Alexandre de Moraes procurou Galípolo para pedir pelo Master junto ao Banco Central
Por Redação
Os bastidores de Brasília estão sendo sacudidos por revelações sobre a atuação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em favor do Banco Master, instituição que sofreu liquidação extrajudicial pelo Banco Central (BC) em 18 de novembro.
Segundo informações publicadas inicialmente pelo jornal O Globo e confirmadas por diversos veículos, Moraes teria procurado o presidente do BC, Gabriel Galípolo, ao menos quatro vezes para pressionar pela aprovação da venda de carteiras de crédito do Master para o BRB (Banco de Brasília).
Os relatos apontam que, em julho deste ano, Moraes solicitou um encontro presencial com Galípolo. Na ocasião, o ministro teria afirmado que "gostava" de Daniel Vorcaro, dono do Master, e repetido a tese do banqueiro de que a instituição sofria perseguição dos grandes bancos por estar ganhando mercado.
A resposta de Galípolo teria sido técnica e contundente técnicos do BC haviam descoberto um rombo e fraudes de R$ 12,2 bilhões no repasse de créditos ao BRB. Diante da prova das irregularidades, o próprio ministro teria recuado, reconhecendo que a aprovação seria impossível.
Um dos pontos mais polêmicos do caso envolve o escritório de advocacia de Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro. Documentos revelaram que o escritório assinou um contrato de prestação de serviços com o Banco Master prevendo o pagamento de R$ 3,6 milhões mensais ao longo de três anos, cerca de R$ 130 milhões, representar o Master junto ao BC, Receita Federal, Cade e Congresso Nacional.
Apesar do contrato vultoso, consultas via Lei de Acesso à Informação (LAI) indicaram que o escritório nunca protocolou petições ou reuniões oficiais nessas autarquias em nome do banco.
Recentemente, o ministro Dias Toffoli avocou (puxou para si) as investigações sobre o Banco Master, que tramitavam na Justiça Federal, e decretou sigilo total no processo. Toffoli deu 30 dias para a Polícia Federal realizar oitivas com executivos e diretores do BC.
A movimentação causou apreensão entre técnicos do Banco Central, que temem intimidações. Em resposta, Gabriel Galípolo afirmou publicamente que a autarquia "documentou tudo”, reuniões, mensagens e decisões, para se blindar de pressões políticas e colaborar com a investigação.
Nesta última sexta-feira (19), o ministro Jhonatan de Jesus, do Tribunal de Contas da União (TCU), determinou que o BC envie, até esta terça (23), esclarecimentos detalhados sobre o processo de liquidação. A medida foi vista com estranheza no mercado, já que o TCU geralmente não atua em transações entre bancos privados, levantando suspeitas de mais uma camada de pressão sobre a autoridade monetária.
