Instituto Marielle Franco divulga pesquisa inédita sobre violência política digital contra mulheres negras
Por Redação
O Instituto Marielle Franco (IMF) lança nesta quarta-feira (27), às 19h, no salão nobre da Câmara dos Deputados, a pesquisa inédita “Regime de ameaça: a violência política de gênero e raça no âmbito digital (2025)”, que traz dados alarmantes sobre a gravidade e a sistematicidade dos ataques sofridos por mulheres negras no cenário político brasileiro.
Segundo o estudo, a violência política digital não ocorre de forma isolada, mas segue um padrão coordenado. Entre os casos mapeados, 71% das ameaças envolveram morte ou estupro, enquanto 63% das ameaças de morte faziam referência direta ao assassinato de Marielle Franco. O levantamento aponta que o feminicídio político da vereadora, em 2018, é constantemente transformado em símbolo e advertência brutal às mulheres negras que buscam disputar espaços de poder.
A pesquisa mostra ainda que as principais vítimas são mulheres negras cis, trans, travestis, LGBTQIA+, periféricas, defensoras de direitos humanos, parlamentares, candidatas e ativistas. A sistematização dos dados foi feita a partir de atendimentos realizados pelo próprio Instituto Marielle Franco, em parceria com o Instituto Alziras, o portal AzMina, o coletivo Vote LGBT e o centro de pesquisa InternetLAB, além de informações da Justiça Global e da organização Terra de Direitos.
“São mulheres que carregam, na vida e na luta, a base que sustenta este país, mas seguem invisibilizadas. A violência que atinge cada uma delas é também uma violência contra a democracia”, afirmou Luyara Franco, diretora executiva do IMF e filha de Marielle.
O relatório também apresenta recomendações, como a criação da Política Nacional de Enfrentamento à Violência Política de Gênero e Raça, que deverá orientar medidas do Estado, do Legislativo, da sociedade civil e das plataformas digitais para garantir proteção às mulheres negras na política.
De acordo com Luyara, o levantamento comprova que a violência política digital contra mulheres negras “não é isolada, mas parte de um sistema que busca afastar essas mulheres da vida pública”. Ela reforçou que o objetivo é transformar o estudo em ferramenta de ação: “Queremos que essa publicação sirva de base para ações concretas de proteção e para responsabilizar agressores e plataformas digitais. Nosso compromisso é com a memória, a justiça e a construção de um país em que as mulheres possam existir e disputar espaços políticos sem medo”.