Proprietários da boate Jet Set são presos após desabamento que matou 236 pessoas na República Dominicana
Por Redação
Dois meses após o trágico desabamento do teto da boate Jet Set, em Santo Domingo, na República Dominicana, que resultou na morte de 236 pessoas e feriu mais de 150, os proprietários do estabelecimento foram presos por suspeita de negligência e omissão. O caso, que comoveu o país e repercutiu internacionalmente, ganha contornos mais graves com o avanço das investigações conduzidas pelo Ministério Público dominicano.
Antonio Espaillat, empresário influente do setor de entretenimento no país, foi preso preventivamente na última quinta-feira (12), enquanto sua irmã, Maribel Espaillat, teve prisão domiciliar decretada. A promotora Yeni Berenice Reynoso, responsável pelo caso, afirma que os irmãos agiram com "irresponsabilidade sistemática" ao realizar intervenções estruturais na boate sem respaldo técnico e sem as devidas licenças legais.
Segundo relatório técnico do Escritório Nacional de Avaliação Sísmica e Vulnerabilidade de Infraestruturas e Edifícios (Onesvie), o edifício original, projetado para funcionar como cinema, foi convertido em boate em 1994, o que exigiu adaptações significativas. No entanto, o estudo aponta que os reforços realizados ao longo dos anos, como a instalação de sistemas de som, iluminação, ares-condicionados e compressores, sobrecarregaram o teto sem qualquer planejamento adequado.
Embora Antonio Espaillat tenha declarado que a reforma não adicionou peso significativo à estrutura, o laudo técnico contradiz essa versão e afirma que os reparos e modificações foram realizados de forma precária e sem base técnica. Além disso, o relatório indica que sinais de alerta, como quedas de destroços, foram ignorados pelos administradores horas antes da tragédia, evidenciando que o colapso poderia ter sido evitado.
A promotoria também acusa os irmãos de tentativas de manipular ou intimidar possíveis testemunhas, além de não cumprir com exigências legais básicas para o funcionamento do espaço. O Ministério Público alega que a Jet Set operava sem licenças para os reparos realizados, o que contribuiu diretamente para o desastre ocorrido durante um show do cantor Rubby Pérez, que também faleceu no local.
O caso expõe falhas graves na fiscalização de casas noturnas e levanta questionamentos sobre a responsabilidade de empresários que operam espaços de grande aglomeração pública sem seguir normas de segurança estrutural. A prisão dos Espaillats marca um importante capítulo na busca por justiça para as vítimas e reforça a pressão por uma regulamentação mais rigorosa para estabelecimentos similares no país.