Banco Central barra compra do Banco Master pelo BRB após identificar riscos sistêmicos
Por Redação
O Banco Central (BC) rejeitou operação de aquisição do Banco Master pelo BRB, instituição financeira controlada pelo governo do Distrito Federal. A decisão foi comunicada na noite desta quarta-feira (3) às partes após o fechamento do mercado, sem detalhar de imediato os fundamentos técnicos que levaram ao indeferimento.
O negócio, anunciado em março, previa que o BRB assumisse 58,04% do capital social total do Master — sendo 49% das ações ordinárias e 100% das preferenciais. Desde então, a operação passou por várias reduções a pedido do BC. A versão final contemplava a incorporação de aproximadamente R$ 24 bilhões em ativos do Master, metade do previsto inicialmente, e excluía a participação de Daniel Vorcaro, dono do Master, do controle do futuro conglomerado.
Apesar das alterações, a autoridade monetária manteve preocupações com riscos de corresponsabilidade do BRB diante da sucessão de Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) emitidos pelo Master. O banco privado enfrenta dificuldades de liquidez e sustenta passivos elevados, amparados pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC).
Segundo o balanço de 2024, o Master tinha R$ 12,4 bilhões em CDBs a vencer até o fim do ano, frente a R$ 18,3 bilhões em ativos disponíveis para o mesmo período. O estoque total de CDBs e CDIs alcançava R$ 49,8 bilhões. Embora o FGC dispusesse de R$ 107,8 bilhões em liquidez até junho, a quebra do Master representaria risco relevante para o sistema financeiro, uma vez que a estratégia do banco baseava-se em oferecer rendimentos acima da média do mercado para atrair investidores.
Segundo o "O Globo", fontes próximas à operação apontam que, mesmo após ajustes no desenho da aquisição, o BC avaliou que persistiam riscos excessivos. O BRB já solicitou acesso às justificativas formais para definir os próximos passos e não descarta tentar uma nova proposta, com ajustes que mitiguem as preocupações do regulador.