Otto Alencar volta a defender fim das reeleições e cita escândalos na Câmara ao alertar para fragilidade da democracia
Por Francis Juliano / Gabriel Lopes
O senador Otto Alencar (PSD) voltou a defender mudanças no modelo de eleições no Brasil, que atualmente conta com pleitos a cada dois anos. Ele também pede o fim das reeleições para cargos do Executivo. A declaração foi feita ao comentar o debate antecipado sobre a conjuntura política da Bahia para as eleições de 2026.
Durante a entrevista, na sede da União dos Municípios da Bahia (UPB), Otto argumentou que o calendário eleitoral brasileiro sobrecarrega o processo político e prejudica a estabilidade institucional. Segundo ele, a alternância constante de pleitos e o foco em disputas eleitorais enfraquecem a democracia e desviam a atenção de temas administrativos.
“Antecipou o debate pelo seguinte, pode anotar aí: ninguém suporta mais eleição de dois em dois anos com reeleição. Se continuar, se não mudar como eu fiz lá na CCJ, botar a eleição de cinco em cinco anos para prefeito, governador e presidente, nós vamos continuar com eleição todos os anos. Eleição todos os anos”, afirmou o senador.
Otto destacou que já apresentou proposta semelhante na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, defendendo mandatos de cinco anos para prefeitos, governadores e presidente da República, sem possibilidade de reeleição. O parlamentar também disse ter conversado com o senador Davi Alcolumbre (União-AP) para pautar o tema.
“Eu já falei com o Davi [Alcolumbre] para botar para votar, que tem que acabar a reeleição e eleição de dois em dois anos. Só se fala em eleição, esse ano é um ano ímpar. E desde o início eu só sou procurado para saber da eleição. Quem vai ser o governador, quem vai ser o senador, eu não sei. Eu não sou adivinho, não tenho como adivinhar essa coisa”, acrescentou.
Ao tratar do cenário político nacional, o senador relacionou a frequência das eleições a uma possível fragilidade democrática. Ele mencionou que escândalos envolvendo a destinação de emendas parlamentares na Câmara dos Deputados têm contribuído para o desgaste das instituições.
“Se não acabar a eleição de dois em dois anos, a nossa democracia, que já é muito frágil e está ficando mais frágil ainda pelos movimentos da Câmara dos Deputados, nessa questão de emendas, que é uma coisa gravíssima, mas muito grave, toda hora pipoca, é muito grave”, declarou.
O parlamentar afirmou ainda que, se o modelo atual persistir, a instabilidade pode se aprofundar nos próximos ciclos eleitorais. “Se continuar assim, com a eleição de dois em dois anos, com esses escândalos todos, em 2030, 2034, pode fragilizar a democracia e derrubar a democracia, como foi em 1964. Coisa parecida com o que aconteceu”, disse.
Otto Alencar finalizou ressaltando que sua defesa pela mudança no sistema eleitoral é pautada por convicção pessoal e pela experiência política. “Então eu falo isso por muitos anos, falo com propriedade, até porque não faço parte desse clube que está sendo investigado. Então, a minha posição é de acabar com a eleição de dois em dois anos, com a reeleição, por exemplo, para o prefeito, o governador e o presidente da República”, concluiu.