Peritos criminais rebatem técnicos e dizem que números de matéria trazem “interpretação incorreta dos dados”
Por Anderson Ramos
O Sindicato dos Peritos Criminais da Bahia (ASBAC) rebateu os dados apresentados em reportagem publicada pelo Bahia Notícias que mostra disparidade entre os laudos periciais de papiloscopia emitidos em Salvador e no interior do estado.
Segundo os números divulgados, em 2022, a capital, que tem 2,5 milhões de habitantes segundo o Censo de 2023, emitiu 232 laudos periciais de papiloscopia. Feira de Santana, com 616 mil habitantes, o segundo município mais populoso do estado, registrou 603.
Já em Ilhéus, no litoral Sul baiano, no ano passado foram emitidos 573 laudos. A cidade tem 178 mil habitantes. A disparidade entre capital e interior se repete quando entram na comparação Alagoinhas (358), Itaberaba (340), Senhor do Bonfim (273), Juazeiro (246) e Camaçari (245). Todos estes municípios possuem menos de 300 mil habitantes.
De acordo com a ASBAC, após uma revisão detalhada, foi identificado que houve uma interpretação incorreta dos dados, resultando em uma comparação desigual entre as estatísticas de Salvador e dos interiores do Estado.
“Em Salvador, a fonte utilizada coletou apenas os números relacionados a cenas de crime, enquanto no interior foram somados os laudos referentes a locais de crime e de necro papiloscopia (com números fornecidos pelo IML)”, disse a instituição em nota.
“Ao considerar as impressões coletadas tanto por Pedro Mello (232) quanto pelo Instituto Médico Legal (IML), o total de coletas na capital baiana ultrapassa 4.500 laudos. Da mesma forma, se aplicarmos a lógica utilizada para Alagoinhas exclusivamente em locais de crime, ao invés de 358, o número real de coletas seria de apenas 9, o que representa uma diferença substancial na informação divulgada”, diz mais um trecho do comunicado.
TRABALHO DOS TÉCNICOS
A referida matéria mostra algumas das dificuldades enfrentadas pelos peritos técnicos papiloscopistas na Bahia. Para poder exercer a plenitude da função, os profissionais precisam recorrer à Justiça. O Sindicato dos Peritos Técnicos da Bahia (Sindpep), enviou uma série de mandados de segurança ao Poder Judiciário para que os profissionais possam emitir laudos periciais.
Os papiloscopistas denunciam que não são autorizados a colher impressões digitais em locais de crimes, o que pode dificultar a elucidação de transgressões das mais variadas, indo de violações a patrimônios até homicídios.
Conforme a determinação que rege a Polícia Civil baiana, a categoria serve de auxiliar e é subordinada ao perito criminal, ao perito médico legista e ao perito odonto-legal, na execução de exames e perícias.
O presidente da ASBAC, Leonardo Fernandes, diz que não há disputa entre as categorias e nem conflito entre as classes. "Não há desarmonia. O que acontece que muitas vezes é que os membros classistas podem estar mais exaltados e acabam falando um pouco a mais, esquecem ou por qualquer outro motivo, não colocam os números que deveriam ter sido colocados da forma correta. Mas garanto que existe sim um trabalho de perícia complexo aqui em Salvador. A perícia da Bahia sempre foi reconhecida nacionalmente por sua capacidade técnica e científica", pontuou Fernandes.