Lewandowski pede a partidos “triagem" contra candidatos ligados ao crime organizado em oitiva na CPI
Por Redação
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, fez um apelo público aos presidentes de partidos políticos para que realizem uma "triagem" rigorosa e barrem candidaturas de pessoas ligadas a facções criminosas. A declaração foi dada durante sua participação em uma sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI do Crime Organizado) no Senado, que busca mapear falhas estruturais no enfrentamento às facções.
Lewandowski enfatizou que a luta contra o crime não pode ser apenas repressiva, exigindo uma ação preventiva por parte das legendas. "Já fiz um apelo aos presidentes dos partidos. Só uma atitude repressiva não é suficiente, os presidente de partidos políticos têm a obrigação de fazer a triagem."
O ministro descreveu a expansão das facções como um "fenômeno novo e global", que exige uma "visão estrutural" e uma "ação cooperativa" das forças de segurança.
"É um crime que hoje está infiltrado até no setor político. Nas últimas eleições, juntamente com o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), nós fizemos um esforço para evitar e impedir que o crime se infiltrasse nas eleições municipais", afirmou.
Questionado sobre os gargalos na fiscalização das fronteiras brasileiras, que facilitam a entrada de drogas e armas, o ministro apontou a falta de recursos como o principal obstáculo, fazendo uma crítica direta à política fiscal do Governo Federal. "A resposta para essa questão é: Me perdoem o modo mais incisivo de colocar é dinheiro, dinheiro e mais dinheiro. Não se faz segurança pública sem dinheiro."
A audiência ocorreu uma semana após o promotor Lincoln Gakiya, especialista no combate ao PCC, detalhar à CPI como grupos criminosos utilizam brechas regulatórias para criar fintechs e operar no sistema financeiro sem a devida fiscalização do Banco Central ou comunicação ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
O relator da CPI, senador Alessandro Vieira (MDB-SE), questionou Lewandowski sobre o orçamento necessário para uma "virada de impacto" no combate ao crime. O senador citou sua proposta de criar um novo imposto sobre casas de apostas (bets), com potencial de gerar até R$ 30 bilhões por ano para serem destinados a inteligência, presídios federais e forças integradas.
Lewandowski respondeu que não há uma previsão de orçamento específico, mas elogiou a ideia de tributar as casas de apostas, medida que faz parte do projeto Antifacção de autoria de Vieira. O projeto, que busca um marco legal mais robusto no enfrentamento às organizações criminosas, ainda deve ser votado no Senado.
