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Mulher e cultura: produzindo novos lugares

Por Sílvio Humberto

Mulher e cultura: produzindo novos lugares
Foto: Reginaldo Ipê/ Divulgação

É no campo da cultura, da construção dos símbolos e representações que se dão os principais embates sobre construção e desconstrução de imagens, lugares e privilégios na sociedade. O simbólico é a fronteira entre a manutenção ou a transformação das realidades.

 

No caso do lugar da mulher na sociedade, em particular, este campo mostra aspectos interessantes. A mulher é maioria na população brasileira. Maioria que se mantém nas universidades, nas audiências dos meios de difusão de conteúdo e, é possível dizer, que também no consumo dos chamados bens culturais (espetáculos teatrais, de dança e de música, exposições, mostras etc.).

 

Em campos profissionais muito específicos, ligados à difusão cultural, como as áreas da Comunicação, há um número razoável de mulheres atuando. No entanto, a despeito dessa vantagem numérica e da luta das mulheres pela construção de novos lugares para o feminino na sociedade, o que vemos ainda é a manutenção de muitas construções simbólicas que aprisionam as mulheres em caixas. Que as violentam e cristalizam imagens contra as quais muita energia já foi empregada.

 

Estes aspectos permitem refletir sobre a importância do consumo destes bens e do refinamento da crítica daquilo que se produz, tendo em vista a qualificação dos conteúdos. Mas mostram também que, mais do que consumir, escrutinar e criticar é preciso produzir. É no campo da produção cultural e na construção de novos olhares que reside a plataforma para a construção dos almejados novos lugares. Já temos muitas mulheres nesse campo. Mas a experiência nos mostra que é preciso cada vez mais.

 

Temos ciência do risco à presunção que a abordagem desse tema por um homem pode incorrer. Mas temos conhecimento também de que esta é mais uma caixa a ser quebrada. Que a luta contra os “ismos”, que aprisionam, inviabilizam e matam, não pode ser travada apenas pelas suas vítimas. Precisa ser encampada por um exército muito maior. Precisamos de muitos mais nas frentes de batalha. A produção cultural é apenas uma delas.

 

* Sílvio Humberto é professor da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), vereador e presidente da Comissão de Cultura da Câmara Municipal de Salvador