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Não somos idiotas

Por Lucas Figueredo

Não somos idiotas
Foto: Acervo pessoal

Mais de um ano de pandemia, 16 milhões de casos e quase meio milhão de mortes depois, a covid-19 segue sendo minimizada no Brasil.

 

Se no plano federal temos um governo completamente descomprometido com a doença, sendo um facilitador para a transmissão do Sars-Cov-2, nos planos estadual e municipal não ficamos para trás. O governador Rui Costa (PT) - que após o insucesso da compra da Sputnik V perdeu a mão no controle da pandemia- e o prefeito Bruno Reis (DEM) parecem brincar com a sorte. A Bahia ocupa a quinta colocação no ranking dos estados com maior percentual de vacinas aplicadas. Isso poderia significar muito. Mas não significa. O estado e capital estão com mais de 85% dos leitos ocupados. Ainda assim, prefeito e governador acharam por bem afrouxar as medidas restritivas.

 

Eles decidiram pela volta das aulas presenciais, reabriram os centros comercias, clubes sociais, praias e academias. Decretos restringindo a circulação de pessoas são praticamente uma lenda. Cederam a pressão e agora tentam responsabilizar a população.

 

Uma semana após o Dia das Mães, o secretário estadual de Saúde, Fábio Vilas-Boas, disse que a crescente no número de casos era reflexo dos encontros familiares. Claro. Só pode ser. Tem nada a ver com a corrida nos shoppings para comprar presentes, nem com a lotação máxima dos ônibus e do metrô.

 

Prefeito e governador querem passar uma falsa sensação de segurança. Dizem que a cidade e o estado têm condições de reabrir e vislumbram uma volta à normalidade e cogitam até a realização do Carnaval em 2022.Enquanto tudo corre as mil maravilhas na Bahia de Rui Costa e na Salvador de Bruno Reis, maravilhas, diga-se, que eles conseguem enxergar, o plano de retomada feito para ceder às pressões dos empresários empurram Salvador e a Bahia a um novo colapso e os gestores já se veem obrigados a recuar.

 

Por falar em São João, estamos a pouco mais de um mês para os festejos. Não há nenhuma restrição a circulação de pessoas no transporte intermunicipal, não há fiscalização no transporte clandestino, no comércio de fogos e bebidas. Festas clandestinas seguem acontecendo em todas as esquinas e a Sedur faz vistas grossas. Enquanto isso, o número de casos cresce vertiginosamente, mas esse crescimento, aliás, nada tem a ver com a permissividade do governador Rui Costa e do prefeito Bruno Reis. Tem a ver, é claro, com a falta de consciência da população e com a comemoração do São João que ainda vai acontecer.

 

Não somos idiotas! Ou os nossos governantes olham para a pandemia com seriedade, ou nunca sairemos dessa Caverna do Dragão.

 

*Lucas Figueredo é jornalista e autor do livro reportagem "Só por Hoje – A luta dos Dependentes Químicos em Reabilitação"

 

*Os artigos reproduzidos neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do Bahia Notícias