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Países africanos pedem adiamento da meta global de adaptação climática e preocupam Brasil na COP30

Por Redação

Países africanos pedem adiamento da meta global de adaptação climática e preocupam Brasil na COP30
Foto: Bruno Peres/Agência Brasil

As negociações sobre a Meta Global de Adaptação (GGA, na sigla em inglês), considerada a principal decisão esperada da COP30, que será sediada em Belém, começaram com impasse. Países africanos propuseram adiar a definição dos indicadores de adaptação por dois anos, frustrando a expectativa de avanços rápidos nas tratativas que o Brasil considera prioridade de sua presidência na conferência.

 

O pedido foi apresentado em conversas preliminares na última terça-feira (11). A proposta prevê que a definição dos indicadores ocorra apenas em 2027, quando a conferência deve acontecer na Etiópia. O documento preliminar das negociações, ao qual a Folha teve acesso, reflete essa movimentação: não há menção ao número final de indicadores nem previsão de adoção imediata.

 

Segundo diplomatas ouvidos, o movimento pode ser uma estratégia política para testar o consenso entre os países. Ainda assim, a posição preocupa, já que adiar a implementação dos indicadores pode comprometer um dos eixos centrais do debate climático internacional.

 

A meta global de adaptação busca estabelecer formas de medir os esforços dos países para enfrentar os efeitos das mudanças climáticas, como ações para fortalecer a agricultura, infraestrutura e cidades diante de eventos extremos.

 

Quase dez anos após o Acordo de Paris, o mundo ainda não chegou a um consenso sobre como mensurar os avanços na adaptação. Inicialmente, uma lista com 5 mil possíveis indicadores foi reduzida para cerca de 100, mas o conjunto final ainda não foi acordado.

 

Durante reuniões preparatórias em Bonn, na Alemanha, países africanos sugeriram reduzir a lista para 20 indicadores. Agora, pedem o adiamento da implementação, alegando falta de recursos e capacidade técnica para aplicar as novas métricas sem apoio financeiro internacional.

 

“Se não for alcançado um acordo em Belém sobre os indicadores, todo o trabalho feito até agora pode se perder”, alertou Kristin Dreiling, assessora sênior de política internacional de clima da ONG The Nature Conservancy.

 

Além do bloco africano, países árabes já manifestaram apoio à proposta de adiamento, reforçando o risco de atraso na conclusão da GGA. O Brasil, por outro lado, busca garantir que o tema avance e seja formalizado até o fim da COP30, em 2025.

 

O rascunho atual do texto prevê diferentes opções de redação para pontos de discordância. Uma delas propõe apenas “tomar nota” da lista de indicadores e iniciar uma fase piloto de testes, linha que contempla a posição africana.

 

O financiamento da adaptação climática é outro ponto de disputa. Estimativas da ONU indicam uma lacuna de investimento de até US$ 339 bilhões (R$ 1,8 trilhão) por ano. Parte dos países defende uma meta específica de financiamento para adaptação, enquanto outros afirmam que os recursos já estão incluídos no novo fundo global de US$ 300 bilhões anuais, acordado na COP29, no Azerbaijão.

 

Alguns trechos do texto propõem inclusive “sem texto” para o capítulo de financiamento, ou seja, não abordar o tema, enquanto outra alternativa sugere triplicar os recursos destinados à adaptação, alcançando US$ 120 bilhões até 2030.

 

O Brasil, na condição de presidente da COP30, enfrenta o desafio de conciliar as demandas por financiamento com a necessidade de aprovar os indicadores de adaptação.

 

“Agir pela adaptação significa poupar vidas e recursos”, destacou Flávia Martinelli, especialista em mudanças climáticas do WWF Brasil. “Precisamos que a Meta Global de Adaptação seja prioridade e entregue resultados na COP30, com indicadores claros para monitorar o progresso dos países.”

 

As discussões sobre o texto preliminar devem começar nesta quinta-feira (13). Diplomatas avaliam que as próximas rodadas de negociação serão decisivas para definir se a COP30 conseguirá entregar um acordo histórico sobre adaptação climática.