Por unanimidade, Senado aprova projeto que eleva isenção do Imposto de Renda a quem ganha até R$ 5 mil
Por Edu Mota, de Brasília
Apesar de alguns protestos de parlamentares de oposição, principalmente por não terem tido espaço de apresentação de emendas, foi aprovado nesta quarta-feira (5), no plenário do Senado, por unanimidade, o projeto que eleva a faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil. O projeto agora segue para sanção presidencial.
O senador Carlos Portinho (PL-RJ), em nome da oposição, chegou a apresentar três destaques, para alterar pontos específicos do projeto. Entretanto, após negociação com o governo, Portinho decidiu retirar os destaques e possibilitou a votação unânime do projeto.
"Tivemos uma vitória do diálogo, do compromisso com o nosso país", bradou o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), sendo saudado por aplausos e gritos dos senadores.
No Senado, a proposta foi relatada por Renan Calheiros (MDB-AL), que decidiu não fazer alterações no texto elaborado na Câmara pelo deputado Arthur Lira (PP-AL). Assim como no Senado, o projeto havia sido aprovado na Câmara por unanimidade, com 494 votos favoráveis e nenhum contrário.
Renan vinha afirmando que poderia fazer alterações no texto aprovado na Câmara. Entretanto, após conversas com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, preferiu adotar uma estratégia que chamou de “pragmática”, inclusive rejeitando mais de 100 emendas apresentadas pelos senadores, como forma de evitar que o projeto retornasse à Câmara.
O projeto é considerado a principal prioridade do governo Lula neste ano de 2025. Caso o projeto não fosse aprovado até o dia 31 de dezembro, não teria efeitos para os contribuintes a partir do dia 1º de janeiro de 2026.
Além de ampliar a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês, o texto, de autoria do governo federal prevê ainda a redução gradual das alíquotas para quem ganha entre R$ 5 mil e R$ 7.350 mensais.
O relatório do senador Renan Calheiros foi aprovado pela Comissão de Assuntos Econômicos no final da manhã desta quarta, assim como um requerimento de urgência para ser votado em plenário. Para preservar o texto que veio da Câmara, o relator do projeto de lei decidiu fazer apenas ajustes na redação.
Durante a discussão do projeto na Comissão, alguns senadores discutiram mudanças no texto, principalmente em torno de medidas capazes de recompor perdas de arrecadação e para a correção anual da tabela de isenção. Para evitar atrasos, o senador Renan Calheiros já havia apresentado um projeto de lei para taxar as fintechs e casas de apostas conhecidas como bets.
Nesse projeto, ainda podem ser incluídas as emendas que não foram consideradas no projeto do Imposto de Renda. O relator da proposta, senador Eduardo Braga (MDB-AM), deve apresentar o seu parecer na semana que vem, e Renan Calheiros já agendou a votação dessa proposição para a próxima terça (5).
Para compensar a renúncia fiscal que haverá a partir do aumento na faixa de isenção do IR, o projeto prevê a tributação de lucros e dividendos na fonte para distribuições superiores a R$ 50 mil e a criação de um imposto mínimo de até 10% para pessoas de alta renda superior a R$ 600 mil por ano.
No plenário do Senado, na tarde desta quarta, diversos senadores discutiram o projeto. A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, participou da sessão representando o governo federal.
