Ivana admite tensão em votação sobre prisão de Binho Galinha e pondera: "Com mulher parece que é tudo mais difícil”
Por Leonardo Almeida / Eduarda Pinto
Em seu primeiro ano de gestão na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), a deputada Ivana Bastos (PSD) destacou que viveu momentos difíceis à frente da Mesa Diretora. Questionada pelo Bahia Notícias no balanço das atividades da Casa, a presidente evitou citar especificamente o processo de confirmação da prisão do deputado Binho Galinha, em outubro deste ano. À reportagem, Ivana disse apenas que “olha, sem nenhum vitimismo, mas com mulher parece que é tudo mais difícil”.
O procedimento emblemático protagonizado pela Assembleia Legislativa ocorreu no dia 9 de outubro, uma semana após a prisão do parlamentar na sede do Ministério Público estadual (MP-BA) em Feira de Santana. Como sinaliza o regimento do Legislativo, a AL-BA foi formalmente notificada para analisar as circunstâncias da prisão e o Conselho de Ética da Casa optou por levar a decisão para o plenário, que decidiu pela manutenção da prisão preventiva do deputado estadual Binho Galinha (PRD) em votação secreta.
Sobre o ocorrido, a presidente diz somente que o caso já foi avaliado pelo Conselho de Ética da Casa e “o Conselho que vai definir a situação, fizemos a nossa parte e respondemos a nossa parte”.
Na sequência, a parlamentar relembrou que sua gestão foi iniciada em meio a tensionamentos políticos e judiciais em decorrência da eleição de seu antecessor, Adolfo Menezes (PSD). O então presidente por dois mandatos foi eleito pela terceira vez para a gestão da Assembleia estadual e foi deposto do cargo após a abertura de uma ação judicial.
Correligionário de Ivana, a saída de Adolfo da Mesa Diretora abriu um precedente para negociações partidárias acerca de uma nova eleição, que culminou na vitória da atual presidente. Ela conta: “Começamos aí com o problema do Adolfo, sendo afastado para a gente chegar, para a gente impor a nossa posição. Foi muito tenso porque até hoje eu não entendo que não era da responsabilidade nossa, era da responsabilidade da justiça”, afirma.
Ela ressalta que, “aqui [na Assembleia] todos os dias é um desafio, uma dificuldade, uma pedra, mas a gente tem superado, porque 62 deputados tem sido parceiros”. “Eu sou 62 deputados e isso tem me deixado com essa tranquilidade”, sucinta.
“Não é uma casa subserviente ao governo. Então aqui nós votamos Defensoria Pública, Ministério Público, nós votamos TJ [Tribunal de Justiça], votamos projetos de governo e votamos projetos de deputados”, completa a presidente.
CASO BINHO GALINHA
O deputado estadual Kleber Cristian Escolano de Almeida, conhecido como Binho Galinha, foi preso no dia 3 de outubro após dois dias foragido da Polícia Federal. O parlamentar é acusado de liderar organização criminosa, com atuação principalmente na região de Feira de Santana.
Conforme as informações da Operação Estado Anômico, o grupo criminoso é responsável por delitos como lavagem de dinheiro, obstrução da justiça, jogo do bicho, agiotagem, receptação qualificada, comércio ilegal de armas, usurpação de função pública, embaraço a investigações e tráfico de drogas.
Ainda este mês, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) confirmou a prisão preventiva do deputado em uma decisão tomada por unanimidade pela Quinta Turma da Corte em sessão virtual entre 19 e 25 de novembro de 2025. No processo em questão, Kleber e outros dois suspeitos do mesmo grupo criminoso buscavam reverter decisões que mantêm suas prisões preventivas, mas o tribunal entendeu que nenhuma das solicitações apresentou ilegalidade evidente que justificasse uma possível intervenção na decisão.
