Bahia avança em número de matrículas em creches, mas continua abaixo da média nacional em taxa de atendimento
Por Ana Clara Pires
A Bahia registra 36,9% de taxa de atendimento a crianças de 0 a 3 anos na educação infantil, ocupando a 16ª posição no ranking nacional, de acordo com dados de 2024 da Pnad Contínua e do Censo Escolar, compilados pelo Todos Pela Educação. O índice está abaixo da média nacional de 41,2% e distante da meta do Plano Nacional de Educação (PNE), que prevê pelo menos 50% desse público matriculado até o fim deste ano.
O levantamento também indica que, quando se trata especificamente de crianças de 0 e 1 ano, a cobertura na Bahia é ainda mais baixa: apenas 8,3%, o que coloca o estado no 19º lugar entre as 27 unidades federativas.
Em números absolutos, a Bahia aparece melhor posicionada. O estado é o quinto do país com mais matrículas em creches, 240.540 em 2024, atrás apenas de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Paraná. Esse volume representa um crescimento de 20,9% em relação a 2019, antes da pandemia, e reflete um esforço de expansão, embora insuficiente para reduzir as desigualdades no acesso.
Quando se analisa a dificuldade de acesso, 26,7% das crianças baianas de 0 a 3 anos estão fora da creche, o que corresponde a cerca de 220,5 mil crianças. Esse índice coloca a Bahia em nono lugar no país, mostrando que o desafio de ampliar a cobertura ainda é expressivo.
O recorte por capitais reforça o cenário de desigualdade. Salvador tem 35.447 matrículas em creches, ocupando a sexta posição entre as capitais brasileiras. No entanto, a capital baiana enfrenta um dos piores índices de exclusão: 36,1% das crianças dessa faixa etária não têm acesso, o quinto maior percentual entre as capitais. No ranking de taxa de atendimento por capital, Salvador está apenas na 19ª posição.
No contexto nacional, as diferenças regionais são marcantes. São Paulo e Santa Catarina são os únicos estados com taxa de atendimento superior a 50%, enquanto no Amapá o índice não chega a 10%. As desigualdades também são socioeconômicas: entre as famílias mais pobres, apenas 30,6% das crianças de até 3 anos frequentam creches, enquanto entre as mais ricas o índice sobe para 60%.