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Queremos respeito à democracia e à diversidade religiosa

Por Fabya Reis

Queremos respeito à democracia e à diversidade religiosa
Foto: Divulgação

No nosso 21 de janeiro, Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, destacamos a importância do nobre debate que esta data provoca, as amplas reflexões e mobilizações por todo o Brasil. Em tempos propagação do ódio, desrespeito à Constituição Federal e violência contra a democracia, preferimos seguir dialogando, valorizando a vida, sua beleza e diversidade, a força e a fé da nossa gente. É dia de evocar o respeito à liberdade de crença ou, até mesmo, ao direito de não professar nenhuma fé.  

 

Nunca é demais rememorar que é justamente a Constituição, no seu artigo 5º, que declara ser inviolável a liberdade de consciência e de crença, assegurando o livre exercício dos cultos religiosos e garantindo legalmente a proteção aos locais de culto e suas liturgias. Praticamente um mantra gravado na mente daqueles e daquelas que militam na causa da diversidade religiosa, mas informação que parece ser insignificante para quem não respeita as diferenças e individualidades. 

 

Neste aspecto, lamentavelmente, o levantamento do Centro de Referência de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa Nelson Mandela, vinculado à Secretaria de Promoção da Igualdade Racial do Estado (Sepromi) aponta que em 2020, por exemplo, foram denunciados 29 crimes de ódio religioso, totalizando 232 desde a implantação do serviço, em 2013. 

 

Para reforçar estruturas como o Centro Nelson Mandela, estamos trabalhando no reforço à Rede Estadual de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa, colegiado formado por mais de 40 órgãos do poder público, Sistema de Justiça, universidades e sociedade civil, uma das pautas centrais de nosso planejamento estratégico para 2021.  

 

Ainda no conjunto de esforços destacamos cooperação firmada com a Secretaria da Segurança Pública (SSP), ação que já desdobrou na implantação do Centro de Referência Étnico Racial (Crer), capacitações de dirigentes e profissionais que atuam nas estruturas e órgãos vinculados.  

 

Esta semana, ressalte-se, também celebramos uma parceria fundamental com a Secretaria do Meio Ambiente (Sema) voltada à promoção de políticas públicas de regularização ambiental e desenvolvimento sustentável dos povos e comunidades tradicionais. A iniciativa inclui a devida atenção a boa parte dos espaços de religiões de matriz africana na defesa dos territórios, tão sagrado e cuidado. Um avanço no combate ao racismo religioso e ambiental, sem dúvidas.  

 

As ações de conscientização e mobilização da sociedade também são uma constante no nosso trabalho, a exemplo da campanha lançada este mês, intitulada “Respeito às diferenças. Essa é a crença”, em execução nas redes sociais do Governo do Estado. A campanha conta com cards e depoimentos de lideranças religiosas de diversos segmentos, podendo ser acompanhada nas páginas @SepromiBahia do Instagram e Facebook. Assim, com planejamento, estratégia e muito diálogo, vamos avançando na implementação do nosso Estatuto da Igualdade Racial e de Combate à Intolerância Religiosa, através de variadas frentes.  

 

Que a luta ancestral da nossa gente, inclusive de muitas e muitos que tombaram por esta bandeira, continue inspirando a caminhada coletiva. Vale registrar que o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, instituído em 2007, tem na yalorixá baiana Gildásia dos Santos, a Mãe Gilda de Ogum, a sua inspiração. Vítima da intransigência humana, um dos casos mais emblemáticos na luta contra o racismo e o ódio religioso no país. 

 

Para quem acredita na vida e na construção de um mundo melhor, esta caminhada não vai cessar. Não falamos de consentir ou aceitar, mas da promoção da liberdade e dignidade humana. Cabe trazer umas das falas mais belas da grande liderança religiosa, a nossa saudosa e eterna Makota Valdina Pinto: “Eu não quero que me tolerem, eu quero que respeitem o direito de ter minha crença”. 

 

Neste 21 de janeiro, portanto, fica a reflexão de que é momento de valorizar cada vez mais a riqueza do nosso país, a pluralidade de raças, de escolhas, de pensamentos e religiões. Desistir da vida, jamais! A diversidade da nossa gente, com seus saberes e fazeres, é nosso maior patrimônio!  

 

*Fabya Reis é titular da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial do Estado da Bahia (Sepromi)

 

*Os artigos reproduzidos neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do Bahia Notícias