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Lobista investigado na “Farra do INSS” gastou quase R$ 1 milhão em joias de luxo em seis meses, aponta Receita Federal

Por Redação

Lobista investigado na “Farra do INSS” gastou quase R$ 1 milhão em joias de luxo em seis meses, aponta Receita Federal
Foto: Agência Senado / reprodução

Em apenas seis meses, o lobista Danilo Berndt Trento desembolsou quase R$ 1 milhão na compra de peças de alta joalheria, segundo informações sigilosas enviadas pela Receita Federal à CPMI do INSS, no Congresso Nacional. Os gastos ocorreram entre 22 de dezembro do ano passado e 12 de junho deste ano, período que coincide com o avanço das investigações da Operação Sem Desconto, da Polícia Federal, que apura um esquema de fraudes conhecido como “Farra do INSS”.

 

De acordo com os registros, Trento comprou um anel de ouro com turmalina paraíba por R$ 380 mil, um par de brincos cravejados por R$ 361 mil e uma pulseira avaliada em R$ 215 mil. As duas últimas aquisições ocorreram no fim de 2024, enquanto o anel foi comprado em junho deste ano, já após a deflagração da operação.

 

A turmalina paraíba, pedra que adorna o anel, é uma das gemas mais valiosas do mundo. Originária da região de Patos (PB), no sertão do estado, a pedra verde-azulada pode atingir o valor de US$ 100 mil por quilate, devido à sua raridade e ao efeito de coloração provocado pela oxidação do cobre.

 

Além das joias, Trento ostentava um padrão de consumo elevado. Em fevereiro de 2023, comprou uma aliança da Cartier por R$ 79,5 mil. No fim do ano passado, adquiriu cinco camisas polo da grife Hugo Boss por R$ 9,5 mil. Já em janeiro de 2025, pagou R$ 1,1 mil em um jantar no B Hotel, em Brasília.

 

As investigações da Receita Federal identificaram transferências que somam R$ 1,095 milhão feitas pelo empresário Maurício Camisotti a Trento. Dentista de formação, Camisotti é apontado como um dos principais articuladores da “Farra do INSS”, esquema que usava entidades de fachada para realizar descontos indevidos em aposentadorias e pensões.

 

Relatórios de inteligência financeira mostram ainda que Trento recebeu, apenas em 2025, cerca de R$ 12,6 milhões em uma conta bancária e R$ 1,7 milhão em outra. Os valores movimentados chamaram a atenção dos investigadores por apresentarem entrada e saída de recursos na mesma proporção, o que é característico de operações de lavagem de dinheiro.

 

A principal fonte de recursos identificada pela Receita Federal é a empresa T5 Participações LTDA, responsável por transferir R$ 11,6 milhões para Trento. O histórico da empresa é considerado suspeito pelos investigadores.

 

Constituída em março de 2020 como uma hamburgueria chamada Burgueragem, na Zona Norte de São Paulo, a T5 tinha capital inicial de apenas R$ 20 mil. Em novembro de 2022, Trento comprou a empresa, mudou sua razão social, aumentou o capital para R$ 1 milhão e alterou o endereço da sede.

 

Em março de 2024, ele deixou o quadro societário, repassando a titularidade a Francine da Rosa, uma mulher residente em Tubarão (SC), que vivia em uma casa simples e foi beneficiária do Bolsa Família e do Auxílio Brasil até dezembro de 2022. Atualmente, Francine aparece como única sócia da empresa que pagou milhões ao lobista.

 

Danilo Berndt Trento já era conhecido das autoridades. Em 2021, ele foi investigado pela CPI da Covid-19, no Senado Federal, por suspeitas de corrupção e intermediação de contratos durante a gestão da pandemia pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

 

Agora, volta ao centro das apurações em um novo esquema de movimentação financeira suspeita, que envolve entidades previdenciárias, empresas de fachada e transações milionárias sem lastro econômico.

 

As informações detalhadas pela Receita Federal foram enviadas à CPMI do INSS e devem subsidiar novos pedidos de quebra de sigilo e oitivas de envolvidos no caso.