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Kertzman: União cobra PMS e Estado sobre modal

Por (Evilásio Júnior)

 Foto: David Mendes/Bahia Notícias

Miguel Kertzman denuncia que governo federal enviou documentos para cobrar posição de governo e prefeitura

Na continuação da série de informações passadas ao Bahia Notícias pelo ex-coordenador municipal da Copa, Miguel Kertzman (ver aqui), uma grave denúncia aponta que o governo federal recebeu com estranheza a realização da Proposta de Manifestação de Interesse (PMI) pelo Estado. De acordo com ele, quando ainda respondia pelas ações para o Mundial de Futebol em Salvador, foi firmado um termo de compromisso entre as três esferas de poder e a Fifa, em que o projeto de modal apresentado para a cidade foi o de implantação do Bus Rapid Transit (BRT). O acordo teria sido feito sob a tutela de Dilma Rousseff, atual presidente da República, na época chefe da Casa Civil, e o então ministro das Cidades, Márcio Fortes, substituído justamente por Mário Negromonte, que anunciou as vias exclusivas para ônibus articulados como fato consumado. “Hoje, tem um grupo interministerial, coordenado pelo Planejamento (Miriam Belchior), que está responsável por isso. Já tem termos assinados, em que o projeto apresentado foi exatamente o BRT. Isso está configurado para o governo federal. Outras cidades, como Curitiba, por exemplo, tentaram mudar o que já tinha sido feito anteriormente, mas esse grupo que está coordenando a questão da mobilidade não aceita, porque senão não vai fazer em tão pouco tempo”, alertou.

PACTO - Miguel Kertzman argumenta que o governo do Estado “quebrou” o pacto sobre a decisão do transporte que teria sido escolhido como solução para a realização da Copa do Mundo em Salvador. “Como se não houvesse nada tratado no governo federal e precisasse começar do zero, não sei com que intuito”, inferiu. Para o ex-secretário, outro problema diz respeito à autonomia do Município. “A rigor, o governo do Estado não poderia fazer isso porque quem decide, em Salvador, é a prefeitura municipal, e não me consta que a prefeitura tenha assinado nenhum termo com o governo do Estado para delegar a decisão do modal. Tanto é que eu tenho notícias que o governo federal, em função dessa PMI, mandou um documento para o governo do Estado e para a prefeitura para assinarem e dizerem finalmente o que é, para ver o que um diz e o que o outro diz”, denunciou. Kertzman acusa ainda tanto governo do Estado quanto prefeitura de “se esforçarem” para maquiar a situação. “O imbróglio está armado e isso pode cair na mão de Ruy Barbosa para resolver. E aí a gente vai ter além do metrô, que tem uma caveira de burro, outra situação de caveira de burro. Eu me pergunto: ‘meu Deus, o que é que essa cidade tem que sempre acontecem grandes e interessantes projetos, mas não encaixam?’ Eu vejo até o esforço da prefeitura e do governo do Estado de não passar a público o que está acontecendo, mas o que está acontecendo nos bastidores é exatamente isso. Não tem como negar. E só o governo federal para desatar esse nó”, ponderou.

LOBBY - O ex-coordenador da Copa na prefeitura, Miguel Kertzman, ao se defender da possibilidade de ser agente de uma suposta campanha dos empresários de ônibus de Salvador, por defender o BRT, acusou o senador Walter Pinheiro (PT) de favorecer a outros conglomerados empresariais. O petista havia declarado, no Congresso, que “Para a implantação do VLT, precisamos vencer o lobby dos que defendem o sistema BRT”, o que desagradou Kertzman. “O lobby que eu acho que estão fazendo junto a ele é mais forte do que o lobby dos outros, porque aí você começa a jogar bosta na Geni, joga em todo mundo, porque todas as empresas financiam, inclusive a Odebrecht também, não é só o Setps (As duas entidades fizeram consórcio para implantação do BRT na PMI), como a Camargo Correia, Queiroz Galvão, a OAS, Metropasse, todas. Então, vamos discutir reforma política, não vamos discutir transporte. Não é um bom discurso para um senador da República. Todas aqui estão no mesmo problema. O mais fraquinho aqui é o Setps. O Setps pode fazer no varejo, mas as outras aqui fazem no atacado. Me dê meia OAS que eu não quero Setps”, rebateu. Sobre a iniciativa de levar todo o impasse a público, o ex-secretário justificou que desistiu de “ficar calado”. “Eu tinha optado ficar no meu silêncio sabático, no meu silêncio obsequioso, mas já passou um ano. Eu acho que é tempo suficiente para essa quarentena”, declarou. Vale lembrar que Miguel Kertzman, que é filiado ao PPS, em 2008, foi candidato a vice-prefeito na chapa de Antonio Imbassahy (PSDB) e apoiou Pinheiro no segundo turno contra João Henrique (então no PMDB), que, após ser reeleito, o abrigou na Transalvador e na Coordenação da Copa, mas o demitiu pouco tempo depois.