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Marca Bahia Notícias

Notícia

Mariene de Castro promove encontro com fé e cultura popular nesta sexta em Salvador

Por Jamile Amine

Mariene de Castro promove encontro com fé e cultura popular nesta sexta em Salvador
Foto: Divulgação

Para celebrar suas duas décadas de carreira e colocar em pauta temas importantes, que vigoraram no passado e perduram na atualidade, Mariene de Castro volta à capital baiana com o projeto “Santo de Casa”. Depois de duas edições, em janeiro e fevereiro, ela retorna ao palco do Espaço Cultural da Barroquinha nesta sexta-feira (22), a partir das 18h. 


“Está fazendo dez anos que o DVD foi gravado, mas o ‘Santo de Casa’ já aconteceu durante oito anos em Salvador e a gente ficou sete anos sem fazer, desde que eu fui para o Rio de Janeiro. A gente acabou não fazendo por falta de patrocínio, de interesse dos órgãos públicos também”, lembra a artista, que mesmo com a falta de apoio decidiu bancar o retorno. “Porque eu acho que é um projeto cultural, e com isso ele deveria ser incentivado pelo governo e pela prefeitura. E esse ano, a gente completando esse ciclo e também comemorando os meus 20 anos de carreira, ainda que sem patrocínio, ainda que sem incentivo, eu resolvi fazer esse encontro da cultura popular. E muito também fortalecida com a ideia de falarmos sobre tantas questões que a gente está vivendo no Brasil, dentre elas a intolerância religiosa”, explica Mariene. 


Justamente para promover o diálogo e o combate à discriminação, o evento será aberto por um encontro inter-religioso, que contará com a participação de lideranças de diversos credos. Dentre os confirmados estão o Pastor Djalma (Igreja Batista), José Medrado (Espiritismo), Pai Rafael (Umbanda), Pastor Bruno (Anglicano), Mãe Jaciara (Candomblé), Padre Alfredo (Anglicano) e o Monge Saunaka Rsi Dasa (Movimento Hare Krishna na Bahia). Sobre o preconceito - não só relacionado à fé, mas também a questões de gênero e raciais -, aparentemente mais forte nos dias de hoje, a artista destaca que ele sempre existiu, mas estava velado. “Acho que agora há uma energia que as pessoas estão realmente mais violentas, frias, individualistas. Houve a quebra da família, que descompensou muito as pessoas”, avalia Mariene, destacando que não se refere, no entanto, ao modelo de “família retrógrada e de padrões militares”, mas àquele com base no respeito e afeto, como em sua casa, onde predomina a “linguagem do amor” e o diálogo. “Meus filhos vivem cheios de colares, montam figurinos o tempo inteiro. Eles têm uma irmã menina que eles penteiam, brincam de maquiar, e nem por isso. Quando isso é saudável, natural e espontâneo, há respeito”, conta a cantora. 


Mariene pontua ainda alguns fatores da vida contemporânea que considera distanciar as famílias deste caminho da paz e da tolerância. “Eu acho que as pessoas estão muito ligadas a questões materiais, modernidades tecnológicas das coisas, televisão, séries, aos desenhos. As crianças vivem com os joguinhos, têm o tablet de ponta nas mãos, mas às vezes não têm um afeto, não têm sentar pra fazer uma oração. Uma oração quando você levanta pra tomar um café e chama seus filhos pra rezar... Isso independe de religião”, avalia a artista, afirmando ainda que “as coisas simples da vida é que fazem humanos grandiosos” e que a “única salvação” que acredita é investir nas crianças: “Os adultos do jeito que estão, acho muito difícil uma solução amigável”. 


Citando o caso recente do homem que agrediu uma mulher durante quatro horas, no Rio de Janeiro, ela ressaltou que pessoas como ele “não temem a nada e nem a ninguém” e precisam de um reestabelecimento interior para estar de volta à sociedade. “Essas pessoas precisam sim de um basta”, afirma, lembrando que tais condutas estão totalmente distantes do que Jesus e outros líderes religiosos deixaram de mensagem de paz para a humanidade. “É como se a gente estivesse vivendo uma guerra, só que essa guerra não é mais velada. Já está mais do que anunciada. Uma guerra espiritual, de energias densas, de pessoas violentas. Mas as máscaras estão caindo. Cada um está mostrando quem é. Porque pra mim, quem é nasce feito, índole é uma coisa que você nasce com ela. Lógico que se você se trabalhar melhora a natureza de cada um. É uma busca constante, para ser um ser mais bacana você precisa estar buscando isso e tem gente que não está buscando nada”, pondera. 

 

MÚSICA E GASTRONOMIA
Após as discussões religiosas, o evento terá ainda muita música. Nesta edição, dedicada a homenagear ao Recôncavo baiano, além da anfitriã, se apresentarão os grupos Chula de São Braz e Voa Voa Maria de Matarandiba. “O projeto ‘Santo de Casa’ é o encontro da cultura popular, sempre trouxemos grupos que ficam lá no interior, que a cidade não conhece, que é quem faz a cultura do nosso povo, mas que não tem visibilidade. Então, é trazendo o santo dessa casa, santo que nesse caso faz milagre”, explica Mariene de Castro. “Esse projeto parte do ditado popular de que 'santo de casa não faz milagre'. E quando comecei a minha carreira eu ouvia muito falar que eu teria que sair da Bahia para ser reconhecida aqui. Que a Bahia não reconheceria meu trabalho, assim como a Bahia não reconhece o samba da Bahia”, lembra a cantora, salientando, no entanto, que não foi este o motivo de sua mudança para o Rio de Janeiro, em 2011. “Eu nunca resolvi sair daqui, eu tive que sair daqui. Sair de Salvador não foi uma escolha minha, foi uma condição do que eu estava vivendo naquele momento, que é outro assunto que a gente tem falado muito, do feminicídio, da violência contra a mulher. Um dos fatores de eu ter saído de Salvador foi por conta disso. E a gente volta pro ‘Santo de Casa’ sete anos depois para falar de tudo isso”, conta a cantora.


Para completar a ambientação do tributo ao Recôncavo baiano, o projeto também terá espaço para a gastronomia. “O ‘Santo de Casa’ essa semana vem também com dona Mariquita, com comidinhas do Recôncavo”, conta Mariene, que subirá ao palco com um resgate de sambas clássicos, além de canções autorais de sua discografia. Desta vez a anfitriã estará acompanhada de Roberto Mendes e do palhaço Biancorino (Alê Casali), como convidados especiais. 

 


Evento terá aprsentações da Chula de São Braz, Dj Lara Luzuah e Voa Voa Maria de Matarandiba | Foto: Divulgação

 

NOVOS PROJETOS
Depois da temporada em Salvador, o “Santo de Casa” segue em turnê durante o ano de 2019, inclusive com uma edição especial de São João. Além disso, Mariene revela que está se preparando para gravar um novo trabalho.


A artista conta também que está envolvida em um novo projeto, ao lado de Jongo da Serrinha, com estreia nos dias 29 e 30, no Teatro Rival, no Rio de Janeiro. “É um projeto chamado ‘Roda a Baiana’, que é um encontro dos sambas de roda com o Jongo”, explica. “E a gente estreia também a turnê ‘Acaso Casa’, com Almério. Ele é um artista pernambucano, um super intérprete, um artista que eu fico muito feliz de estar fazendo um projeto com ele, inclusive ele veio pro ‘Santo de Casa’, participou da edição anterior, foi lindo”.


Cerca de três anos após último trabalho como atriz, quando interpretou Dalva, na novela “Velho Chico”, Mariene conta que a música, por agora, será o foco principal. “Tentaram alguns convites, mas eu achei que não era o momento e nem era o projeto”, diz a artista.

 

SERVIÇO
O QUÊ:
Mariene de Castro "Santo de Casa"
QUANDO: Sexta-feira, 22 de fevereiro, a partir das 18h
ONDE: Espaço Cultural da Barroquinha, Centro, Salvador-BA
VALOR: R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia) - Lote promocional