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Aves da rapina sempre à espreita

Por Vicente Pithon

Aves da rapina sempre à espreita
Foto: Acervo pessoal

Na natureza selvagem, as aves de rapina estão sempre à espreita. Farejam qualquer gota de sangue. Costumam fazer voos circulares sobre presas em potencial. Não vacilam em atacá-las, ao menor sinal de fragilidade.

 

Bastou cairmos para a série B do campeonato brasileiro, em prolongada crise técnica que deve, sim, ser cobrada e reclamada de seus dirigentes eleitos, de maneira natural e democrática, que os fantasmas de um passado que imaginávamos enterrado voltam a assombrar as hostes azul, vermelha e branca. Em releituras delirantes do processo que instaurou a democracia no maior clube do Nordeste, não se acanham até de enfrentar e ofender o Judiciário Baiano, em ilações sobre a lisura dos desembargadores que se manifestaram em favor da intervenção judicial que garantiu as eleições livres e abertas do clube.

 

Além de escamotear a verdade, negam os fatos, já fartamente divulgados e comprovados documentalmente. Querem fazer o sócio e o torcedor do Bahia de bobos, de marionetes, como se não lembrássemos todos da história do “CPU que voltou”, das dificuldades impostas para ser sócio, das eleições fajutas de um Conselho forjado, do cabide pessoal de empregos para familiares e amigos, dos contratos nebulosos denunciados nos jornais e de tantas outras práticas administrativas nefastas e que quase extinguiram o clube.

 

Não, o torcedor do Bahia não é bobo. Ele sabe separar a cobrança natural e desejável por um time melhor, por contratações mais eficientes, por um diálogo maior com sua base de sócios e um desempenho em campo à altura de suas tradições, como todos queremos, da era das trevas, da captura completa de um clube social por um grupo de pessoas que sequer permitiam acesso de seus desafetos às suas dependências ou instâncias deliberativas. 

 

Hoje, no Conselho Deliberativo, situação e oposição têm espaços garantidos de manifestação e atuação. E ao fim do mandato, todos os sócios votarão diretamente para eleger novos dirigentes e conselheiros. 

 

Imaginam esse senhores que todos nós já esquecemos das passeatas, dos inúmeros protestos dentro e fora da Fonte Nova clamando por democracia e contra os desmandos que aconteciam. Querer confundi-la com rendimento em campo é mais uma demonstração das verdadeiras intenções de quem nunca se conformou com o ostracismo, com as páginas tristes e obscuras da história.

 

O Bahia é gigante. Merece (e irá!) voltar ao seu ciclo histórico de títulos e triunfos. A torcida jamais deixará de cobrar isso de seus dirigentes, e está em seu direito de fazê-lo. Mas quem esquece os erros do passado está condenado a repeti-los no futuro. E nós não permitiremos que as aves de rapina que ora gracejam, ao primeiro sinal de fragilidade ou gota de sangue, venham trazer novamente a sua coreografia macabra ao clube que amamos.

 

*Vicente Pithon é conselheiro do Esporte Clube Bahia

 

*Os artigos reproduzidos neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do Bahia Notícias