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Representatividade importa

Por Rosemma Maluf

Representatividade importa
Foto: Acervo pessoal

Há exatos 89 anos, no dia 24 de fevereiro de 1932, por meio do Decreto 21.076, as mulheres brasileiras conquistaram o direito de votar. No cenário político, local e global, dois fatos recentes causaram grande repercussão na mídia: o número de mulheres no primeiro escalão da nova equipe do prefeito eleito Bruno Reis, dos 24 gestores do novo secretariado, 10 são mulheres, ou seja, 42% e a posse de Kamala Harris, a primeira mulher negra eleita vice-presidente dos EUA.

 

A sub-representação das mulheres nos espaços de poder tem raízes histórico-culturais longínquas e reflete a profunda desigualdade existente entre homens e mulheres. À medida que a sociedade foi se transformando nós, mulheres, fomos nos emancipando, passamos a pertencer a esfera pública do trabalho, a ocupar cargos, funções e espaços de poder que durante muito tempo foi percebido socialmente como um universo de domínio masculino. Adquirimos direitos e autonomia financeira, trazendo um novo dinamismo às organizações públicas e privadas, alinhado com os anseios da sociedade moderna que busca novas referências de liderança e formas de exercer o poder com mais transparência, colaboração e empatia. De acordo com artigo publicado na Harvard Business Review Home, assinado por Jack Zenger e Joseph Folkman, da Zenger / Folkman, consultoria de desenvolvimento de liderança, mulheres foram classificadas como líderes mais eficazes durante pandemia da Covid-19, indicando que a liderança feminina tem um melhor desempenho durante um período desafiador.

 

A evolução nos modelos gerenciais públicos, baseados na meritocracia, tem permitido que um número cada vez maior de mulheres ocupem espaços na gerência de órgãos, no comando da gestão pública e na política. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres são maioria no serviço público, representando 55% do funcionalismo nos âmbitos federal, estadual e municipal. No entanto, apesar de grandes conquistas, dos significativos avanços e do aumento da participação feminina na política ao longo dos últimos anos, ainda enfrentamos desafios que precisam ser superados e somos sub-representadas se comparado ao número de homens, indicando que a desigualdade no campo político e nos espaços de poder também pode ser reflexo de uma desigualdade nos campos cultural, social e econômico.

 

Apesar de representarmos mais de 51,8% da população e mais de 52% do eleitorado brasileiro, ainda somos minoria na política. E os números das Eleições Municipais de 2020, levantados pela área de estatísticas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mostram a baixa representatividade feminina na política do país. Foram eleitas, neste ano, 651 prefeitas (12,1%), contra 4.750 prefeitos (87,9%). Já para as câmaras municipais, foram 9.196 vereadoras eleitas (16%), contra 48.265 vereadores (84%). Ou seja, a cada 100 prefeituras, apenas 12 são comandadas por mulheres (Fonte:https://www.tse.jus.br/imprensa/noticias-tse/2020). Na esfera empresarial o cenário não é muito diferente, quanto mais alto o cargo, menor é a presença de mulheres no comando, principalmente a partir dos postos de alta liderança. No mundo, só 4,4% das vagas de CEO são ocupadas por mulheres segundo o estudo Mulheres nos Conselhos realizado pela Deloitte. No Brasil, esse percentual é menor ainda, apenas 0,8% (Fonte: https://6minutos.uol.com.br).

 

As abordagens mais modernas de gestão valorizam um trabalho que abrace os diferentes gêneros e a diversidade de uma forma ampla, principalmente porque diversas visões de mundo e experiências de vida são uma vantagem competitiva e ajudam na formulação de políticas públicas e tomadas de decisão. Temos desafios a serem superados, mas é muito importante nos vermos representada em uma equipe de governo e nos espaços de poder, é uma sinalização de mudança. Queremos participar como protagonistas e dividir responsabilidades na tomada de decisões que definem o rumo da nação. Para nós, mulheres, representatividade importa.

 

*Rosemma Burlacchini Maluf é empresária, vice-presidente da Associação Comercial da Bahia e Coordenadora Estadual da Câmara da Mulher Empresária da Fecomércio Bahia

 

*Os artigos reproduzidos neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do Bahia Notícias