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Será que tudo está perdido para o Vitória?!

Por Rodrigo Santos

Será que tudo está perdido para o Vitória?!

Olhares pouco atentos, ou aqueles que não são “do ramo”, podem ter dificuldade para entender, à primeira vista, o labirinto no qual o clube se meteu, nos últimos anos. 

 

Como um time que conseguiu sair de uma, quase, falência e do inferno de uma Série C, em 2006, se destacandonacionalmente, em pouco tempo, dentro e fora de campo – fruto de um trabalho competente de dezenas de lideranças– pôde dar uma “marcha a ré” tão grande nos últimos anos, voltando a flertar com a terceira divisão, numa condição ainda pior que a de antes?

 

Em sua, ainda frágil, democracia, o clube cometeu três grandes erros eleitorais, diferentes, que não podem se repetir, caso o Vitória queira aproveitar aquela que pode ser a sua última oportunidade de se reinventar e construir um novo futuro grandioso:

 

1 - Em 2017, a ânsia de "renovar e democratizar" levou àmontagem – e vitória – de uma chapa de inclusão, aglutinação e "governabilidade", absorvendo a lógica do "ganhar primeiro e acomodar depois", da nossa mofadapolítica partidária;

 

2 - Em 2018, como uma espécie de 'mea culpa coletiva', fizemos o extremo oposto.  Sai o projeto coletivista, com excesso de vertentes e sem unidade de comando, entra "o exército de um homem só". Bastou este se mostrar uma falácia eleitoreira e... já era!  Não havia, sequer, um 'alterego', ao menos, pra remediar a situação;  

 

3 - Um ano depois, cansados dos "novos de mentira", elegemos "o velho de verdade".   Por raiva e ódio de projetos que "nos enganaram", evitamos a frustração, forrando a nossa ira - justa - ao votar em quem "nunca nos enganou, nem vai nos enganar". Incompetente, arrogante, obscuro, ultrapassado e egocêntrico!

 

Sabe o que é ainda pior que este "quatriênio do desastre" (com raízes, também, anteriores)?

 

Os três projetos contavam com gente muito boa e bem intencionada, nos diferentes grupos, muitos arrastados pra vala comum da história. Além de contarem, também e infelizmente, com os mesmos oportunistas de sempre, para participarem das três gestões, pular de todas elas e tentarem execrar simples eleitores, de cada uma delas, como forma de se manterem na condição de "centrão rubro negro". Aliás, como “abnegados e voluntários de ocasião”.

 

Nosso clube tem várias portas de saída, para quem sabe enxergar. Só não pode errar, mais uma vez. É pra quem já fez e provou, na gestão esportiva e em outros campos, no Vitória e fora dele. Chega de retórica vazia e “baluartes de goela”. Precisamos tomar cuidado com as armadilhas do caminho. 

 

Pra se pensar em elenco profissional competitivo e de Série A, com divisões de base, verdadeiramente, fortes – não com garotos que “sobem no susto” – novas e urgentesfontes/modelos de financiamento são fundamentais, sem dúvida.  Fontes, aliás, que a atual gestão, bem como seus antecessores, já demonstrou não conhecer, definitivamente. Mas, precisamos saber separar as coisas.  O primeiro passo para o Vitória de hoje deve serimplementar governança, transparência e mecanismos decontrole interno, baseados em pressupostos éticos, gestão impessoal e profissionalização.  Daí se discute modelos de captação.  Sem isso, não adianta discutir, pois só virá“dinheiro de mentira”.

 

E o que é dinheiro de mentira? 

 

Basta buscar no Google o case do Vitória S/A (vide depoimento de um ex-executivo de Minas, sobre "comissões e mentiras") ou a tragédia da S/A do Figueirense (em 2017 fizeram o que a gestão atual propõe para o ECV). Existem discussões que precedem a isto.  Principalmente, quanto à legitimidade de quem "cuida do cofre". 

 

Você colocaria seu dinheiro "naquelas" mãos? Se a sua resposta for NÃO, você tem juízo e sabe fazer conta. Então, por que o investidor, sério e profissional, seria diferente de você? 

 

Um bom exemplo é o novo marco regulatório dasSociedades Anônimas do Futebol (SAFs). Traz avanços? SIM! Mas tem que ser pensado com sabedoria e honestidade! 

 

Modelos como os do Red Bull Bragantino impõem o "empréstimo" de uma estrutura de futebol profissional, com repasse de uma pequena parte do lucro, que não se realiza no curto prazo, e retirada de 100% da estrutura e ativos na saída. Os "Claudinhos" da vida, vão direto para outros clubes da holding, em grandes centros internacionais, assim que aparecem bem.  Não fica "nada", nem há nada a fazer. 

 

Vai estar na série A, mas com uma "laje sobre a cabeça". Muito pouco para o tamanho e potencial de clubes como Vitória, Coritiba, Sport e cia. Serve para UNIRBs, Bragas, etc., sendo extremamente limitado, como modelo de negócio e de agremiação, para clubes de massa. Quem fala ao contrário, no Brasil, ou está intoxicado com frases feitas, ou está sendo desonesto intelectualmente, por interesses pessoais.

 

Infinitamente pior, o modelo proposto pela gestão atual - mesmo do Figueirense - reproduz o do início do século e, mais uma vez, tende a resolver os problemas de muitos, menos os do Vitória! 

 

O clube pode – e deve – se organizar, como uma grande plataforma de negócios.  Um ecossistema deEntretenimento, Futebol, Thec, Desporto, Educação, Saúde e bem estar. Isso sim, pode transformar as cotas de TV em "dinheiro de pinga". Mas é pra quem já fez e sabe fazer! Não pra conversadores!

 

Vitória pode e deve "TER empresas" e seus frutos, fortalecendo a agremiação centenária, seu patrimônio e suas raízes.  Não "SER" parte, minoritária e “sem apito”, nas mãos de um novo “ajuntamento empresarial”, entregando o clube, pelo preço dos direitos econômicos de um goleiro da base, para saciar a fome dos oportunistas, que nem legitimidade têm, para este tipo de operação.

 

Hora de reunir os melhores corações e mentes do clube, não pra “lotear alças de caixão”, mas para definir padrões, construir um projeto factível, motivar uma liderança real (f*d*, não um “garganteiro curioso” ou um “passado”) a assumir o clube e franquear apoio incondicional, para que uma equipe muito qualificada cumpra missão. 

 

O voo para o futuro do futebol, brasileiro e mundial, já está partindo. E esta é a última chamada!

 

Momento de decidir se embarcamos rumo à primeira classe, com um modelo disruptivo e transformador; se vamos seguir no “compartimento de bagagem”, apanhando que nem mala velha, por apostar em receitas do passado, como solução para  o complexo presente; ou, pior, se ficaremos parados na estação, sem embarcar, vendo esta “indiGESTÃO” acabar com o que resta da nossa esperança.

 

Última chance para nossa centenária instituição. É acertar ou morrer!

 

 

*Rodrigo Santos é Ph.D., especializado em Gestão, Educação, Política e Estratégica; ex-Diretor, ex-Conselheiro e Sócio SMV há mais de 10 anos; tem atuação, nacional e internacional, em Gestão Estratégica,Esportiva e do Futebol, entre outras áreas

 

*Os artigos reproduzidos neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do Bahia Notícias