Incentivada por Janja, Margareth Menezes prepara candidatura a federal e movimenta setor cultural por votos
Por Mauricio Leiro
As já disputadas cadeiras para representar a Bahia na Câmara dos Deputados, em Brasília, deve ganhar um novo nome em breve. Com diversas pré-candidaturas ligadas ao governo e a oposição já definidas, o Partido dos Trabalhadores deve ganhar mais uma "jogadora": a ministra da Cultura Margareth Menezes.
Ainda sem comentar o assunto, existe uma forte tendência de que a atual ministra confirme seu nome na disputa, movimentando ainda mais o cálculo eleitoral do PT, incluindo as legendas que podem permanecer federadas com a sigla, o PCdoB e o PV. O primeiro "ensaio" da ministra na disputa foi revelado pelo articulista político Victor Pinto, ao indicar a possibilidade de uma candidatura.
Dentro do PT, duas correntes ainda acompanham o processo de candidatura da ministra. Um dos campos ainda analisa com cautela o movimento, já que a chegada de um nome de “expressão” para a disputa, poderia impactar diretamente nas contas de outras candidaturas. A defesa seria manter Margareth no debate público, ampliando o impacto da ministra no campo político e projetar uma candidatura em outra eleição, até em 2030. Apesar disso, outra vertente incentiva a ministra ir à disputa.
Internamente, com os mais próximos, “Maga” ainda não sinaliza com firmeza a candidatura. Porém, um novo elemento pode impactar diretamente na decisão da ministra, já que a primeira-dama, Janja da Silva, tem influenciado o processo. Um projeto para a formação de uma “bancada de Janja” tem sido articulado e, o movimento, incluiria Margareth Menezes. Janja estaria, nos bastidores, incentivando algumas ministras a disputarem uma vaga na Câmara, incluindo também Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial do Brasil, e Macaé Evaristo, ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania do Brasil.
Como “aceno recente”, Janja esteve em Salvador, prestigiando a celebração dos 20 anos da Fábrica Cultural, fundação ligada a Menezes, onde reforçou apoio ao empreendedorismo feminino na Bahia. O evento, ocorrido em agosto, também serviu para aproximar ainda mais Margareth do desejo de Janja no incentivo à candidatura.
Apesar disso, a política tem um tempo próprio. Lideranças petistas no estado tem sinalizado uma certa cobrança para uma definição sobre a candidatura da ministra. “Ela está ainda na indefinição. Mas, hoje, muito mais inclinada a ser [candidata]. Na política existe uma cobrança para a definição. No PT [a vaga para federal] vai ser disputada”, indicou um aliado próximo à ministra.
Mesmo com o “desafio” de angariar votos, a ministra também olha para concorrentes internos que podem fazer seu "voto de opinião" minguarem. Como exemplo, a candidatura de Olívia Santana (PCdoB), dentro da Federação, poderia dificultar o recebimento de votos na capital baiana. Dentro do PT, outro nome ainda pode dificultar a vida da ministra, pela ligação com o voto feminino: Moema Gramacho. A ex-prefeita de Lauro de Freitas ainda não sinalizou pela candidatura.
Com isso, a ideia de ter Margareth na chapa também tem impulsionado algumas lideranças a repensar o futuro. Com o voto mais ligado as pautas culturais, a ministra pode realocar outra candidatura, no caso, a da atual presidente da Funarte, a ex-vereadora de Salvador Maria Marighela.
Candidata a deputada em 2022, Marighella estava articulando sua candidatura no próximo ano, pensando na manutenção dos 53.364 votos que conseguiu na última eleição federal. Porém, com o movimento de Margareth, a atual gestora da Funarte já teria se conformado em pleitear uma vaga na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) onde existiria uma maior possibilidade de êxito na eleição, também contando com uma “dobradinha” com a ministra. Além disso, após deixar a Câmara de Salvador, seu "impacto eleitoral" não seria o mesmo.
CENÁRIO DIFÍCIL
Ainda que conte com o apoio de Janja na disputa e tenha o Ministério da Cultura para alavancar votos, a ministra Margareth não deve ter facilidade em se eleger, caso decida ir para o pleito. A leitura feita por alguns líderes do grupo petista na Bahia é que, para conseguir pensar em um mandato como deputada federal, em 2026, a ministra terá que dispor de pelo menos 100 mil votos.
Para conseguir um desfecho positivo, a ministra também estaria contando com um reforço local: o secretário de Cultura Bruno Monteiro. A "amplitude" da campanha de Margareth poderia ser impactada pelo direcionamento de Monteiro, que detém a relação no interior do estado com gestores culturais, conselheiros e lideranças ligadas ao setor. Em 2022, o próprio Bruno Monteiro fez uma forte atuação para a campanha de Marighella, podendo agora também auxiliar a "dobradinha cultural" no pleito.