União Brasil deixou governo após desgaste com Lula e cobrança por apoio no Congresso, diz colunista
Por Redação
O rompimento do União Brasil com o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi resultado de uma sequência de desgastes entre o Palácio do Planalto e o presidente da legenda, Antonio Rueda. A relação, que já era frágil, azedou de vez após cobranças diretas do presidente da República aos ministros da federação União-PP.
Na semana passada, em reunião com 38 ministros, Lula afirmou abertamente que não gosta de Rueda — e que o dirigente também não gosta dele. No mesmo encontro, cobrou que os ministros Celso Sabino (Turismo) e André Fufuca (Esporte) defendessem o governo, caso desejassem permanecer nos cargos.
A insatisfação foi agravada pelo único encontro presencial entre Lula e Rueda, em 26 de junho, um dia depois de o governo sofrer dura derrota na Câmara com a derrubada do decreto que regulamentava o IOF. A reunião foi marcada por críticas de Lula à falta de apoio do partido no Congresso e pela cobrança de Rueda em relação à condução da política fiscal.
O clima piorou ainda mais quando, já no fim da conversa, Lula perguntou sobre Luciano Bivar, inimigo político de Rueda e ex-presidente do União Brasil. A lembrança soou como uma provocação, visto que Rueda e Bivar travaram uma disputa acirrada pelo comando do partido, marcada por acusações e ameaças mútuas.
Sem espaço para recomposição, União Brasil e Progressistas anunciaram, nesta terça-feira (2), o desembarque do governo. Os ministros indicados pelas duas siglas deverão entregar os cargos até o fim de setembro.
Em reação, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, declarou que "ninguém é obrigado a ficar no governo", mas reforçou que, quem permanecer, precisa apoiar as pautas do Planalto.