Orla: Projeto de revitalização segue na Justiça
Por (Evilásio Júnior)
Foto: Divulgação/Limpurb
Sem barracas, Orla segue na base do improviso
Enquanto os prefeitos de Salvador e Lauro de Freitas, João Henrique Carneiro (PP) e Moema Gramacho (PT), se digladiam devido à derrubada das barracas de Ipitanga, bairro dividido entre as duas cidades, o prazo para a implementação da revitalização da orla segue indefinido. De acordo com a Secretaria Municipal de Comunicação (Secom) da capital baiana, o projeto ainda está na fase de apreciação na Justiça Federal. O cenário atual é de abandono: sujeira, insegurança, desorganização, sombreiros improvisados e repulsa de moradores e turistas. “As praias estão muito sujas. Sem a estrutura que estávamos acostumados não é a mesma coisa. Não dá mais para comer um tiragosto com uma cervejinha. Era um lazer que Salvador tinha e não tem mais”, lamentou a banhista Lílian dos Santos. “Fora o risco que corremos com os fios desencapados embaixo da areia”, complementou o turista Gabriel Carvalho, ao lembrar o episódio em que a cadela do juiz corregedor, João Batista Alcântara, morreu eletrocutada.
Atraso - Como a prefeitura de Salvador sequer recebeu o retorno da proposta de revitalização da orla enviada à Justiça Federal, não há previsão para que a matéria seja encaminhada ao Legislativo. Antes de ser implementado, o projeto precisa ser apreciado e aprovado pelos vereadores, que se queixam do atraso no recebimento. “Infelizmente, tem atrasado tudo em Salvador e na Bahia. Acho que ainda vai demorar para chegar e para ser apreciado. Tem o Plano Diretor vindo para cá, tem as contas do prefeito. Enfim, vindo para a Câmara a gente vai ter que votar. O que não pode é a orla ficar desse jeito e Salvador perdendo turistas. Mais uma vez o Judiciário impede as coisas. As decisões, muitas vezes a gente não entende, têm que ser cumpridas, mas o pior é que os processos ainda são demorados”, criticou o líder do governo, Téo Sena (PTC). A oposição também questiona a demora no recebimento do projeto, mas ataca o fato de o Município ter apresentado, inicialmente, um projeto que requereu modificações. “A Câmara ainda não recebeu nada. Vamos aguardar o que o prefeito tem para apresentar. Soube que agora nem será mais PDDU e sim Lous (Lei de Ordenamento e Uso do Solo). Só fazem mudar o nome e nada acontece. Fica muito difícil essa situação da orla, completamente abandonada. Enquanto não recebermos o projeto, não temos como fazer debates com a sociedade. Moema já tem uma proposta, que compreende até o kartódromo, que foi apresentada muito antes de Salvador. Que a iniciativa dela sirva de exemplo”, criticou Marta Rodrigues, presidente do PT soteropolitano. 
Foto: Valdemiro Lopes
Presidente do PT de SSA, Marta Rodrigues reitera posição de oposição do partido a JH
Arranhão - O enfrentamento entre os prefeitos de Salvador e Lauro de Freitas, Moema Gramacho e João Henrique, arranhou a aliança entre os parceiros estaduais PT e PP e evidenciou uma antiga rivalidade a gestora metropolitana e os pepistas em Lauro de Freitas. Sobretudo com o deputado federal licenciado João Leão, ex-prefeito laurofreitense e atual chefe da Casa Civil soteropolitana. Em Salvador, apesar da sinalização de entendimento dada pelo líder da oposição, Henrique Carballal (PT), entre petistas e o Palácio Thomé de Souza, a relação também sofreu desgaste nesta terça-feira (26). “A nossa postura continua a mesma, de oposição. Se tem alguém migrando para o outro lado, aí é uma questão individual. Nós temos uma resolução aprovada por um quorum político e regimental”, alertou Marta Rodrigues. Com a proximidade das eleições municipais de 2012, outro fator que pode minar a parceria e respingar no Palácio de Ondina é a força do PP em Lauro de Freitas, cidade onde elegeu nomes como o do próprio Leão e Roberto Muniz, ex-secretário de Jaques Wagner e atual suplente do senador Walter Pinheiro (PT). O partido pretenderia voltar ao poder, mas não estaria nos planos de Moema. Militante histórica petista, ela, segundo informações de bastidores, já estaria a se articular para lançar uma chapa com o deputado federal Rui Costa (PT) e o ex-vereador Chico Franco (PDT).