aos anteriores, a programação do São João do Pelourinho tem atrações mais fortes. Foi uma mudança estratégica por conta dos jogos da Copa do Mundo na cidade?

Diogo Medrado – Não. A gente quis fazer uma grade mais diversificada. Mesclamos o São João mais popular, com bandas mais famosas, e a tradição da Bahia. A intenção maior foi fazer uma programação que atendesse ao maior público possível, desde adolescentes até idosos.

BN – O senhor acha que o São João da Bahia, especialmente no interior, pode perder força por conta da competição com a Copa? 

DM – No interior, a gente fez uma parceria com a Secopa [Secretaria Estadual para Assuntos da Copa do Mundo] e a Setur [Secretaria de Turismo da Bahia], em uma ação em que colocamos telões em cerca de 12 cidades. Em Salvador, eu acredito que a gente, até agora, tem conseguido agregar muitos turistas à festa. O Pelourinho recebeu também um público grande da Região Metropolitana e de cidades do interior. 

BN – Há como mensurar o real aproveitamento desses turistas que vieram para assistir aos jogos da Copa nas festas de São João da Bahia?

DM – Em dados ainda não. É uma questão de visibilidade. No dia 18 [de junho], dia da abertura do São João do Pelô, por exemplo, dava para ver que havia muitos turistas na festa. Até porque em cada rua, em cada bar tem uma transmissão de jogo, seja em telões ou televisores.  

BN – As ações ligadas ao Mundial são mais concentradas na Secopa. Mas, de que forma a Bahiatursa tem participado da operação de recepção dos turistas?

DM – A gente tem atualmente alguns SATs, que são as unidades do Serviço de Atendimento ao Turista. No aeroporto, no Porto de Salvador e na rodoviária. Fora isso, temos postos da Bahiatursa também no Pelourinho e nos principais shoppings da cidade. Neles, há guias e monitores, todos com broches que indicam os idiomas que falam. Aumentamos a quantidade de fluentes em idiomas além do inglês e do espanhol. Até agora, o serviço está muito bem qualificado, como foi na Copa das Confederações. Nosso trabalho em relação à Copa é só mesmo na base do receptivo. 
 

BN – Depois da Copa e do São João, quais serão os focos da Bahiatursa?

DM – Primeiramente, vamos dar foco à revitalização do Centro de Convenções da Bahia. Acho que nosso grande desafio é justamente esse, não é Copa e não é São João. Botar um novo não dá – é difícil inventar a roda em seis meses. Mas a gente vai consertar muita coisa. Por exemplo, temos um projeto que vai entrar em licitação, em parceria com a Sucab [Superintendência de Construções Administrativas da Bahia], para reformar o sistema de ar-condicionado, já que, hoje, se você ligar o segundo e o quarto andar simultaneamente, cai tudo, nada funciona. Estamos também resolvendo na Justiça a questão dos elevadores e escadas rolantes. Quem ganhou a concorrência para fornecer os equipamentos foi a [empresa] Atlas e, para fazer a manutenção, a vencedora foi a Otis. Só que a Otis às vezes se recusa a oferecer o material da Atlas e aí acaba ficando como está hoje, as escadas rolantes não funcionando em alguns andares e os elevadores também com um serviço ruim. 

BN – Então o planejamento é focar no turismo de negócios?

DM – A gente tem também projetos relacionados ao turismo tradicional. Estamos tentando viabilizar um voo direto para a África. Se conseguirmos concretizá-lo, vamos anunciar junto com o Festival de Cultura Negra – nome inicial que demos para um evento que estamos planejando para a Semana da Consciência Negra em todo o estado. A ideia é pegar todos os movimentos afros e fazer um circuito específico pra esse tipo de público, com música, cultura e gastronomia. 

BN – Em algumas cidades-sede da Copa, como Cuiabá, por exemplo, o trade tem se preocupado com a ameaça de inutilização de certos equipamentos turísticos expandidos para o torneio – como vagas em hotéis – no período após o Mundial, quando a demanda deve diminuir bastante. Salvador corre o risco de ficar com “sobras” no setor, considerando que estamos prestes a entrar na baixa estação?

DM – O principal fator de vinda de turistas é, de fato, o sol e praia. Por conta do período de inverno e chuva que vamos passar a partir de agora e durante o segundo semestre, acho que a demanda terá deficiência, previsivelmente. Por isso que queremos fortalecer o Centro de Convenções. Dessa forma, mesmo nos períodos mais fracos em termos de turismo tradicional, podemos conseguir atrair um público corporativo, de negócios, que tem saído de Salvador. 

BN – Há algum grande planejamento da Bahiatursa para o próximo verão?

DM – Depois do São João, vamos começar a intensificar esse planejamento. Até agora, temos a ideia de fazer um evento no Dique do Tororó, em celebração ao início do verão. Não só com música, mas com apresentações teatrais, competições esportivas etc. Estamos estudando as possibilidades. De qualquer forma, até por questões burocráticas, a gente tem que deixar planejado Réveillon, Carnaval e mais tudo que for acontecer até fevereiro, já que poderemos ter uma mudança de gestão. 
 

BN – Você pretende ficar na próxima gestão?

DM – Eu vou discutir em casa (risos)

BN – Você foi indicado pelo Solidariedade, partido que declarou apoio ao candidato oposicionista ao Executivo do Estado, Paulo Souto (DEM), mas, mesmo assim, foi mantido na presidência da Bahiatursa pelo governador Jaques Wagner (PT). A legenda está rachada?

DM – O apoio do Solidariedade a Paulo Souto foi uma orientação nacional. Já estava acordado mesmo, não tinha jeito. A gente fundou o partido na Bahia e teve a compreensão de Paulinho [da Força, presidente nacional da sigla], em liberar os deputados Marcos Medrado e Luiz Argôlo para permanecer na base de apoio a Rui Costa [pré-candidato ao governo baiano pelo PT]. Já é um grande avanço. Quanto à parceria com o governador, é uma coisa natural. A gente estava com Wagner desde o início do governo dele. Eu não vejo discrepância nisso. 

BN – Como está a situação do deputado federal Luiz Argôlo (SDD) dentro do partido, após o vazamento de conversas entre ele e o doleiro preso pela Polícia Federal Alberto Youssef?

DM – Eu não estou acompanhando isso pessoalmente, por conta de toda essa demanda de São João etc. Eu soube que foi arquivado o processo dele no conselho de ética do partido. Eu acredito também que isso deve acontecer na Câmara dos Deputados. 

BN – Houve, em algum momento, orientação do partido para que ele renunciasse ou deixasse a sigla? 

DM – Não. Até onde eu sei, nunca foi cogitado isso. 
 

BN – O partido confia na inocência dele?

DM – Ele tem que provar. E está fazendo na Câmara e no conselho de ética da legenda. O Solidariedade tem dado apoio no que ele precisa. 

BN – Caso Paulo Souto vença as eleições, com o apoio do Solidariedade, o senhor, independentemente da posição de seu pai [o deputado federal, Marcos Medrado (SDD)], passa a fazer parte da base do democrata ou continua com Wagner?

DM – Eu sigo a orientação de Marcos Medrado.