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Concessionárias entravam movimentação da economia

Por Cláudio Cunha

Concessionárias entravam movimentação da economia
Foto: Acervo pessoal

Há algumas semanas, estamos publicamente ampliando uma importante discussão que tem permeado o trade imobiliário nos últimos meses. Os entraves enfrentados pelas construtoras com as concessionárias responsáveis pelo fornecimento de energia, água, telefone e gás - serviços básicos na moradia - têm tomado proporções preocupantes.

 

Gostaria de fazer uma análise mais aprofundada sobre o assunto para enfatizar e tentar entender os pormenores que entremeiam esse contexto. Para isso, partimos da óbvia premissa que tais serviços, especialmente os de água e luz, são fundamentais para a entrega de qualquer imóvel. O atraso ou a recusa no fornecimento desses serviços afetam não somente os processos de construção, mas também impedem que novos empreendimentos saiam do papel.

 

É exatamente esse quadro que, lastimavelmente, temos visto com frequência. Com ameaças no fornecimento de tais serviços, as construtoras recuam nos novos projetos e entram num contra fluxo da recente retomada da economia, que indica melhores cenários em diversos setores.

 

Ao invés de impulsionar a expansão imobiliária e a movimentação econômica que o setor opera, as concessionárias atuam contra a conjuntura de recuperação. A empresa responsável pelo fornecimento de água na Bahia, por exemplo, se recusa ao diálogo sobre o assunto e continua sem dar sinais de preocupação com a questão.

 

Após passar anos sem planejar corretamente a expansão da sua rede de captação e distribuição de água, e do seu sistema de captação de esgoto, a concessionária tem evitado discutir o problema com os representantes do setor imobiliário, descumprindo o seu compromisso legal enquanto prestadora de serviço primordial.

 

Uma simples extensão de rede, necessária em áreas que o serviço ainda não está disponível, não consegue ser realizada pela instituição - que tem obrigação pública de fazê-lo. Mesmo arcando com os custos das extensões, as empresas ainda precisam esperar por um prazo de seis meses a um ano para conseguir que as mesmas sejam certificadas e passem a funcionar.

 

Além de empurrar para as construtoras a conta de custos que deveriam ser seus, a concessionária ainda ocasiona o atraso no lançamento de novas empreitadas e a demora na entrega das chaves de condomínio em construção, prejudicando famílias que sonham e aguardam pelo novo imóvel.

 

Com a empresa responsável pelo fornecimento de energia, a situação não vai muito diferente. Atualmente, temos registrado um atraso de cerca de seis meses em quase 100% das obras realizadas em Salvador e região metropolitana por conta das exigências e burocracias impostas pela concessionária.

 

O argumento usado pela empresa é de que o trabalho só pode ser realizado após a obra estar pronta, com um prazo de mais 180 dias para conclusão. Uma medida descabida, já que em um contexto sensato e equilibrado, as concessionárias de energia devem fazer o seu trabalho concomitantemente com o prazo de execução da do empreendimento. Sem atrasos na entrega do imóvel para o comprador.

 

Com um faturamento anual superior a 1,1 trilhão, o mercado imobiliário representa 6,2% do PIB do país e é responsável direto por influenciar a arrecadação do governo. Além disso, somente a construção civil absorve 12,5 milhões de pessoas. Sem contar com o atacado e varejo do setor, que ocupam 1,054 milhão de trabalhadores.

 

São todos esses setores, e as pessoas envolvidas direta e indiretamente nessa cadeia produtiva, que ficam à mercê, na Bahia, de concessionárias que não cumprem seu papel fundamental com a sociedade. Que desestimulam novos negócios, travam a economia e se recusam a negociar sobre isso. Uma situação insustentável e que ainda não mostra sinais de melhoras.

 

* Cláudio Cunha é presidente da ADEMI-BA (Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário da Bahia)

 

* Os artigos reproduzidos neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do Bahia Notícias