Bahia realiza edição descentralizada da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia com foco em oceanos e clima
Por Ana Clara Pires
A Bahia sedia, a partir desta terça-feira (22), uma nova edição da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), uma das principais ações de popularização científica do país. Com o tema “Planeta Água: cultura oceânica para enfrentar as mudanças climáticas no meu território”, o evento terá atividades em mais de 25 municípios e marca um novo momento da política estadual voltada à difusão da ciência, conforme destacou o secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação da Bahia, Marcius Gomes.
Em entrevista ao Bahia Notícias, o secretário ressaltou que a SNCT 2025 integra uma agenda estratégica do governo federal, articulada à nova lei baiana de popularização da ciência, sancionada em maio deste ano — a primeira do tipo no país. “Há um reconhecimento do atual governo no sentido de valorizar ainda mais as experiências que surgem na escola, nas comunidades tradicionais, na academia e nas universidades. Hoje temos um instrumento normativo que orienta essa política em nível estadual”, explicou Gomes.
A edição baiana foi estruturada em três eixos principais: cultura oceânica, mudanças climáticas e o planeta água. As ações serão distribuídas por cidades de diferentes territórios de identidade, incluindo Juazeiro, Paulo Afonso, Camaçari, Ituberá, Cruz das Almas e Taperoá, entre outras.
Segundo o secretário, a descentralização é uma das prioridades do governo. “Nós temos buscado levar as atividades de ciência e tecnologia para além da capital. É uma estratégia de governo descentralizar essas ações e aproximá-las das realidades locais”, afirmou.
Em Camaçari, por exemplo, a escolha se deu por conta do litoral extenso e dos desafios ambientais da região, enquanto em Juazeiro, no norte do estado, o foco das discussões será a desertificação. “Reconhecemos que a Bahia, entre os estados da federação, tem o maior litoral, o que nos impõe o debate sobre a economia azul — que envolve pesca, transporte, bioeconomia marítima e outros setores. Ao mesmo tempo, precisamos refletir sobre a escassez de água no semiárido, as nascentes e o Rio São Francisco”, pontuou.
A Semana também servirá de palco para a instalação oficial do Comitê de Popularização da Ciência da Bahia, previsto na lei estadual. O ato está programado para ocorrer na quarta-feira (23), no Farol da Barra, com a presença do governador Jerônimo Rodrigues.
“A lei define mecanismos de acompanhamento e desenvolvimento de estratégias de popularização da ciência. Nenhum outro estado possui algo semelhante. Essa é uma conquista que reforça o compromisso da Bahia com a democratização do conhecimento”, destacou o secretário.
Entre as entregas previstas estão o lançamento do selo “Bahia Faz Ciência” e a divulgação de projetos financiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb). Segundo Gomes, os investimentos somam mais de R$ 60 milhões entre 2023 e 2025.
Além de palestras e exposições, a programação inclui oficinas, mostras de robótica, rodas de conversa com pescadores e marisqueiras, experiências imersivas em óculos 3D, e visitas ao Museu Náutico da Bahia, no Farol da Barra.
“O ambiente da ciência é um ambiente de criatividade e curiosidade. A ideia é aproximar as pessoas da pesquisa, mostrar que ela está presente no dia a dia e pode transformar realidades”, resumiu Gomes.
Segundo ele, a SNCT também valoriza o papel das escolas e universidades. “A educação básica tem se destacado na produção científica. São mais de dois mil projetos submetidos anualmente por estudantes e professores, muitos deles voltados a desafios locais. A ciência precisa estar onde o povo está”, concluiu.