Ap&oacute;s ser contemplada pelo edital Natura Musical, a cantora, dan&ccedil;arina e pesquisadora baiana Nara Couto se prepara para lan&ccedil;ar seu disco de estreia &ldquo;Retinta&rdquo;, previsto para sair no final deste m&ecirc;s nas plataformas digitais. Antes disto, a artista liberou, nesta sexta-feira (5), a faixa-t&iacute;tulo - uma parceria com Ellen Ol&eacute;ria -, que tamb&eacute;m ganhou clipe dirigido por Edvaldo Raw e Preta Ferreira.&nbsp;

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A can&ccedil;&atilde;o chegaria ao p&uacute;blico na semana anterior, entretanto, em virtude da morte de Letieres Leite - grande refer&ecirc;ncia e produtor de um projeto anterior da artista -, a data acabou adiada. Mas, antes mesmo deste triste imprevisto, o &aacute;lbum &ldquo;Retinta&rdquo; j&aacute; havia subvertido um pouco os planejamentos de Nara. Isto porque o disco &ldquo;Contipur&acirc;nia&rdquo; (<a href="https://www.bahianoticias.com.br/cultura/entrevista/220-contipurania-nara-couto-evoca-ancestralidade-em-show-de-novo-cd-no-tca.html" target="_blank">saiba mais</a>), que seria o primeiro da carreira da cantora, estava quase conclu&iacute;do quando ela decidiu alterar a rota.&nbsp;

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&ldquo;Eu vou lan&ccedil;ar ele&nbsp;porque &eacute; um projeto muito bonito mesmo! Eu acredito muito nesse projeto, s&oacute; guardei porque esse momento da pandemia me mostrou novos pensamentos e novas reflex&otilde;es, e eu precisava pegar tudo que estou sentindo e compartilhar. Eu acho que a melhor forma de compartilhar o que eu estou pensando e sentindo &eacute; atrav&eacute;s do meu trabalho. Ent&atilde;o eu arquivei, guardei em uma caixinha bem bonita, pra colocar pra fora em outro momento&rdquo;, conta a artista, destacando a urg&ecirc;ncia de expressar sentimentos intensos e mensagens inadi&aacute;veis como justificativa para criar o &ldquo;Retinta&rdquo;.&nbsp;

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&ldquo;Esse &aacute;lbum que est&aacute; vindo agora quer falar um pouquinho sobre como eu me sinto e o que eu quero transmitir agora, neste momento. Ent&atilde;o &eacute; uma fala sobre afetividade de diversas formas, diversos caminhos, e a&iacute; vem [o single] &lsquo;Retinta&rsquo; encabe&ccedil;ando nosso amor, enaltecendo minha pr&oacute;pria exist&ecirc;ncia e a de mulheres como eu&rdquo;, detalha a baiana. A partir de muita pesquisa, consulta a obras de escritoras como Maya Angelou e Bell Hooks, al&eacute;m de conversas com homens e mulheres, Nara imprimiu no projeto seu olhar sobre a afetividade, &ldquo;trazendo o amor como uma a&ccedil;&atilde;o, como valor &eacute;tico e social&rdquo;, mas sem excluir o amor rom&acirc;ntico, que tamb&eacute;m faz parte da constru&ccedil;&atilde;o social.

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Com nove faixas, o disco &ldquo;Retinta&rdquo; traz outras vers&otilde;es da artista. Dito isto, ela pede aos seus seguidores que estejam &ldquo;bem abertos&rdquo; para a novidade. &quot;&Eacute; um momento muito novo tamb&eacute;m pra mim, ent&atilde;o os arranjos s&atilde;o bem diferentes. Eu mantenho a minha ess&ecirc;ncia, que s&atilde;o as percuss&otilde;es de origem afro-baiana, e eu estou trazendo tamb&eacute;m um pouco da m&uacute;sica eletr&ocirc;nica&rdquo;, alerta a cantora, que assina a produ&ccedil;&atilde;o, junto com Faustino Beats.&nbsp;

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O ineditismo pauta ainda o envolvimento da artista na constru&ccedil;&atilde;o do disco, visto que ela afirma estar inserida no processo &ldquo;do in&iacute;cio ao fim&rdquo;, como nunca esteve em outro projeto pessoal. &ldquo;Acho que cada vez mais eu tenho me aprofundado, desde a composi&ccedil;&atilde;o, do que eu queria falar do &aacute;lbum, at&eacute; esse &uacute;ltimo minuto, que &eacute; a finaliza&ccedil;&atilde;o pra que voc&ecirc;s ou&ccedil;am&rdquo;, avalia.

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No campo das composi&ccedil;&otilde;es - todas encomendadas com as refer&ecirc;ncias solicitada por ela - , al&eacute;m da faixa-t&iacute;tulo de Nara e Ellen Ol&eacute;ria, o disco traz uma parceria dela com a cantora, compositora e multiinstrumentista Marissol Mwaba, al&eacute;m do toque de autores do novo cen&aacute;rio baiano, a exemplo de Hiran e Donna Liu em outras can&ccedil;&otilde;es. &ldquo;Eu trago esse novo respiro tamb&eacute;m. Me senti provocada mais uma vez, eu acho que &eacute; uma caracter&iacute;stica do meu trabalho estar sempre trabalhando em conjunto, em comunidade. As pessoas que eu tenho parceria, que eu escrevi, eu sempre chamei pra tamb&eacute;m estar junto, porque eu acredito que quando a gente faz um &aacute;lbum que fala de afetividade, n&atilde;o pode ser apenas sobre o meu olhar, mas &eacute; uma hist&oacute;ria que precisa ser contada por outras pessoas tamb&eacute;m&rdquo;, pontua.

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Um dos destaques do projeto, a faixa &ldquo;Saudade&rdquo;, retrata bastante o estado emocional da cantora ao decidir se dedicar ao novo projeto. &ldquo;Como muitos brasileiros, eu tive uma perda significativa na minha fam&iacute;lia e eu quis escrever sobre isso, sobre a falta da exist&ecirc;ncia dessa pessoa. Porque ter saudade de algu&eacute;m que se foi &eacute; por conta do excesso do amor que a gente tem. Quando a gente sente amor, a gente sente falta. Eu queria tamb&eacute;m retratar esse caminho da afetividade&rdquo;, explica.&nbsp;

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<img alt="" src="/fotos/entretenimento_noticias/42070/mg/WhatsApp Image 2021-11-04 at 13.28.42..jpg" style="width: 380px; height: 293px;" /> 
Segundo Nara Couto, o primeiro single &eacute; um &eacute; &quot;um grito, clamor da mulher preta retinta invizibilizada na sociedade e &eacute; a mais pura milit&acirc;ncia para que a gente construa um futuro diferente&quot; | Foto: Thi Santos / Divulga&ccedil;&atilde;o

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&lsquo;RETINTA&rsquo;

Segundo Nara, o primeiro single, &ldquo;Retinta&rdquo;, foi escrito por ela no in&iacute;cio de julho de 2020 e logo em seguida a produ&ccedil;&atilde;o teve in&iacute;cio. &quot;Eu liguei pra Ellen [Ol&eacute;ria], eu estava em Salvador na &eacute;poca. Depois eu me mudei pra S&atilde;o Paulo, ent&atilde;o foi tudo muito virtual, foi um processo muito minucioso. Foi pensado, pesquisado. Cada ritmo, cada instrumento que foi colocado&rdquo;, lembra a baiana, explicando que a can&ccedil;&atilde;o vem com a proposta de valorizar as mulheres retintas e convidar as pessoas a abandonar o &ldquo;olhar comparativo&rdquo;. &ldquo;Por isso na faixa eu falo que convoco as mulheres do meu cl&atilde;, que s&atilde;o as mulheres negras de todos os tons de pele. E quando a gente aprecia uma mulher retinta a gente consegue apreciar todas as mulheres de todas as paletas de cores&rdquo;, assinala.&nbsp;

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O lan&ccedil;amento da can&ccedil;&atilde;o junto com um clipe n&atilde;o poderia ser diferente, visto que a linguagem visual &eacute; uma caracter&iacute;stica marcante da pr&oacute;pria Nara como artista. &ldquo;Quando eu penso em m&uacute;sica eu penso em imagem. Eu sou bailarina, minha primeira forma&ccedil;&atilde;o art&iacute;stica &eacute; a dan&ccedil;a, ent&atilde;o, quando eu penso no som, imediatamente vem a imagem, ou a imagem vem antes do som. Eu sabia que queria fazer um clipe onde eu tivesse minhas refer&ecirc;ncias e pessoas que fossem refer&ecirc;ncia para todo mundo. E s&atilde;o as mesmas, as quatro mulheres que s&atilde;o refer&ecirc;ncias pra mim e pra muitas pessoas&rdquo;, pontua a cantora.

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Assim como no disco, a baiana se envolveu ativamente no processo de cria&ccedil;&atilde;o do conceito para o videoclipe. &ldquo;E eu queria que tiv&eacute;ssemos existindo. Eu sei que parece uma coisa t&atilde;o simples, mas n&oacute;s sabemos que existir &eacute; um exerc&iacute;cio. &Eacute; uma luta nossa, pra estar nas telas essas mulheres de tons mais escuros. Ent&atilde;o, tem essas cinco mulheres retintas na mesma tela, juntas, conversando, rindo. Essa era a primeira imagem que eu queria que existisse&rdquo;, conta Nara. &ldquo;E depois eu fui passando algumas refer&ecirc;ncias para os diretores, eles entenderam o que eu queria transmitir e foram bem fi&eacute;is a todo contexto que eu tinha levantado. Eu fiquei muito satisfeita&rdquo;, lembra a artista, sobre o trabalho junto a Edvaldo Raw e Preta Ferreira.&nbsp;

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Confira a faixa-t&iacute;tulo &quot;Retinta&quot;:

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Para homenagear o maestro e compositor baiano Letieres Leite, que morreu aos 61 anos na semana passada (<a href="https://www.bahianoticias.com.br/cultura/noticia/42014-criador-do-rumpilezz-maestro-letieres-leite-morre-aos-61-anos.html" target="_blank">saiba mais</a>), a TVE Bahia exibe nesta quarta-feira (3), &agrave;s 20h, o document&aacute;rio &ldquo;UPB &ndash; Tempestade Emocional&rdquo;, dirigido por Cec&iacute;lia Amado. A produ&ccedil;&atilde;o vai ao ar ainda no dia 7 de novembro, &agrave;s 18h.

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Tamb&eacute;m idealizada pelo artista, a obra aborda o m&eacute;todo de ensino musical desenvolvido por ele e&nbsp;aplicado no Coletivo Rumpilezzinho. O m&eacute;todo em quest&atilde;o tem abordagem &uacute;nica na m&uacute;sica brasileira e parte das pesquisas do maestro sobre os ritmos e g&ecirc;neros de matriz africana.

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Como parte das homenagens ao compositor baiano, vai ao ar tamb&eacute;m na emissora, o show &ldquo;Letieres Leite Quinteto Convida Mou Brasil&rdquo;, realizado durante o Festival Rumpilezz de 2021. A apresenta&ccedil;&atilde;o, que &eacute; in&eacute;dita em TV aberta, ser&aacute; exibida no dia 6 de novembro, &agrave;s 18h30, e reexibida no dia 7, &agrave;s 20h e dia 12, &agrave;s 20h30.

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